tag:blogger.com,1999:blog-88058411933719860952024-03-05T16:52:49.921-03:00ESPAÇO DE REFLEXÃO FRANCISCANA Organizado por Dom Theófilo Leo HFC (csr), Bispo do Rio de Janeiro da Holy Celtic Church. Capela Episcopal de São Judas Tadeu, Rua 29 de Abril, 668, Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ.Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.comBlogger48125tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-58475060478457880272016-11-06T18:51:00.002-02:002016-11-06T18:51:07.416-02:00A CARIDADE ATENTA<br />
<br />
Introdução<br />
<br />
“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse a caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.<br />
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transformasse os montes, e não tivesse a caridade, nada seria”.<br />
(I coríntios, cap 13, versículos 1 e 2)<br />
<br />
Grande é o número de pessoas que buscam no cristianismo católico a devida reflexão e consolo. Sabemos que nossa igreja é parte de um projeto Divino, do corpo de Cristo que visa despertar nos corações a doce mensagem do Evangelho, porém, sabemos também que em nossas mãos estão depositadas as sementes necessárias para que tal projeto alcance o seu objetivo que é irradiar pela graça de Deus, o amor que irá contagiar o mundo.<br />
Quando falamos em crescimento, surge em nosso peito (e isso é muito bom), reflexões sobre a manutenção do amor e da unidade entre nós No entanto, muitas vezes, nos tornamos desatentos à questão do acolhimento do outro dentro de uma perspectiva fundamentalmente cristã. A rotina de atividades que se desenvolvem a cada dia no cotidiano de nossa paróquias tendem a nos direcionar para práticas litúrgicas e de assistência social que quando transformadas em mera rotina, nos fazem desatentos aos olhos daqueles que adentram as nossas portas.<br />
Com base nisso, procuraremos nas próximas linhas, trazer algumas reflexões sobre uma proposta franciscana de se viver o evangelho, que resolvemos chamar de “Caridade atenta”. Uma proposta que tenha como ênfase maior os olhos do outro, numa perspectiva de acolhimento integral e libertação de todos aqueles que cruzem os nossos caminhos.<br />
Não temos a pretensão de trazer alguma novidade (o evangelho já tem dois mil anos), muito menos de fazer escola. Somos imperfeitos demais para tal intento. Apenas desejamos refletir profundamente sobre o que é de fato viver plenamente a mensagem de Jesus, tendo na caridade atenta, a valorização total do outro como peça fundamental do projeto do Cristo que liberta .<br />
São apenas reflexões que busco neste trabalho, por isso, o mesmo está aberto a críticas e modificações que visem o crescimento do evangelho em nossas vidas.<br />
Amando o Amor<br />
Conta a história franciscana que o pobrezinho, costumava ser visto caminhando pela cidade de Assis, banhado em lágrimas e dizendo: - “O Amor não é amado, o Amor não é amado!” Alegava ele que a mensagem de Jesus não era vivida por aqueles que se diziam cristãos, e isso o entristecia profundamente. No entanto, tal constatação não o conduzia a prostração e ao desânimo. Muito pelo contrário! Francisco, por toda a sua vida viveu, guiado pelo Espírito, pregando e exemplificando o evangelho em sua plenitude, não deixando sequer uma alma humana sem acolhimento e conforto.<br />
<br />
“Eu, Frei Francisco, pequenino, quero seguir a vida e a pobreza de nosso altíssimo Senhor Jesus Cristo e de sua santíssima Mãe; quero nelas perseverar até o fim”.<br />
(Conselhos a Santa Clara, 1)<br />
<br />
Para Francisco, perseverar até o fim, significava amar intensamente a toda e qualquer criatura viva. Desde sua experiência marcante no episódio de seu encontro com o leproso, ele aprendeu que o amor existe latente em todas as criaturas, por isso, é a esse amor que a todos habita, que devemos dedicar toda a nossa devoção. As chagas presentes em todos nós, diante dessa perspectiva, demandam nossa inteira compaixão e luta.<br />
O Amor significa literalmente transformar a Terra. O amor quando realmente amado, transforma as trevas em luz; as diferenças em unidade; a alienação em engajamento; o desespero em consolo e os olhos em acesso irrestrito ao meigo Jesus, cuja mensagem habita em todos os corações.<br />
