Franciscanismo

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sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Fioretti

S. Francisco, querendo humilhar Frei Masseo, a fim de que, pelos muitos dons e graças que Deus lhe dava, não chegasse à vanglória, mas pela virtude da humildade crescesse de virtude em virtude, numa ocasião em que ele vivia em um convento solitário com aqueles seus primeiros companheiros verdadeiramente santos, dos quais um era Frei Masseo, disse um dia a Frei Masseo diante de todos os companheiros: "O Frei Masseo, todos estes teus companheiros têm a graça da contemplação e da oração; mas tu possuís a graça da pregação da palavra de Deus, para satisfazer o povo: e, portanto, quero, a fim de que os outros se possam entregar à contemplação, que faças ofício de porteiro, de esmoleiro e de cozinheiro; e quando os outros irmãos comerem, comeras fora da porta do convento, de sorte que os que chegarem ao convento, antes de baterem, os satisfaças com algumas boas palavras de Deus; de sorte que não haja necessidade de outra pessoa ir à porta a não ser tu: e isto o faças pelo merecimento da santa obediência".Então Frei Masseo tirou o capuz e inclinou a cabeça, e humildemente recebeu e executou esta obediência durante alguns dias, desempenhando os ditos ofícios.Pelo que os companheiros, como homens iluminados por Deus, começaram a sentir no coração grande remorso, ao considerarem que Frei Masseo era homem de grande perfeição como eles ou mais, e sobre ele estava posto todo o peso do convento e não sobre eles.Por este motivo encheram-se todos de igual coragem e foram pedir ao pai santo que consentisse em distribuir com eles aqueles ofícios, pois as suas consciências por coisa nenhuma podiam sofrer que Frei Masseo suportasse tantas fadigas.Ouvindo isto, S. Francisco cedeu ao pedido deles e consentiu em seus desejos e, chamando Frei Masseo, disse-lhe: "Frei Masseo, os teus companheiros querem compartir dos ofícios que te dei; e portanto quero que os ditos ofícios sejam divididos".Disse Frei Masseo com grande humildade e paciência: "Pai, o que me impões, em tudo ou em parte, considero feito por Deus". Então S. Francisco, vendo a caridade dos outros e a humildade de Frei Masseo, fez- lhes uma prática maravilhosa sobre a santa humildade, ensinando-lhes que quanto maiores forem os dons e graças que Deus nos der, mais devemos ser humildes: porque sem a humildade nenhuma virtude é aceita por Deus.E, feita a prédica, S. Francisco distribuiu os ofícios com grandíssima caridade.Em louvor de Cristo. Amém.

sábado, 22 de novembro de 2008

Um presente de Vinícius de Moraes

Amados irmãos e irmãs,
Paz e bem!
Estou postando para o nosso deleite a letra da belíssima canção do nosso poetinha Vinicius de Moraes, São Francisco. Essa música faz parte do antológico especial Arca de Noé, e pode ser encontrada no You Tube: http://br.youtube.com/watch?v=l4woaSWxJxc
São Francisco (2ª versão musical)
Composição: Vinicius de Moraes / Paulo Soledade
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho
Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo
Dizendo ao fogo
Saúde, irmão
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesus Cristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Pros passarinhos

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Orações Franciscanas

Altíssimo e glorioso Deus,
Ilumina as trevas do meu coração!
Dá-me, Senhor,
Uma fé reta,uma esperança certa e uma caridade perfeita,
Senso e conhecimento
Para que realizeTeu santo e veraz mandato.
Amém!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Itinerário Franciscano para Devoção Diária

Irmãs e irmãos amados,

Paz e bem!

Estou postando o nosso Itinerário Franciscano para Devoção Diária para aqueles que queiram ter acesso a ele através de nosso blog.

Com amor em Cristo!

Frei Sidney, CJ, OASF

Protetor Geral da OASF

ORDEM ANGLICANA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS – OASF
ITINERÁRIO FRANCISCANO PARA DEVOÇAO DIÁRIA

Caros irmãos e irmãs em Cristo,

Paz e bem!

O presente material, que agora apresento a todos vocês, visa ser um itinerário franciscano de devoção diária para o uso em nossa Ordem. Nele, além de uma estrutura de devoção diária, se encontra um ensinamento do Pobrezinho tirado das fontes biográficas dos primeiros séculos franciscanos, para cada dia do mês, acompanhado por uma breve e singela reflexão que produzi para o nosso crescimento e meditação.
O modelo de ofício apresentado, visa à organização da devoção daqueles que dela necessitem, no entanto, este material pode ser utilizado, também como parte de nossas orações matutinas e vespertinas, ou demais devoções de cada um.
Espero que este esforço possa contribuir para o nosso aprofundamento e crescimento espiritual, ampliando o amor mútuo que nos nutre e o desejo de servir a Cristo pela ótica de São Francisco e Santa Clara de Assis.

Com amor!

Frei Sidney Pinto Guedes, CJ, OASF

Protetor Geral da OASF.

OFÍCIO DIÁRIO


Para todas as fraternidades da OASF, bem como, para oração diária dos Freis e Freiras de nossa Ordem.


Aqui neste local, e em todas as tuas igrejas espalhadas pelo mundo todo, nós adoramos a Ti, Nosso Senhor Jesus Cristo, e vos bem dizemos, porque pela tua santa cruz redimistes o mundo.


Agora se faz a leitura do principio do dia, seguido de breve reflexão;
Leituras do dia (seguir calendário litúrgico);
Momento de oração e intercessão;
Oração do Pai Nosso;

A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos nós para sempre.

AMÉM

DIA 1 – Seu ideal bem decidido, seu mais ardente desejo, sua vontade mais firme era de observar o santo Evangelho, dele observar todos os pontos, e em toda circunstância; de conformar-se perfeitamente, com zelo, aplicação, esforço e fervor, à doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo, e de imitar os seus exemplos. (I Celano, 84)

A verdadeira regra franciscana é o Evangelho, no entanto, nela encontramos um perfume especial: Francisco nos ensina a viver o Evangelho a partir dos olhos do outro. Ser franciscano é nunca deixar que os olhos do outro passem despercebidos pelos nossos; é acolher sempre, com alegria e fé.

