Franciscanismo

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Santa Clara e o hálito da Santidade


Hoje no calendário da igreja se comemora o dia de Santa Clara de Assis. Muitos vêem nessa grande e santa mulher, uma coadjuvante da obra de São Francisco, no entanto sua importância vai muito além disso.
            Clara foi uma mulher muito rica, cujos olhos nunca perderam o foco no amor divino. Numa época em que a mulher se limitava a preparar-se para um bom casamento, Clara pensava em algo mais. Sentia em seu coração um chamado que foi se clarificando até o momento em que “um jovem louco de Assis” iniciou o que seria um dos movimentos que mais arejou e transformou a igreja de Cristo. Ao desnudar-se diante do Bispo de Assis e declarar que daquele dia em diante teria como único pai aquele que está nos céus, Francisco desnudou também o coração de Clara para as verdades eternas. Foi apenas uma questão de tempo até que Clara seguisse os passos do “pobrezinho” e se juntasse a ele no sonho de uma vida cristã simples, focada nos olhos do outro e tendo os mais pobres como referência maior.
            No entanto, Clara não apenas aderiu ao chamado de Cristo através do novo carisma nascente, ela tornou-se uma importante bússola para o movimento, apoiando São Francisco em seus momentos mais difíceis. Foi ela aquela que o fortaleceu na tarefa de consolidar o carisma franciscano, sugerindo que Francisco continuasse itinerante, ao invés de recolher-se a clausura, não abandonando a contemplação, mas tendo o mundo como igreja. Foi ela aquela que o apoiou e fortaleceu quando Francisco, em profunda crise, achava que sua vocação era equivocada e que havia errado em tudo.
 Sobre esse aspecto, é bom que se diga que costumamos ver os santos como pessoas que já nascem com a aura da pureza e santidade, desconsiderando os imensos sacrifícios que fazem para alcançar os méritos que hoje reverenciamos nos altares. A vida de São Francisco e de Santa Clara costuma ser cercada de romantismo, como se eles fossem pessoas imaculadas, cuja vida fosse marcada por grande luz, do começo ao fim. No entanto, quando nos debruçamos sobre as suas histórias, imunizados de um olhar desatento, percebemos que ambos viveram momentos de insegurança, de dúvida, incompreensão e dor.
            Quando apenas percebemos o aspecto da santidade sem perceber a nuance humana que o permeia, tendemos a ser intolerantes e duros. Olhar o santo ou a santa com um ser humano em processo intenso rumo à experiência divina, tendo no percurso, altos e baixos, alegrias e tristezas, milagres e silêncio é de suma importância para que aprendamos a seguir os seus passos rumo a Cristo com mais tolerância e amor cristão.
            Francisco teve em Clara um suporte seguro para trilhar o seu duro caminho e ela, considerando-se uma humilde plantinha de seu jardim, percebeu a importância de seguir os seus passos, sem perder o foco maior que é Jesus.

Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 2011. Dia de Santa Clara de Assis.

Paz e bem!

Frei Sidney Pinto Guedes

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