Franciscanismo

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quem é o dono do cachorro?

Recentemente, um Bispo Anglicano muito querido me relatou um fato que merece as reflexões que buscarei fazer agora neste singelo artigo: contou-me que num evento teológico promovido pela Igreja Presbiteriana, vários Reverendos discutiam assuntos relevantes de ordem doutrinária, quando um jovem trazendo um cachorro Pastor Alemão junto consigo perguntou: - alguém poderia dizer quem é o dono do cachorro? Todos ficaram constrangidos com a intromissão do rapaz que novamente insistiu com a mesma pergunta. Em seguida, uma pessoa da reunião retirou o jovem e o cachorro do local para que os temas teológicos e relevantes voltassem a ser desenvolvidos. No dia seguinte, dando continuidade ao evento um dos pastores presentes fez uma reflexão significativa que nos faz pensar profundamente o papel da igreja na vida humana. Disse ele: - Enquanto nós ficamos aqui discutindo temas que julgamos fundamentais para a fé, o povo lá fora quer realmente saber quem é o dono do cachorro.
Tal acontecimento, muito embora pareça de importância relativa, em minha opinião, carrega em si o cerne da questão. Está à igreja respondendo as perguntas feitas por aqueles que freqüentam e congregam em seus espaços? Tem ela, escutado realmente os clamores que pululam em seu entorno ou está, numa visão egocêntrica, achado-se portadora de toda a verdade sem levar em conta aquilo que acontece para além de seus muros e para além de seus textos sagrados? Saber quem é o dono do cachorro é estar atento as vozes excluídas e roucas que nos indicam diariamente a trilha real do Evangelho. Que nos mostram que no clamor do povo estão os questionamentos teológicos, pautados na realidade, que devem realmente nortear nossas reflexões e atuações propositivas. Uma igreja que fale ao povo a partir de uma realidade que nasce dos olhos e cordas vocais desse mesmo povo é hoje essencial, para que possamos nos imunizar de leituras fundamentalistas e distanciadas daqueles a quem realmente o Evangelho é e deve ser direcionado.o
Dom Theófilo Leo