DIA 2 – O Senhor, na sua misericórdia, me deu e me dará muitos filhos que minhas forças sozinhas não saberão proteger. É, pois, preciso que eu os confie à Santa Igreja, para que ela os guarde à sombra de suas asas, os proteja e os governe. (três Comp.,63)

Na Igreja encontramos o alento e o refugio seguro que nos renova para a vida e para o projeto de Deus. Viver a igreja é viver a comunidade. O franciscano nunca se afasta da Igreja, pois reconstruí-la e resignificá-la sempre é sua tarefa e o seu objetivo.Entende que a igreja é divina e, sendo assim, supera as dificuldades humanas que possam nela existir. A Igreja é o berço cristão por excelência!

DIA 3 – São Francisco e seus irmãos experimentavam uma imensa e profunda alegria quando um homem, fosse quem fosse, vassalo, rico, nobre, plebeu, desprezível, honrado, sábio, simples, culto, iletrado, simples fiel do povo cristão, vinha, impulsionado pelo espírito de Deus, para tomar o hábito da santa Ordem (I Celano, 31)

Toda vocação é santa! A alegria de uma fraternidade franciscana está em acolher os que a buscam. São Francisco nos ensina que devemos ter pelos irmãos de nossa ordem, principalmente pelos irmãos vocacionados, o carinho de mãe. Francisco usa essa imagem, que é o símbolo maior do cuidado, para nos dizer que devemos ter todo o carinho do mundo com os nossos irmãos, sem, no entanto, negligenciar em sua formação. Ser mãe é acolher e orientar.

DIA 4 – Uma de suas principais preocupações foi de manter sempre firme, entre seus filhos, o laço da unidade, para que, tendo entrado na ordem sob o impulso dum só e mesmo Espírito, engendrados por um só e mesmo Pai, todos vivessem em paz no seio de uma mesma mãe. Ele queria que reinasse a união entre grandes e pequenos, que sábios e simples comungassem da mesma afeição fraterna, que a força do amor aproximasse os que a distância separava. (II Celano, 191)

Sem unidade, uma fraternidade franciscana não se sustenta. Viver em fraternidade é muito diferente de simplesmente conviver. Muitas vezes convivemos, sem buscarmos de fato o outro e os interesses de nossa comunidade. Às vezes estamos juntos, porém focados em nós mesmos. Ser franciscano é estar focado no outro sempre, com humildade e espírito de serviço. Nunca nos esqueçamos disso.

DIA 5 – O Deus altíssimo olhou a pessoa de São Francisco com tanta afeição e bondade que Ele não somente o tirou da indigência e da poeira de sua vida mundana, mas o transformou em testemunha, arauto e pregador da perfeição evangélica. (Boav.,Prol., 1)

O exemplo de Francisco sinaliza para um Pai misericordioso, cuja graça faz verdadeiros milagres em nossas vidas. Ele ficou cheio do Espírito Santo, de tal maneira que muitos o consideram “o primeiro depois do Único”. No entanto, não nos esqueçamos que a obra de Deus na vida de Francisco e Clara, passa por um chamado e pela aceitação plena e confiante de ambos.

DIA 6 – Na santa caridade que é Deus, eu peço a todos os meus irmãos, ministros e outros, para afastarem todo impedimento, rejeitarem todo cuidado e solicitude e se empenharem, o melhor que puderem, de toda maneira, a servir, amar, adorar e honrar o Senhor Deus, na pureza do coração e do espírito; pois é isto que ele procura acima de tudo. Façamos-lhe sempre templo e uma morada em nós, a Ele, o Senhor todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo. (I Regra, XXII, 23-24)

Francisco deixou como ensinamento relevante para todos os que buscam seguir os seus paços a recomendação de que devemos agir sempre com humildade e espírito de desprendimento. Não queremos posições, privilégios, nem tão pouco, os primeiros lugares. Não! Queremos e devemos servir com simplicidade e amor a Deus. Esse é o nosso carisma.

DIA 7 – Todos os irmãos se esforçarão para seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo; lembrar-se-ão que, de todos os bens deste mundo, não devemos ter nada além daquilo que o Apóstolo indica: ter o que comer e com que se vestir; devemos contentar-nos com isso. (I Regra, IX, 1-2)]

A pobreza franciscana, significa uma disponibilidade total para Deus. Nada pode servir de obstáculo para o nosso serviço em prol do Evangelho de Cristo. Não pregamos nem ensinamos a miséria com algo divino. Não! A miséria é fruto do egoísmo humano que nega partilhar os bens recebidos por Deus. Ser pobre é ser disponível para o serviço e estar focado sempre no outro, com caridade e santo desprendimento.

DIA 8 - A gente não pode conhecer a qualidade da paciência e humildade dum servo de Deus enquanto tudo lhe sorri. Mas quando vier o tempo em que o contrariem os que deviam contentá-lo; o que então ele mostrar quanto a paciência e humildade, é exatamente a que ele tem e nada mais. (Adm. XIII)

Nas tribulações e dificuldades, devemos manter a confiança e exemplificar aquilo que acreditamos. O Cristão não é um ser insensível cuja fé, o torna indiferente às dores e dificuldades. Jesus disse que na vida teríamos tribulações, no entanto, sinalizou para um Pai que atua na História humana de maneira amorosa e presente. A fé nos fortalece e nos ajuda a vencer as dores do mundo, sem nos fazer desistir da luta.