Amar o Amor significa transcender em muito a relação formal do assistencialismo vazio e da catequese apartada de uma real vivência. Sob tal ótica, antes da assistência está o olhar atento, crítico e amoroso; antes e concomitante a catequese está o coração; e antes da obra de pedra está o calor humano que a transforma realmente em um templo dedicado a Deus.<br />
“O Amor não é amado, o Amor não é amado!” De fato isso é uma realidade que ainda habita o nosso planeta. Amar o Amor significa preponderar sobre o mal. É absorver a ousadia de Francisco em sua ânsia por transformar o mundo em um reino de paz e justiça. Amar o Amor é o mesmo que perceber o outro a partir dos olhos, com ternura e compaixão.<br />
<br />
As sementes que caem<br />
<br />
“... Eis que o semeador saiu a semear”.<br />
E quando semeava, uma parte das sementes caiu à beira do caminho...”.<br />
(Mateus, cap. 13, v. 3)<br />
<br />
Esta parábola é uma das mais conhecidas por nós cristãos. Trata-se de uma abordagem de Jesus referente à relação de cada um de nós no trato com sua mensagem. Isto é, como sua mensagem atinge os nossos corações, significando, com isso, o nível de adesão nossa ao seu projeto de amor e de salvação. Porém, aqui queremos buscar um outro significado para tal parábola: o trecho acima, nos informa que o semeador quando saiu a semear, deixou algumas sementes cair ao longo do caminho, e é aí que construiremos nossa argumentação com relação à proposta que apresentamos neste trabalho.<br />
A proposta da caridade atenta tem por objetivo atuar exatamente nesse ponto: não podemos deixar as sementes cair ao longo do caminho! Jesus, em sua parábola, nos informa que, das sementes que caíram, grande parte se perdeu, seja por falta de solo fértil e profundo, seja por espinhos que sufocaram-nas em seu entusiasmo inicial.<br />
Sabemos o quanto é difícil cair das mãos do semeador e não ser imediatamente recolhido e recolocado em seu devido lugar. A semente longe do semeador, e distante do solo adequado, tende a se perder em meio a espinhos de toda a ordem. E quanto mais o semeador se distancia, mais a semente sofre, sob o risco de perecer. Mesmo sabendo que brotar é um ato da vontade individual de cada um de nós, sob a Graça de Deus, longe do semeador tal intento fica muito difícil e o fardo cresce assustadoramente!<br />
A grandiosa obra construída por Francisco de Assis teve como ênfase maior exatamente o projeto de recolher as sementes que, devido a uma igreja formalista e desatenta caíam aos montes pelo caminho da idade média. Ele viveu por tal propósito, e nele iluminou toda a sua vida.<br />
Atento aos olhos da humanidade, Francisco foi uma imagem emblemática num período que ficou conhecido como “idade das trevas“. Acolhendo pelos olhos, o pobrezinho sinalizou para a desatenção presente no coração dos cristãos, tão atribulados com ritos e formalismos numa igreja que não soube lidar com o seu próprio crescimento e muitas vezes colaborou com estratégias perversas de exclusão.<br />
Militantes de tal seara, não podemos ficar desatentos à grandiosidade de sementes que surgem a cada dia em nossos campos. Ampliar tais campos hoje se faz necessário, e isso muito nos alegra, no entanto, devemos estar sempre atentos a quaisquer sinais de crescimento sem acolhimento. Algumas Paróquias, agigantadas em suas demandas, estatisticamente ampliam cada vez mais o número de pessoas assistidas e amparadas. Porém, pode crescer também o número daqueles que sinalizam para o fato de se sentirem, muitas vezes, como em uma grande instituição, onde sequer são olhados, tocados, acolhidos! Algumas sementes podem estar caindo ao longo do caminho e isso nós não podemos permitir.<br />
Queremos neste trabalho, refletir com todos os irmão e irmãs sobre estas questões, buscando juntos, alternativas que mantenham sempre nossas paróquias atentas aos olhos daqueles que nelas cheguem, bem como, em todos os espaços onde nós possamos nos encontrar.<br />
Teus olhos me bastam<br />
<br />
“Não devemos julgar a prata e o dinheiro mais úteis do que as pedras”<br />
( I Regra, VIII, 4)<br />
<br />
Uma das bandeiras mais conhecidas do franciscanismo é sem dúvida a pobreza. Muitas vezes incompreendida, tal bandeira tem por excelência, demonstrar a importância de valorizarmos no homem aquilo que ele tem de mais sagrado: a sua condição de filho de Deus.<br />
