Organizado por Dom Theófilo Leo HFC (csr), Bispo do Rio de Janeiro da Holy Celtic Church. Capela Episcopal de São Judas Tadeu, Rua 29 de Abril, 668, Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Pelos olhos de Francisco o amargo se faz doce
segunda-feira, 20 de abril de 2009
A imagem de Deus no século XXI
O acesso ao Rosto de Cristo foi mediado ao longo de vinte séculos, mediação que prossegue hoje como a via mais próxima e adequada. Deus nos mostra sua proximidade nos sinais que coloca nos nossos caminhos.
Qual será o “rosto mais perceptível”? O texto de Lucas 15, comumente chamado “as parábolas da misericórdia”, pode ser um bom lugar para iniciar uma resposta temerária para o novo século. O tempo muda de forma muito rápida. Não podemos pretender apostar neste rosto ao longo de todo este século nascente, mas será por aqui que Deus prossegue a sua revelação para os homens de hoje. Lucas 15, particularmente na parábola do “filho pródigo” (15,1-32), apresenta o rosto de marca de Deus
Se o Pai tem este rosto, os irmãos são singulares. Cada um nunca copia o outro, mas sente o amor do Pai de forma única e faz um itinerário que o singulariza diante do Pai. Os filhos podem, em determinada circunstância, perder a fraternidade. Deixam de se aceitar como “irmãos”, o que está gravado na atitude ressentida do mais velho da parábola que nem sequer trata o mais novo como irmão, mas devolve-o ao Pai como “esse teu filho”. Compete ao pai oferecer de novo a fraternidade ao irmão mais velho, chamando-lhe a atenção para a permanente estadia na casa do pai que também é a casa do irmão. A festa concretiza-se porque há irmãos, os dois. Se no irmão mais novo o rosto é desfigurado por uma vida dissoluta, com falsos amigos e maus amores, longe da casa, no mais velho o rosto é também desfigurado pelo corte com a fraternidade, pelo ressentimento e pelo pedido de contas quando da festa iniciada.
A narrativa é ainda mais rica, mas o que se diz é suficiente para entender, nesta ótica, o rosto mais perceptível de Jesus Cristo no nosso século XXI. Não se tratará tanto de propor belos discursos sobre Deus, mas de apresentar o Seu Rosto como Pai que tem dois filhos. Pai libertador que está, que visita, que cuida, que ama e que partilha abundantemente, Pai que respeita para que a liberdade seja assumida como dom. Pai da fraternidade. Não adiantará falar de Deus numa óptica narcisista ou num cultivo exagerado do “eu” no caminho de salvação. Importa propô-lo na fraternidade assumida e vivida no quotidiano. Trata-se de um Pai que tem dois filhos, diferentes, com ideais diversos e com metas que passam por sendas diferentes, mas irmãos que não devem esquecer-se de que o são. O rosto mais perceptível terá os traços da fraternidade, será sob o seu signo. O século XXI não teorizará imenso sobre o assunto, mas cedo despertará para a urgência deste valor como porta aberta à sobrevivência, Não há rosto pessoal que possa descobrir-se e aceitar-se sem um outro rosto que lhe devolva a imagem. Mais do que parceiros, os homens apontam para a mesma fonte de vida, a riqueza amorosa de Deus. É este o caminho do encontro.
Este rosto não fará avançar muito o cristianismo, enquanto movimento dos cristãos nas suas instituições e com uma organização secular que ainda hoje é forte. O futuro é mais dos cristãos do que da instituição organizada. Os filhos e filhas imaginarão formas novas de convivência, outras organizações. O cristianismo institucionalizado mudará, por certo, de formas. A fraternidade entre os povos tem de encontrar outras plataformas institucionais. Os cristãos inventarão outras socialidades e Deus será dito em instituições novas com base nos padrões sociais hoje
Pe Fr Gelson, oasf