DIA 9 – A Regra e a vida dos irmãos é esta: viver em obediência, em castidade e sem propriedade; seguir a doutrina e os exemplos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que disse: “se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-lo como esmola aos pobres; terás então um tesouro no céu; vem e segue-me” (I Regra, I, 1-3)

A obediência franciscana é um ato de amor a Deus, na figura do outro e no seio da Igreja de Cristo. Ser obediente é ser simples e humilde; é perdoar e sempre contribuir para o crescimento do amor entre os homens. Sem obediência, criamos cisões, dividimos e deixamos o nosso personalismo suplantar o nosso amor. A obediência não compactua com o mal, porém, valoriza sempre o bem comum.

DIA 10 – Agora que deixamos o mundo, não temos nada mais a fazer senão esforçamo-nos para seguir a vontade do Senhor e agradar-lhe. (I Regra, XXII, 9)

Nossa Ordem nos chama a viver no mundo. Somos freis e freiras que vivem a secularidade, fazendo do mundo o nosso convento. No entanto, devemos buscar ser luz e sal para o mundo! O franciscano, buscando sempre a perfeição evangélica deve lutar por um mundo mais justo e igualitário, onde prevaleça a partilha e o acolhimento.

DIA 11 – Nunca devemos desejar estar acima dos outros; mas antes ser servos e submissos a toda a criatura humana por causa de Deus. (I Carta, 47)

Optamos e desejamos, como franciscanos, estar a serviço de todos. Não nos envergonhamos com os lugares mais simples, muito pelo contrário, amamos estar nesses lugares! Mesmo quando em função de liderança ou direção, não podemos esquecer o espírito de serviço, pois ele é o que nutre o nosso carisma. Buscamos, também amar a toda criação, entendendo que tudo vem de Deus, sendo assim, toda a criação é sagrada para nós.
DIA 12 – A verdadeira devoção tinha de tal modo enchido e impregnado o coração de Francisco, que ela parecia ter-se apossado por completo do homem de Deus. Daí vem a devoção, que o fazia subir até Deus; a piedade, que fazia dele um outro Cristo; a atenção, que o inclinava para o próximo e uma amizade para com cada uma das criaturas, fazendo lembrar nosso primitivo estado de inocência. (Boav., VIII, 1)

A devoção que não nos transforma e não nos impulsiona em direção ao outro, não condiz com a vocação franciscana. O franciscano vive sua vocação de braços abertos e mãos ocupadas em sempre acolher. Sua devoção o faz amar incondicionalmente o próximo e toda a criação. O faz sentir que em tudo o que vive, se faz presente o hálito do Criador.

DIA 13 – Parecia estar inteiramente devorado, como um carvão ardente, pela chama do amor de Deus. Assim que ouvia falar do amor do Senhor, ficava encantado, emocionado, inflamado, como se a voz fosse um arco que fizesse vibrar as cordas de seu coração. (Boav., IX, 1)

Vivemos uma fé secularizada, que não arde nem faz vibrar as cordas encantadoras que nutrem a melodia divina. Francisco ardia de amor a Cristo! Inflamava-se pelo ardor de sentir-se sempre envolto no Espírito de Deus. Ele nos pede uma fé engajada, transformadora, sem, no entanto perder o foco em Deus.

DIA 14 – Altíssimo, onipotente, bom Senhor, a ti pertencem todo louvor, toda glória, toda honra e toda benção. (Cântico das Criaturas, 1)

A Terra clama por socorro, e Francisco já nos mostrava o caminho há oitocentos anos atrás! Toda criação aponta para o amor divino, e nele devemos mergulhar no trato com a vida e com o nosso planeta. Um cântico de louvor à vida é o recado de Francisco para os dias difíceis e instáveis que vivemos hoje.

DIA 15 – Soberano bem, bem universal, bem total, só a ti, que és bom, possamos render todo louvor, toda glória, toda benção; possamos atribuir sempre a ti todos os bens. Amém. (Laudes, 23-24)

Francisco foi um Santo orante. Fazia da oração o seu alimento e nela se movia a todo instante. A oração para o franciscano é um ato de louvor que movimenta e faz andar. A oração para o franciscano transcende os muros de nossas abençoadas Igrejas, levando ao mundo um canto constante de louvor e glória.

DIA 16 – Considera, ó homem, até que grau de perfeição o Senhor te elevou, pois criou e formou teu corpo à imagem do corpo de seu Filho bem-amado, e tua alma à semelhança de sua alma. (Adm., V, 1)

O homem é o ser mais importante da criação, no entanto, não pode se considerar onipotente para com o resto da obra de Deus. Sua dignidade divina, regatada pela perfeita humanidade de Jesus, que sendo Deus se fez homem, deve impulsioná-lo a um canto de louvor e gratidão, aceitando a tarefa de cuidar desse nosso abençoado jardim. O franciscano deve dar o exemplo de amor a Terra e deve fazer de sua imagem e semelhança com Deus, um gesto de acolhimento para com tudo o que existe.

DIA 17 – Se o filho de Deus, dizia Francisco, desceu da grande altura que separa o seio do Pai de nossa objeção, foi para nos ensinar a humildade, Ele, o Senhor e Mestre, pela palavra e pelo exemplo. (Boav., VI 1)

Francisco via no gesto divino de interferir na História humana, se fazendo Homem, na figura de Jesus, como o exemplo mais sublime e maravilhoso de humildade e amor. Imitador de Cristo por excelência, Francisco nos deixa um legado de humildade e acolhimento, pedindo que em nossas fraternidades, nunca impere o personalismo nem o egoísmo que cega.

DIA 18 – Francisco amava a Mãe do Senhor Jesus com um amor indizível, pois foi ela quem nos deu como irmão o Senhor de majestade e por ela obtivemos misericórdia.
(Boav., IX, 3)

Francisco via no gesto de aceitação incondicional de Maria, um exemplo maravilhoso e perfeito de vida cristã. Queria, seguindo o exemplo da Mãe de Jesus, que todos fossem como mães para com os irmãos de sua fraternidade. Via em Maria aquela que acolheu em seus braços o Salvador do Mundo, e nos ensina a acolher em nossos braços, todos os nossos irmãos e irmãs, pois em todos via a figura do próprio Jesus.