Diante do outro, devemos valorizar, a partir dos olhos, a filiação divina que lá habita, tendo nela o real ponto de aproximação e acolhimento. É olhar para outro e dizer: “- Os teus olhos me bastam”, isto é, com ternura, perceber que temos algo em comum com toda a criação: a filiação divina.<br />
Acolher, não significa apenas atender bem aquele que nos solicita algo. É amar verdadeiramente, acolhendo o outro com devoção e carinho. O cartão de visita para demonstrar ao outro que Jesus está presente em todos nós é o sorriso. Sorrir é abrir ao outro as portas de nosso coração; é também um passaporte seguro para penetrar sem medo o coração alheio.<br />
Que em nossas paróquias, os olhos do outro não só nos bastem como também nos alimentem para a jornada que escolhemos trilhar. Que nada mais nos importe tanto, que não seja os olhos do outro, que jamais podem fugir a nossa atenção.<br />
<br />
Obedecendo a luz<br />
<br />
“A lâmpada do corpo são os olhos; de sorte que, se teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz...”.<br />
(Mateus, Cap. 6, v. 22)<br />
<br />
Jesus nos ensina que através dos olhos conseguiremos nos transformar em luz. A mensagem de Francisco, por mais que tenha surgido como uma grande novidade para o seu tempo, como para os dias de hoje, nada mais faz do que enfatizar as palavras do meigo Senhor.<br />
A obra do pobrezinho de Assis tem como um de seus pilares, o conceito de obediência, a obediência que nos transforma em fieis seguidores da luz. Ser obediente para Francisco é seguir a máxima de Cristo que diz: “Deixai brilhar a vossa luz”. E isso significa obedecer incondicionalmente aos apelos desta Luz, a Luz de Cristo. A obediência franciscana significa fazer penetrar e ficar definitivamente em nossos corações a caridade, o amor ao outros e às instâncias hierárquicas que norteiam a igreja, transformando com isso todo o nosso ser.<br />
O obedecer franciscano significa olhar sempre e com ternura; acolher sempre, apesar de tudo; compreender sempre apesar das discordâncias; recolher as sementes que caiam pelo caminho; e acima de tudo, ficar atento para que elas não venham a cair.<br />
<br />
O olhar casto<br />
<br />
“É assim que, neste mundo que passa, unida para sempre a seu nobre Esposo, ela encontrava continuamente um novo sabor nos mistérios do alto”.<br />
(V. de Clara, 20)<br />
<br />
Na passagem acima, podemos compreender o que de fato significa a castidade franciscana. Unida a Cristo, Clara de Assis encontrou um novo sabor para a sua vida. Ela percebeu que pelos olhos de Jesus era possível ver o mundo sob uma nova ótica: a ótica do amor! Aqueles que se deixam inundar pelo evangelho, transformam seus olhos em faróis de luz e de contentamento, percebendo sempre possibilidades reais de transformação perante os percalços da vida.<br />
Ter um olhar casto favorece o acolhimento incondicional de todos aqueles que possam surgir diante de nós. É olhar para além das aparências; para além das possíveis chagas que no outro, possam refletir a nossa própria realidade.<br />
É, vendo a Cristo, abraçar o outro com devoção e ternura, a mesma ternura que moveu Francisco e Clara em sua gigantesca obra.<br />
<br />
Conclusão<br />
<br />
Estas são apenas algumas reflexões surgidas em nós, referentes às inúmeras possibilidades de transformação que surgem a partir de uma prática de valorização dos olhos como elemento maior de evangelização e acolhimento. Estar atento ao outro em todos os momentos nos parece à palavra de ordem para a fase em que vivemos em nosso planeta. Ensinar e assistir são dois pontos fundamentais em nossa fé e a eles devemos estar muito atentos. Porém, em nossa singela opinião, buscando alicerçá-la numa leitura franciscana do evangelho, somente através dos olhos conseguiremos de fato assistir e ensinar de uma forma genuinamente cristã e transformadora.<br />
<br />
Paz e bem!<br />
<br />
