Franciscanismo

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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Escritos de São Francisco e Santa Clara

CAPÍTULO 13
ESCREVE A REGRA QUANDO TEM APENAS ONZE IRMÃOS. O PAPA INOCÊNCIO A
CONFIRMA. VISÃO DA ÁRVORE
32. Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor aumentava cada dia o seu número, escreveu para si e para seus irmãos, presentes e futuros, com simplicidade e com poucas palavras, uma forma e Regra de vida, sendo principalmente expressões do santo Evangelho, pois vivê-lo perfeitamente era seu único desejo. Acrescentou, contudo, algumas poucas coisas, absolutamente necessárias para o andamento da vida religiosa.
Por esse motivo foi a Roma com todos os referidos irmãos, desejando ardentemente que o Papa Inocêncio III confirmasse o que tinha escrito. Achava-se naquela ocasião em Roma o venerável bispo de Assis, Guido, que estimava muito São Francisco e todos os seus irmãos, e os venerava com particular afeto. Vendo ali São Francisco e seus Irmãos, e. desconhecendo o motivo, não gostou. Temia que quisessem abandonar sua terra, onde o Senhor já começara a fazer grandes coisas por meio de seus servidores. Gostava muito de ter esses homens de valor em sua diocese e esperava muito de sua vida e seus bons costumes. Mas quando soube a causa e compreendeu o verdadeiro motivo, alegrou-se muito no Senhor e lhes prometeu seu apoio e influência. Além disso, dirigiu-se São Francisco ao senhor bispo de Sabina, chamado João de São Paulo, que se destacava entre os outros príncipes e dignidades da Cúria Romana por “desprezar as coisas terrenas e aspirar às celestiais”. Este o recebeu com “bondade e caridade” tendo apreciado muito sua resolução e seus projetos.
33. Entretanto, como era homem prudente e discreto, interrogou-o sobre muitos pontos e tentou persuadi-lo a passar para a vida monástica ou eremítica. Mas São Francisco recusou com humildade e quanto lhe foi possível esse conselho, sem desprezar os argumentos, mas por estar piedosamente convencido de que era conduzido por um desejo mais elevado. Admirava-se o prelado com seu fervor, e temendo que fraquejasse em tão altos propósitos, mostrava-lhe caminhos mais fáceis. Afinal, vencido por sua constância, anuiu a seus rogos e procurou promover seus negócios diante do Papa.
Regia a Igreja de Deus naquele tempo o Papa Inocêncio III, homem ilustre, muito rico em doutrina, celebérrimo orador e muito zeloso da justiça em tudo que se referia ao culto da fé cristã. Informado do desejo daqueles homens de Deus, depois de refletir, aceitou o pedido e deu-lhe despacho. Tendo-lhes feito muitas exortações e admoestações, abençoou São Francisco e seus Irmãos e lhes disse: “Ide com o Senhor, Irmãos, e conforme o Senhor se dignar inspirar-vos, pregai a todos a penitência. Quando o Senhor vos tiver enriquecido em número e graça, vinde referir-me tudo com alegria, e eu vos concederei mais coisas do que agora e vos encarregarei com segurança de cargos maiores”. Na verdade, o Senhor estava com São Francisco, onde quer que ele fosse, alegrando-o com revelações e animando-o com benefícios. Certa noite, viu-se em sonhos andando por um caminho, ao lado do qual havia uma árvore de grande porte.
A árvore era bela e forte, grossa e muito alta. E aconteceu que, estando a admirar sua beleza e altura, o próprio santo tornou-se de repente tão alto que tocava o cimo da árvore e com suas mãos conseguia vergá-la facilmente até o chão. De fato, foi o que aconteceu quando Inocêncio III, a árvore mais alta e mais respeitável do mundo, se inclinou com tanta benignidade ao pedido e à vontade de Francisco.
Fonte: Vida I de Tomás de Celano

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