DIA 19 – Quando vires um pobre, irmão, dizia ele, é a imagem do Senhor e de sua Mãe pobre que tens diante dos olhos. E nos doentes contempla também todas as misérias que Ele carregou sobre si. (II Celano, 172)

Francisco amava a Cristo pelos olhos dos pobres. Via neles o clamor pela implantação do Reino de Deus. Os amava e acolhia com devoção e carinho, como se tivesse diante do próprio Jesus! Vivemos num mundo marcado pela exclusão e pelo individualismo, onde milhares de pessoas são descartadas da comunidade dos homens, pelo simples fato de não estarem em condições de consumir e alimentar o Mercado. Como franciscanos, devemos lutar contra todo o tipo de desigualdade, tendo como foco de nossa luta aqueles que mais clamam por amor e socorro: os pobres de Deus.

DIA 20 – Quando meus irmãos vão pelo mundo, eu lhes aconselho e lhes recomendo em Nosso Senhor Jesus Cristo que evitem as discussões e brigas, não julguem os outros mas que sejam afáveis, pacíficos, modestos, cheios de mansidão e humildade, falando honestamente a todos como convém. (II Regra, III, 10-11)

Uma fraternidade franciscana deve ser marcada pelo respeito ao outro e pelo acolhimento que tolera e perdoa sempre. Preferimos à unidade, mas sabemos que nunca haverá uniformidade. Somos diferentes, porém temos em comum a Paternidade divina, e um carisma que nos move. Buscar ser comunidade é nunca optar por atitudes que rachem ou separem os irmãos. Francisco, nos pede honestidade nas relações, no entanto nos lembra da doçura que acolhe.

DIA 21 – Saiba, meu querido irmão, que a cortesia é uma das qualidades de Deus, que manda seu sol e sua chuva aos justos e injustos, por cortesia; e a cortesia é irmã da caridade que extingue o ódio e conserva o amor (Fioretti, XXXVII)

Os franciscanos sempre foram marcados por uma constante alegria. Viver para a obra de Deus, não condiz com um semblante sisudo e um ar de tristeza. Deus é amor e, sendo assim, deve nos levar a uma alegria que se mostra na forma cortez de tratar os seres e as coisas. A cortesia é irmã da caridade, pois faz com que ela olhe nos olhos daquele a quem se quer fazer o bem. A cortesia faz da caridade uma caridade atenta!

DIA 22 – Não devem julgar ou condenar, como diz o Senhor, e não examinarão nem os menores pecados dos outros, mas lembrem-se antes dos seus próprios pecados, na contrição de sua alma. (I Regra, XI, 8)

O carisma franciscano sinaliza para a busca de uma imitação atenta de Cristo, visando crescer a partir do exemplo Daquele, que deu dignidade divina a condição humana. Viver em fraternidade é saber superar as arestas e dificuldades sem julgamentos nem acusações. Uma fraternidade focada nos defeitos uns dos outros, não é uma fraternidade, e sim, um aglomerado de pessoas egoístas e fadadas à separação. Pensemos sempre nisso.

DIA 23 – Encontrava os traços de seu bem-amado em todo lugar de sua criação, servindo o universo inteiro como duma escada para alcançar Aquele que é todo desejável. Em cada uma das criaturas, como em outros tantos afluentes, descobria, com sua extraordinária piedade, a fonte única da bondade de Deus. (Boav., IX, 1)

Francisco nos deixou um exemplo de equilíbrio e respeito por toda criação. Sentia-se parte dela e não proprietário de seres e coisas. A sua amada esposa pobreza o ensinava a amar a tudo sem nada reter para si. O seu amor era pleno, despojado e marcado por um perfume inebriante de canto e louvor. Olhar a vida pela ótica de Francisco é sentir-se tocado por Deus por todos os lados e o tempo todo!

DIA 24 – Uma vez engajado nos caminhos de Cristo, Francisco, o arauto de Deus, teve de atravessar numerosos sofrimentos e doenças penosas; mas ele jamais retrocedeu e acabou realizando, de um modo perfeito, a tarefa que ele tinha tão bem assumido. Nem cansaço e nem abatimento puderam diminuir sua corrida à perfeição. (II Celano, 210)

Francisco passou por muitas dificuldades: crise na Ordem, intolerância de muitos, doença no estômago e nos olhos, frio, fome, enfim. Foi um homem como todos nós, com tribulações e obstáculos. No entanto, nos deixou um maravilhoso exemplo, quando, apesar de tudo, não perdeu jamais, o seu foco maior: Cristo Jesus!

DIA 25 – Bem-aventurado o religioso que só sente prazer e alegria nas palavras e nas obras Santíssimas do Senhor e delas se serve para levar os homens ao amor de Deus com toda alegria (Adm., XXI, 1-2)

A vida religiosa nos pede engajamento total na seara de Cristo. É dela, fazer o nosso farol e nela, construir os alicerces seguros para a construção de uma casa sólida e acolhedora. O religioso escolhe livremente aceitar o chamado de Deus para ajudá-lo na construção de Seu reino entre os homens. É saltar sem medo no abismo do sim!

DIA 26 – Os irmãos deveriam viver no meio do povo de tal maneira que ao ouvi-los ou vê-los, todos começassem a glorificar o Pai dos céus e louvá-lo devotamente. (Três Comp.,58)

Viver no mundo de tal maneira que todos possam enxergar em nós a ação de Deus entre os homens. Somos chamados a ser o sal da Terra. Precisamos levar isso em grande conta, pois nossa vida é o cartão de visita usado por Jesus para o chamamento a todos para o Seu reino. Somos os portadores do convite, e devemos cuidar para que ele não perca o seu brilho, nem desbote suas palavras. Isso tudo, sem perder a humildade e a simplicidade daqueles que querem apenas servir.