Dom Theófilo LeoHolly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-32844798111721906722012-02-13T23:36:00.003-02:002016-11-06T18:22:06.169-02:00Judas, o grande equivocado<div align="CENTER" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;">Muitos colocam Judas como o grande traidor de Cristo, no entanto, vejo sua traição como um grande equívoco acima de tudo. Judas, como as pesquisas mostram, foi um Zelote, também conhecidos como sicários. Grupo revolucionário fundamentalista que acreditava que o Messias viria liderar o povo Hebreu contra o jugo de Roma. Acreditavam num Messias guerreiro que de arma em punho destruiria os inimigos de Israel iniciando um reinado de paz.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
A revolução de Jesus, no entanto, era outra: a revolução do amor! Foi muito difícil para Judas entender e seguir um mestre que curou o servo de um centurião romano, que disse para darmos a César o que é de César e que pregava o perdão das ofensas e o amor aos inimigos. No contexto de opressão em que vivia o povo hebreu, cujo jugo Romano beirava o insustentável, entender tal proposta de vida e de fé, realmente era algo muito difícil para uma pessoa da estirpe de Judas.</div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;"> A medida que os acontecimentos vão se desenrolando, Yeshoua não corresponde mais a sua expectativa. Judas tem a impressão de ter sido “traído”: o Messias não toma o poder e nem lhe dá poder. A injustiça, a miséria, a violência continuam a reinar no país. Não o reino de Deus que se aproxima, ainda estamos no reino de César...Um homem desiludido é um homem perigoso. Um homem traído só pode tornar-se um traidor.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;"> (Jean-Yves Leloup, Judas e Jesus, Editora Vozes, 2007, página 162)</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: small;"> Sentido-se traído por ter se equivocado sobre a real finalidade do Messias, Judas entregou Jesus. Pensava: “se for ele o Messias, preso, fará sinais que colocará todo o Sinédrio de joelhos e libertará o nosso povo da opressão romana.” Mas Jesus, se deixou prender e aceitou a sua cruz como ninguém. Veio o remorso, a percepção do grande erro cometido.</span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: x-small;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: x-small;">3.Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos,4.dizendo: “Pequei, entregando à morte um inocente”. Eles responderam: “Que temos nós com isso? O problema é teu”.5.E ele jogou as moedas no Santuário, saiu e foi se enforcar.</span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: x-small;"> (Mateus,27:3-5)</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"> </span> </div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: small;"> Judas, diante da certeza do erro cometido, buscou refúgio naquele que era o seu maior referencial de fé: O templo. Assim como Pedro, Judas passou pelo remorso de ter traído seu Mestre. Não buscou os onze apóstolos, talvez pela vergonha de encará-los após tamanha traição. No entanto, como um homem de fé, buscou no templo de Jerusalém o seu refúgio, o seu repouso. </span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: small;"><i>“O que temos nós com isso? O problema é teu.”</i></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: small;"> Essa foi a resposta que aquele homem atônito e arrependido ouviu dos representantes da fé. Desesperado e se sentido usado, não sabendo a quem recorrer e carcomido pelo remorso, cometeu o desatino de se suicidar.</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: small;"> Muitas vezes, simplesmente acusamos Judas de traidor, sem levar em conta as circunstâncias em que tudo aconteceu. E deixamos de perceber o grande mal que causamos quando deixamos de acolher nossos irmãos e irmãs, preferindo acusar, usar de maledicência e como os membros do sinédrio simplesmente dizer: “O que temos nós com isso? O problema é teu.”</span></span></span></div>
<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="CENTER" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: times new roman, serif;">Dom Theófilo Leo HFC (csr)</span></div>
<div align="CENTER" class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="font-size: xx-small;"><br />
</span></span></span></div>
</div>
Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-53020842035372607132011-08-26T20:49:00.000-03:002011-08-26T20:49:42.451-03:00A Morte na visão de São Francisco<br />