DIA 27 – São Francisco conservou sempre o fervor dum principiante, a paixão por todas as atividades do espírito. Um momento não consagrado a uma boa ação era, a seus olhos, uma falta grave, pois não avançar é recuar. (II Celano, 159)

O exemplo acima é um dos mais importantes que o Pobrezinho de Assis poderia ter nos deixado. Muitas vocações se diluem, após o fervor inicial. A rotina, a aridez, o cansaço e o desencanto, são aquelas sementes plantadas em solo raso, que nos ensinou Jesus. A falta de raízes fortes, a fazem não sobreviver por muito tempo. São Francisco, manteve uma vida marcada pela constância e pelo desejo de avançar sempre. Seguir o seu exemplo, com oração e serviço, deve ser a meta de um franciscano.

DIA 28 – Um servo de Deus não deve apresentar-se, diante dos homens, triste e mal-humorado, mas, ao contrário, sempre amável. Vai ao teu quarto para passar teus pecados em revista; chora e geme diante de Deus; mas, quando estiveres de volta entre teus irmãos, deixa lá dentro tuas penas e faze como os outros. (II Celano, 128)

Existe no presente ensinamento, dois pontos que merecem nossa reflexão: servir com alegria deve ser sempre a meta de um franciscano, no entanto, percebemos que nem sempre é possível. As dores às vezes são fortes e insistem em nos acompanhar em todos os momentos. O que Francisco quer nos dizer, é para não deixarmos que os nossos problemas contaminem outras pessoas. Ele no ensina a buscar refúgio em Deus, regaço seguro onde podemos chorar e abrir os nossos corações. No entanto, o Pobrezinho nos lembra que precisamos seguir firmes e para isso é necessário enfrentar a vida com coragem e alegria.

DIA 29 – Os irmãos, aos quais o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem com fidelidade e devoção. (II Regra, V, 1)

Somos uma Ordem de vida secular e precisamos estar no mundo e dele tirar o nosso sustento. O trabalho deve ser também um espaço de devoção e exemplificação de uma vivência cristã e fraterna. A ociosidade não condiz com o espírito franciscano que tem no serviço um valor inestimável. Seja em nossa vida cotidiana, seja em nossas atividades pastorais e litúrgicas, que o trabalho brote de nossas mãos de forma alegre e constante.

DIA 30 – Tinha aprendido a fazer com prudência e distribuição do tempo que Deus nos concede para adquirir méritos; empregava uma parte dos trabalhos e das fadigas em proveito do próximo, e a outra parte no recolhimento e na contemplação extática.
(Boav., XIII, 1)

Existem aqueles que na tarefa do Reino se dedicam a atividades pastorais de cunho social dando menos importância à devoção. Viram meros ativistas sem o brilho da fé. Outros, passam horas, dedicados à oração pessoal e não transformam a mesma em serviço ao próximo. Viram meros egoístas focados em si mesmos. Francisco nos propõe um equilíbrio essencial: acolher o próximo, ajudá-lo e amá-lo sempre, sem no entanto, abandonar a oração contemplativa e a meditação silenciosa.

DIA 31 – O superior, dizia Francisco, é um pai e não um tirano. (II Celano)

Aqueles cuja tarefa na Ordem e na vida está vinculada a funções de liderança e coordenação, nunca devem se esquecer de que toda a obra pertence a Deus e que somos meros servidores. Toda a tarefa deve estar focada no serviço humilde e desinteressado, cujo tempo e o status são insignificantes diante do Amor divino. Aquele que liderar, deve ser servo de todos.


PAZ E BEM!




sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Pastoral da Saúde (PAS)

Foi fundada em 20 de agosto de 2008 esta pastoral, pelo Protetor Geral da Ordem Anglicana de São Francisco de Assis (OASF), Frei Sidney Pinto Guedes, CJ, OASF. Assim esta pastoral será desenvolvida a partir do carisma do pobrezinho de Assis, o nosso amado São Francisco.
Objetivo:
Visitar hospitais públicos e particulares periodicamente, visando levar o conforto da mensagem Cristã Anglicana, aos que estejam convalescentes, numa perspectiva de acolhimento franciscano sem discriminação de qualquer tipo.
Objetivos Específicos

Fazer visitas aos doentes internados em Hospitais públicos ou particulares em dias pré estabelecidos para tal;


Levar a mensagem de paz e conforto ao doente e seus familiares;
Construir um espaço de escuta, onde aquele que sofre possa encontrar alguém disposto a ouvi-lo com amor e atenção;



Apoiar o doente e seus familiares, auxiliando-os dentro do possível em suas demandas de vida e fé; e


Acompanhar pastoralmente o doente e sua família, mesmo após a sua estadia na unidade de saúde, quando for possível;

Coordenador Nacional
Frei Sidney Pinto Guedes CJ, OASF

sábado, 9 de agosto de 2008

Espelho de Perfeição

Como julgava necessário evitar a maciez e a variedade das túnicas e suportar com paciência as contrariedades
Revestido da força do alto, o Seráfico Pai tirava dela mais calor para sua alma do que o que suas vestes lhe proporcionavam exteriormente ao corpo. Por isso não tolerava que os frades vestissem três túnicas ou usassem sem necessidade vestes macias. Ensinava que uma necessidade provocada pelo prazer dos sentidos e não pela razão era sinal de que o espirito estava amortecido. Quando a alma, dizia ele, se torna tíbia, pouco a pouco a graça arrefece e "a carne e o sangue" fatalmente procuram seu próprio interesse. E acrescentava: "Que restará com efeito, quando a alma ignorar as delícias espirituais e a carne se voltar apenas para suas exigências; quando o apetite animalesco exigir em nome da necessidade a sua satisfação e o instinto carnal se impuser à consciência? Se, por acaso, um de meus frades, preso de uma necessidade real, se apressar a satisfazê-la, que salário receberá? Apresenta-se-lhe uma ocasião de mérito, mas ele a rejeita com sua conduta, mostrando claramente que isto lhe desagrada. Negar-se a suportar com paciência privações e necessidades não é outra coisa, senão querer voltar ao Egito".
Enfim, não queria que os frades tivessem, sob pretexto algum, mais de duas túnicas, mas permitia-lhes forrá-las com retalhos de panos costurados por dentro. Afirmava ter horror a fazendas finas e repreendia severamente os que agiam de modo contrario às suas prescrições. Para confundi-los com o seu exemplo costurava sempre um saco grosseiro sobre sua própria túnica e ordenou que quando morresse forrassem com um saco a túnica que lhe serviria de mortalha. Todavia, quando uma enfermidade ou outra necessidade o exigia, ele consentia que os frades vestissem uma túnica mais fina sobre a pele, mas eram obrigados a usar por cima o habito rústico e grosseiro. Costumava comentar com grande amargura: "Relaxa-se a disciplina e os filhos de um pai que foi pobre não se envergonham de usar vestes de escarlate, contentando-se apenas com mudar-lhes a cora
ção.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Símbolos Franciscanos

TAU - Símbolos e Significados
Por Frei Vitório Mazzuco, OFM
Há certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana. Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.TAU, SINAL BÍBLICOExiste somente um texto bíblico que menciona explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico, Ezequiel 9, 1-7: "Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a fronte dos homens que gemem e choram por todas as práticas abomináveis que se cometem". O TAU é a mais antiga grafia em forma de cruz. Na Bíblia é usado como ato de assinalar. Marcar com um sinal é muito familiar na Bíblia. Assinalar significa lacrar, fechar dentro de um segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que possui o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do Senhor, é a garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É segurança e redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando nossa vida como aspiração e inspiração.
O TAU DO PENITENTE
Francisco de Assis viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos possui e nos salva sob o signo do TAU.
O TAU FRANCISCANO
O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria.
O TAU COMO IDEAL
No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bispos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.
O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS
Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: "O Santo venerava com grande afeto este sinal", "O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal", "O recomendava, freqüentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que gemem e lutam, convertidamente a Jesus", "O traçava no início de todas as suas ações", "Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas" (cf. LM 4,9; 2,9; 3Cel 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.
TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA
Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no "Sacrum Comercium", a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de "selo do reino dos céus". À Dama Pobreza clamam os menores: "Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!" (SC 21,22).
O TAU E A BÊNÇÃO
Francisco se apropriou da bênção deuteronômica, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: "Que o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor te abençoe!" Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação: "São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base". Assim, Francisco, num profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença, é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe!A COR DO TAU
O TAU, freqüentemente, é reproduzido em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do Cordeiro.Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição.
O TAU NA LINGUAGEM
O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de tau é usado para buscar veios d'água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o tau na fonte de nossas palavras!
O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS
Em geral, o Tau pendurado no pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os três conselhos evangélicos= obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto, verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência!
USAR O TAU É LEMBRAR O SENHOR
Muita gente usa o Tau. Não é um amuleto, mas um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a vida no dinamismo da conversão: Cada dia devo me abandonar na Graça do Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a Paz e o Bem. Usar o TAU é configurar-se com aquele que um dia ilumina as trevas do nosso coração para levar-nos à caridade perfeita. Usar o TAU é transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. É exigência de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez servo até a morte e morte de Cruz.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Itinerário Franciscano Para Devoção Diária

Amados(as) Irmãos (ãs) em Cristo,
Paz e bem!
Já está pronto o nosso Itinerário Franciscano para Devoção Diária. Trata-se de um material para uso devocional por todos os Freis e Freiras de nossa Ordem, com leitura e reflexão para cada dia do mês, organizadas dentro de um Ofício diário. No próprio material já se encontram as orientações de uso. Já enviei a todos por e-mail, caso alguém não tenha recebido, favor fazer contato.
Com Amor!
Frei Sidney CJ, OASF

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Domingo, Nasce a JUASF!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,
Paz e bem!
Domingo próximo, dia 29 de junho de 2008, dia de São Pedro e São Paulo, nasce oficialmente a JUASF (Juventude Anglicana de São Francisco de Assis)! Pedimos aos irmãos(ãs) clérigos(as) de nossa Ordem que abençõem, em suas celebrações dominicais, essa iniciativa que é de todos, por ser de Deus! Os demais irmãos e irmãs que orem e divulguem em suas denominações religiosas a nossa JUASF.
Agora é trabalhar para levar o carisma franciscano aos nossos jovens!!!
Abaixo se encontra o nosso Estatuto:
Com amor!
Frei Sidney CJ, OASF
JUVENTUDE ANGLICANA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS (JUASF)
ESTATUDO GERAL DE FORMAÇÃO E ANIMAÇÃO

CAPÍTULO I – Da JUASF, sua definição e estrutura de funcionamento;

Art. 1º -A JUASF, é uma organização fraterna voltada para a animação e divulgação do carisma franciscano, entre os jovens. Está vinculada a OASF, devendo a ela obediência e lealdade, estando sobre a proteção de suas instâncias hierárquicas e organizativas;

Art. 2º - É voltada para jovens de ambos os sexos com idade de 13 a 17 anos, que busquem conhecer e vivenciar o carisma franciscano;

Art. 3º -Estando vinculada a OASF, tem a JUASF caráter ecumênico e interdenominacional, acolhendo jovens que desejem viver o carisma do Pobrezinho em suas vidas seculares e respectivas igrejas;

Art. 4º - Muito embora esteja vinculada a OASF, a JUASF é uma fraternidade, não tendo os seus membros a qualificação religiosa de Freis e Freiras, tendo, porém, vínculo oficial com a OASF e sendo a JUASF considerada um processo de formação e vivência para futuro ingresso na OASF;