<div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Dom Celso Franco de Oliveira</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> Bispo Anglicano</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Inicialmente, é-me imperioso agradecer o oportuno convite que me foi feito pelo frei Clarêncio, para celebrarmos hoje, o “ Transito de são Francisco,” pensando com vocês, “ “A Morte na Visão de São Francisco” ou o “Transito na visão de são Francisco”.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> É bastante curioso e significativo chamar a morte de “transito, porque a palavra “transito”, segundo o nosso vernáculo, significa movimento, percurso, marcha, efeito de caminhar, e é nesse sentido que para se falar da morte de são Francisco, temos que ter em mente a morte não com um fim-fim mas como transito, dando-nos a idéia de que o nosso Francisco não se acaba, não desaparece, pelo contrario transita entre nós, se eterniza, continua vivo e se presentifica, não somente entre os religiosos mas também no mundo secular, constituindo-se hoje, para o nosso ecossistema, uma espécie de ícone no resgate da qualidade de vida neste planeta terra que “ geme com dores de parto, aguardando a adoção dos filhos,” com disse São Paulo na sua Epístola ao Romanos. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Lembro-me ainda da palavra “transito” quando, há poucos anos atrás, participei de uma jornada de psicanálise no Colégio dos Cirurgiões em Botafogo, cujo tema da Jornada foi “Winnicott em Transito” ocasião em que celebrava os cem anos desse inesquecível psicanalista inglês cuja contribuição psicanalítica continua em ressonância dentro dos nossos consultórios até hoje. Winnicott fez o seu transito em 1971 deixando em um de seus livros o seguinte testamento: “Quero estar vivo no momento da minha morte”. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A historia de São Francisco, particularmente, o seu jeito de ser, sua trajetória de vida e, principalmente, a forma como encarou o seu “transito”, poderia nos autorizar a falar de São Francisco em Transito, em movimento, um homem a caminho, ou ainda, se quisermos, são Francisco “em transe”. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Basta aprofundarmos algumas considerações psicológicas sobre seu estilo de vida, para descobrirmos um homem em transe, não no sentido daquilo que chamamos “estados alterados de consciência” induzido por um procedimento hipnótico, letárgico, mas um transe vivido como experiência do êxtase e do numinoso, aquela experiência capaz de alterar o nosso olhar sobre o mundo, capaz de transcender, de superar, de re-significar a existência e de colocar- nos em inteira disponibilidade como quem se transfigura.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> Assim vemos um São Francisco transfigurado quando mesmo doente e cego, cantava seu cântico ao irmão sol embora não pudesse mais contempla-lo. É que o sol que Francisco canta não é o sol que conhecemos mas o sol de sua interioridade, das suas riquezas interiores, porque só percebemos o brilho lá fora quando há brilho dentro de nós. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Quando se vive uma experiência de transfiguração, a morte sempre entendida como desenlace final, se transforma em transito. Deixa de ser um espantalho humano, para encapsular-se na própria vida. Vida e morte se eclipsam, como de forma brilhante nos diz Leonardo Boff “O sentido que damos a vida é o que damos a morte e o sentido que damos a morte é o sentido que damos a vida” A morte na visão de São Francisco vinha com um sabor de plenitude numa compreensão simbólica, mística, sapiencial e planetária. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> Lamentavelmente, somos herdeiros de tradição cultural Newton-Cartesiana, onde a matéria e espírito se separam e se bifurcam em corpo e alma, como ainda quer pensar hoje a Igreja. Francisco foi o santo das sínteses e da reconciliação de tudo .</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> Hoje, a neurociencia que vai ganhando mais espaço nas pesquisas neorológicas, nos da conta que o nosso hemisfério cerebral, direito e esquerdo, com seus milhões de neuronios, interagem no corpo caloso, não mais entendidos como duas estâncias separadas, mas como superação unitária. Ambos com sua capacidade de síntese, vão formar o que os antigos chamavam de terceira visão ou o “chifre do unicórnio” neste sentido é que a visão de Francisco sobre a morte, vai dar lugar a síntese da vida e longe da morte ser o lugar morbido, de prantos e culpabilizações, transforma-se em acolhimento, num espaço de cantoria, entoada não somente pelos seus confrades presentes mas também pelo contracanto sinfônico de toda criação. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A vida e o transito de São Francisco, nos fascina, na medida em que nos indagamos pela psicogêneses de suas gigantescas superações, sua coragem, desprendimento, energia e sobretudo sua resiliência, aquela capacidade que alguém possui no sentido de superar adversidades. De romper com apegos que impedem de buscarmos nossa singularidade, livrando-nos, assim, de vivermos assujeitados ao desejo do outro sem que tenhamos a capacidade de nos tornar pessoas inteiras e desenvolver nossas potencialidades como indivíduos. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">E a primeira “morte”, o primeiro “corte” que Francisco constroi foi o sua individuaçao com o seu pai e na seqüência com o Bispo local.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Francisco vai individualizar-se em relação a seu pai, o Sr. Bernardoni, um pai dominador, consumista, que passa a maior parte de sua vida pensando mais nos seus lucros como comerciante, do que perceber a grandiosidade do filho. É significativo o gesto de Francisco tentando se libertar desse domínio paterno, quando sai pelas ruas distribuindo os bens do Sr. Bernardoni entre os pobres. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Numa interpretação elementar desse gesto se poderia dizer que ao mesmo tempo que distribuía os bens do pai entre os pobres, tornava-se Francisco, ele mesmo, o bom pai que nunca teve. Era ele ainda o próprio pobre, o mendigo, o leproso, numa relação simultânea de sujeito e objeto. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">O temor de perder na vida a oportunidade de relacionar-se, de viver radicalmente o amor que tanto pregou, de ser notado, de ser olhado, e desejado pelo pai, levou Francisco a desnudar-se, de despir-se diante do próprio pai sinalizando em primeiro lugar a quebra das relações que segundo consta não eram das melhores. E em segundo lugar, o rompimento com o sistema capitalista com o qual o pai e a Igreja na pessoa do Bispo, estavam comprometidos. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Uma vez completamente desnudo, Francisco entrega seus trajes ao pai. A nudez do jovem parece falar de seu desejo de mostra-se sem máscara diante do pai, esperando dele uma certa reação de condescendência ou um gesto que expressasse algum sinal de acolhimento paternal. É que o temor que mais nos atinge enquanto seres humanos é o temor do desamparo, o medo da solidão que sempre se reporta a perda do amor do pai. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Experienciando a dor da falta do amor do pai real, Francisco vai singrar outros mares no encalço de outras pais simbólicos. Afinal, Francisco sente uma extrema necessidade de substitutivos simbólicos capazes de “ressuscitá-lo” da morte de sua relação perdida . O texto de sua conhecida oração, especialmente onde encontramos as palavras “<i><u>onde houve discórdia que eu leve a união, onde desespero que eu leve esperança, que eu procure mais consolar que ser consolado</u></i>” encontramos Francisco falando de si mesmo, aludindo seus proprios registros internos numa tentativa de superação dos mesmos.</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Alguém disse que “de dentro do caos, irrompe uma ordem superior que se auto-regula e se refaz, e esta ordem superior e a vida” Francisco se identifica com EROS o representante da Pulsão de Vida, pulsão que nos autoriza a liberdade, a espontaneidade, a fantasia e a expressão do desejo. Francisco de forma heróica e, quase sobre-humana, transpôs os umbrais da pulsão de morte, do sentimento de terminalidade. Irmana-se com a morte num vinculo de cumplicidade e companheirismo. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"> Esse “irmao-sempre-alegre” como costumeiramente e chamado, torna-se alguém para alem do inorgânico ou para onde nos arrasta e nos atrai a pulsao de morte. Superando de forma inequívoca as categorias maniqueístas do bem e do mal, Francisco se transfigura numa espécie de hispostase cósmica, reconcilia-se com todas as criaturas, mergulha no mistério insondável, vive como ressuscitado ainda que na existência terrena. Traz dentro de si a sensação intensa de êxtase, perde o “self-objeto” percebendo-se não limitado ao corpo. </div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Sua morte cantada, longe de ser uma experiência terminal, e recebida como a entrada do vazio na plenitude, do finito para o infinito, da falta para a totalidade. Francisco vira símbolo de toda saudade e de todo desejo de completude humana e não humana e, mais que isso, Francisco se consagra como um dos arquétipos da humanidade reconciliada. </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-58543306467617633752011-08-26T20:47:00.000-03:002011-08-26T20:47:15.830-03:00O Tau Franciscano<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">“<span style="font-size: medium;">Era como se sua missão consistisse em traçar o Tau na fronte das pessoas que gemem e choram” (Boaventura)</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;">A Fraternidade universal franciscana espalhada no mundo inteiro, tem no Tau a concentração de sua espiritualidade. Símbolo da vida, da cor-dialidade, da com-fraternização, da sensibilidade, da leveza, da energia central que anima o espírito e da conversão permanente ao Cristo. O Tau prefigura a cruz quando ocupa o último lugar no alfabeto hebraico, assemelhando-se à forma de cruz.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;">O alfabeto grego o coloca no décimo nono lugar sugerindo um “T” maiúsculo. É que na antiguidade dava-se muita atenção à correlação entre a letra e o número e vice-versa, derivando daí a teoria da “gematria” que dava as palavras bíblicas certo valor numérico. O Tau representava, por exemplo, o número trezentos por sua derivação do três e do cem e múltiplo de dez dando o sentido de completude. O texto de Ezequiel (9,1-11), tornou-se um clássico na evolução histórica do Tau onde por duas vezes é mencionado o sinal da cruz ou “T” do alfabeto hebraico que ali preserva do mal o povo justo. “Percorra a cidade de Jerusalém e marque com uma cruz (T) a testa dos indivíduos que estiverem gemendo por causa das abominações que se fizer no meio dela...” (v. 4). “Não toqueis nenhum homem sobre quem estiver o sinal” (v.6). Ainda no AT, dentro das prescrições de Moisés no Livro do Êxodo (l2, 21-23), os israelitas são identificados e poupados do anjo exterminador por mediação de um “sinal” impresso nos batentes das portas da casa. No livro do Apocalipse (7, 2-3) de forma análoga o exilado de Patmos registra o “selo de Deus” na fronte de seus servos. “Não façais mal à terra nem ao mar nem às árvores até que tenhamos o selo de nosso Deus na fronte de seus servos” há aí, segundo alguns comentaristas, uma forte referência ao Tau, como o “selo de Deus”, um “sinal” de salvação aos que experimentam a conversão e se tornam servos de Deus.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;">Geralmente esculpido em madeira tosca e suspenso por um cordão de couro, o Tau consagrou-se como símbolo da mística e testemunho de vida franciscana. </span> </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;">Fontes históricas dão conta que São Francisco aproximou-se inicialmente do Tau como sinal que identificava as congregações de apostolado caritativo-hospitaleiro, como por exemplo, a ordem hospitaleira de Santo Antonio Eremita, ou Antoninos, bastante conhecida no seu tempo que cuidava da assistência aos hansenianos. Foi também o Tau símbolo que inspirou São Francisco no seu apostolado entre os forasteiros e peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela, ele mesmo e seus frades se definiam como peregrinos.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;">Segundo Tomás de Celano, S. Francisco dava início as suas atividades diárias com o Tau e com ele assinava seus inúmeros “bilhetes” como também com o mesmo decorava as paredes da cela. Certa vez transportando um enfermo que agonizava, tocou-lhe a fronte com seu bastão ornamentado com o sinal do Tau , devolvendo-lhe a saúde. </span> </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: medium;">Outra, e mais importante familiaridade de São Francisco com o Tau, é a aliança que o santo estabelece com a pobreza, escolhendo-a voluntariamente como uma acese de despojamento e identificação com os pobres, não somente entre os pobres mas como pobre, pobreza como disponibilidade interior, como uma maneira evangélica de ser, individuada, livre, comprometida-descomprometida.