Art. 5º -Ao ingressar na JUASF, o jovem, recebe o TAU sem nós e passa por uma formação mínima de um ano, sendo chamado este período de “Tempo de Formação”;
Após um ano de formação e através de parecer favorável de seu formador local e aval de seus protetores, ele passa a ser “Membro ativo”, recebendo com sinal, um nó em seu TAU e carteira de identificação;

Art 6º - O Jovem que passar por toda a formação da JUASF e permanecer ativo na mesma, ao completar 18 anos, desejando ingressar como membro da OASF, sendo aceito, entrará na condição de POSTULANTE, não havendo necessidade de passar pelo aspirantado;

CAPÍTULO II - Dos Princípios Gerais

Art. 7º - A OASF, por força de sua própria vocação, deve estar disposta a comunicar a sua experiência de vida evangélica aos jovens que se sentem atraídos por São Francisco de Assis e a procurar os modos adequados para apresentá-la.

Art. 8º - As instâncias OASF se empenhem a dar às fraternidades da JUASF um animador fraterno que, junto com o animador espiritual (podendo acumular as funções), assegurem uma adequada formação franciscana secular.

Art. 9º - As Fraternidades da OASF por meio de iniciativas e dinâmicas apropriadas, promovam a vocação juvenil franciscana. Cuidem da vitalidade e expansão das Fraternidades de JUASF e acompanhem os jovens em seu caminho de crescimento humano e espiritual com propostas de atividades e conteúdos temáticos .

Art. 10 - A JUVENTUDE ANGLICANA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS (JUASF) se articula em Fraternidades. A Animação Fraterna deverá adaptar-se à organização própria da JUASF.

CAPITULO II - Dos Objetivos

Art. 11 - A OASF, através da criação e animação da JUASF, tem por objetivo:
I. - Testemunhar a espiritualidade Franciscana e o amor fraterno para com a humanidade e a perfeita comunhão entre os FRANCISCANOS;
II. - Acompanhar o jovem no seu processo de formação;
III. - Incentivar o jovem para uma vida cristã alimentada através do serviço pastoral e sacramental.

Art. 12 - A Animação Fraterna será exercida, segundo o presente Estatuto, pela OASF, mediante a presença de um (a) irmão (ã) formador (a), em cada um de seus níveis.

Art. 13 - Constitui a Animação Fraterna uma valiosa ajuda a JUASF, porém não substitui a Assistência Espiritual e Pastoral, exercida pela OASF.

CAPÍTULO III - Do Animador Fraterno e sua Função

Art. 14 - O (A) Animador (a) Fraterno (a) da OASF juntamente com o Assistente Espiritual tem a responsabilidade de garantir a JUASF:
I. a fidelidade ao carisma franciscano;
II. a comunhão com a OASF e com a Igreja de Cristo;
III. a união com toda a Família Franciscana.

Art. 15 - O (A) Animador (a) Fraterno (a) deve ser Frei ou Freira da OASF ou indicado, ativo em sua fraternidade, para ser o elo entre OASF e JUASF;

Art. 16 – O (A) Animador (a) Fraterno (a) é nomeado por escrito pela fraternidade de OASF., nos diversos níveis, em comum acordo com a JUASF.
§ 1º - Os Animadores Fraternos nomeados para a função deverão receber da OASF formação adequada para seu serviço.

Art. 17 - No serviço de animação fraterna, o Frei ou Freira da OASF:
I. - deve colaborar no preparo e formação específico de futuros Animadores Fraternos;
II. - deve participar e cooperar nos encontros oficiais e na elaboração e execução do programa de formação;
III.- deve respeitar as funções e responsabilidades dos membros da JUASF;
IV - deve realizar visitas fraternas a JUASF;

SEÇÃO I - Do Animador Fraterno Nacional

Art. 18 - O Animador Fraterno Nacional é o vínculo de ligação entre o OASF e a JUASF;

Art. 19 - Compete ao Animador Fraterno Nacional:

I. - colaborar na apostolicidade e na preparação do programa dos membros da JUASF;
II- promover e incentivar o programa da formação para Animadores Fraternos Regionais;
III- Promover e incentivar o interesse dos membros da JUASF pelos planos e ações apostólicas da Igreja e da OASF;

SEÇÃO II - Do Animador Fraterno Local

Art. 20 - É Frei ou Freira da OASF.

Art. 21 - Compete ao Animador Fraterno local:
I. - colaborar com a coordenação da OASF na preparação e execução do programa da formação da JUASF;
II. - coordenar, a nível local, o serviço de Animação Fraterna, promovendo o interesse dos franciscanos pela JUASF;
III.- fazer visitas de acolhimento, junto as Fraternidades locais estando presente também, nos capítulos da OASF;
IV.- participar na preparação e execução dos Encontros oficiais das fraternidades locais da JUASF;
V. - promover e incentivar o programa da formação de Animadores Fraternos Locais e a comunhão entre eles;
VI.- promover e incentivar o interesse dos membros da JUASF pelos planos e ações comunitária.
VII - O Animador Fraterno Local é co-responsável pelo crescimento e manutenção do carisma franciscano entre os membros da JUASF, cativando-os para uma vida evangélica, a exemplo de São Francisco de Assis.
VIII - Manter relações fraternas e constantes com Animadores Fraternos Locais e Nacional.

CAPITULO IV - Da OASF e a Animação Fraterna a JUASF

Art. 22 - A Animação Fraterna a JUASF é confiada à OASF, haja vista ser a Juventude Franciscana de São Francisco de Assis, fruto de renovação do espírito franciscano da OASF.

Art. 23 - Relativo à OASF o Arcebispo Protetor e o Protetor Geral da Ordem devem:
I. - promover o interesse dos franciscanos pela JUASF;
II. - promover a comunhão fraterna da OASF e a JUASF;
III- garantir a Animação Fraterna a JUASF;
IV.- cuidar para que os Animadores Fraternos tenham carinho especial; pela JUASF;
V.- zelar para que os irmãos indicados à Animação Fraterna sejam idôneos, tenham afinidade com os jovens e que se preparem para dar animação afetiva e efetiva;
VI. - providenciar formação adequada para os Animadores Fraternos;
VII. - assegurar que a animação fraterna respeite a organização específica da OASF, respeitando seus princípios e estrutura;
VIII. - por ocasião das Visitas Fraternas, O protetor Geral informará ao Arcebispo Protetor, através de relatório, sobre o serviço do Animador Fraterno.

CAPITULO V - Disposições Finais

Art. 24 - O presente Estatuto disciplina, de modo unitário e concreto, o serviço de Animação Fraterna à JUASF;

Art. 25 – Fica como data de fundação da JUASF, o dia 29 de junho de 2008, Festa de São Pedro e São Paulo.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Noticias de nossa Ordem

Caros irmãos e irmãs em Cristo,
Paz e bem!
Gostaria de utilizar este espaço para dar algumas orientações para o uso de nosso blog:
  1. O nosso blog é um espaço de formação por excelência, sendo assim, oriento a todos que pelo menos uma vez por semana, acessem o mesmo e leiam os textos e artigos existentes;
  2. Os títulos "Espaço de Formação", "Escritos de São Francisco", etc, serão atualizados semanamente, por isso acessem sempre para construímos uma sólida formação para todos;
  3. Caso surjam materiais importantes para a nossa formação e crescimento, enviem para o meu e-mail, para que publique no blog;
  4. Sempre que novas notícias surgirem, publicarei neste espaço (Notícias de nossa Ordem);
  5. Estamos construíndo a JUASF (Juventude Anglicana de São Francisco de Assis), sendo assim, peço aos irmãos e irmãs que começem a verificar em seus espaços de atuação, jovens de 13 à 17 anos, que possam fazer parte do grupo de formação e vida franciscana;

Um Grande e amoroso abraço em todos(as)!

Frei Sidney, CJ, OASF

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Escritos de São Francisco e Santa Clara

CAPÍTULO 13
ESCREVE A REGRA QUANDO TEM APENAS ONZE IRMÃOS. O PAPA INOCÊNCIO A
CONFIRMA. VISÃO DA ÁRVORE
32. Vendo o bem-aventurado Francisco que o Senhor aumentava cada dia o seu número, escreveu para si e para seus irmãos, presentes e futuros, com simplicidade e com poucas palavras, uma forma e Regra de vida, sendo principalmente expressões do santo Evangelho, pois vivê-lo perfeitamente era seu único desejo. Acrescentou, contudo, algumas poucas coisas, absolutamente necessárias para o andamento da vida religiosa.
Por esse motivo foi a Roma com todos os referidos irmãos, desejando ardentemente que o Papa Inocêncio III confirmasse o que tinha escrito. Achava-se naquela ocasião em Roma o venerável bispo de Assis, Guido, que estimava muito São Francisco e todos os seus irmãos, e os venerava com particular afeto. Vendo ali São Francisco e seus Irmãos, e. desconhecendo o motivo, não gostou. Temia que quisessem abandonar sua terra, onde o Senhor já começara a fazer grandes coisas por meio de seus servidores. Gostava muito de ter esses homens de valor em sua diocese e esperava muito de sua vida e seus bons costumes. Mas quando soube a causa e compreendeu o verdadeiro motivo, alegrou-se muito no Senhor e lhes prometeu seu apoio e influência. Além disso, dirigiu-se São Francisco ao senhor bispo de Sabina, chamado João de São Paulo, que se destacava entre os outros príncipes e dignidades da Cúria Romana por “desprezar as coisas terrenas e aspirar às celestiais”. Este o recebeu com “bondade e caridade” tendo apreciado muito sua resolução e seus projetos.
33. Entretanto, como era homem prudente e discreto, interrogou-o sobre muitos pontos e tentou persuadi-lo a passar para a vida monástica ou eremítica. Mas São Francisco recusou com humildade e quanto lhe foi possível esse conselho, sem desprezar os argumentos, mas por estar piedosamente convencido de que era conduzido por um desejo mais elevado. Admirava-se o prelado com seu fervor, e temendo que fraquejasse em tão altos propósitos, mostrava-lhe caminhos mais fáceis. Afinal, vencido por sua constância, anuiu a seus rogos e procurou promover seus negócios diante do Papa.
Regia a Igreja de Deus naquele tempo o Papa Inocêncio III, homem ilustre, muito rico em doutrina, celebérrimo orador e muito zeloso da justiça em tudo que se referia ao culto da fé cristã. Informado do desejo daqueles homens de Deus, depois de refletir, aceitou o pedido e deu-lhe despacho. Tendo-lhes feito muitas exortações e admoestações, abençoou São Francisco e seus Irmãos e lhes disse: “Ide com o Senhor, Irmãos, e conforme o Senhor se dignar inspirar-vos, pregai a todos a penitência. Quando o Senhor vos tiver enriquecido em número e graça, vinde referir-me tudo com alegria, e eu vos concederei mais coisas do que agora e vos encarregarei com segurança de cargos maiores”. Na verdade, o Senhor estava com São Francisco, onde quer que ele fosse, alegrando-o com revelações e animando-o com benefícios. Certa noite, viu-se em sonhos andando por um caminho, ao lado do qual havia uma árvore de grande porte.
A árvore era bela e forte, grossa e muito alta. E aconteceu que, estando a admirar sua beleza e altura, o próprio santo tornou-se de repente tão alto que tocava o cimo da árvore e com suas mãos conseguia vergá-la facilmente até o chão. De fato, foi o que aconteceu quando Inocêncio III, a árvore mais alta e mais respeitável do mundo, se inclinou com tanta benignidade ao pedido e à vontade de Francisco.
Fonte: Vida I de Tomás de Celano