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">O Tau ao lado de tantos outros sinais iconográficos cristãos, vai marcar também sua presença nas inscrições das catacumbas junto aos nomes dos mártires, assinalando sua eloqüência evangélica de resistência ao poder dos mais fortes e ao mesmo tempo excluindo qualquer possibilidade do “sinal” Tau ser reduzido a mero adorno decorativo dissociado do testemunho de vida e das virtudes essenciais fundamentadas na conversão e pobreza de quem ousa viver o Cristo crucificado e a riqueza e dimensão do “pax et bonum” da </span> </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">espiritualidade franciscana. </span> </div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Dom Celso Franco de Oliveira</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"></div>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-19078122301476723292011-08-25T21:11:00.002-03:002011-08-25T21:11:10.843-03:00Espaço de estudo<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="titulo_arte" style="color: #8f3139; font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span style="color: #993333;">A devoção natalina de São Francisco e Santa Clara</span></b></span><br />
<span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"></span></span><br />
Para reencontrar a nossa "secularidade", deveríamos procurar responder à pergunta por que Francisco considerava o Natal "a festa das festas" (2Cel 1 99).<br />
Para muitos teólogos, essa afirmação é uma aberração da piedade popular. No seu parecer, a época pascal (de Sexta-feira Santa até Pentecostes) constitui o ponto alto<br />
do Ato litúrgico. De fato, em muitas partes, a festa de Natal foi reduzida a um acontecimento folclórico, sentimental e sem compromisso, uma espécie de fuga da realidade a um mundo tanto interior quanto irreal, que não tem nada que ver com a verdadeira vida.<br />
É possível, porém, ver o Natal também de uma outra maneira. Nas suas teses, o teólogo franciscano Duns Scotus partiu teologicamente do amor de Deus. Deus se identifica de tal modo com o Amor que não pode ser entendido como isolado ou único. Não é, portanto, "um ser que existe para si mesmo", como foi formulado por vários filósofos. Pelo contrário, Deus é total doação, total entrega. Por isso, quer um mundo onde as criaturas amem a si mesmas e aos outros, formando uma única criação interdependente, que constitui uma espécie de rede, uma realidade definida pelas suas relações mútuas e não pelas suas delimitações e separações. Por este motivo, de um modo insuperável, Deus mesmo se fez presente numa criatura: Jesus de Nazaré. Através dele, deseja amar todo mundo e ser amado por todo mundo. Todos hão de reconhecer onde está o seu centro, para poder crescer à plena unidade no amor.<br />
É por isso que Francisco celebrou a vinda de Deus ao mundo. Para ele, Deus é a encarnação da humildade, que se encontra até nas mínimas coisas: numa criança, que nasce num estábulo, no meio da indigência, da falta de abrigo, na pobreza e na miséria, em todas as necessidades, criadas por uma economia e uma política que permitem e aceitam a situação de refugiados e exilados, de pobres e leprosos como uma espécie de subprodutos. Deus nos convida a procurá-lo no meio dos pobres, também entre as criaturas sofredoras e famintas, entre seres humanos e animais. Por este motivo, Francisco queria conseguir que tanto o Imperador como também "todos os governantes dos povos" no mundo inteiro promulgassem leis que reconhecessem essa verdade. Para ele, o Natal dá o impulso para superar tanto a pobreza, como a fonte, para constituir o fundamento da verdadeira humanização das pessoas.<br />
A continuação do Natal acontece na Eucaristia: Deus "se humilha todos os dias", entrando num pedaço insignificante de pão, partilhado pelos que acreditam nele (Adm1). Deus quer que - diariamente de novo - as pessoas se encontrem juntas na sua presença. Ninguém deveria continuar a se apegar a seus propósitos egoístas, ninguém deveria esconder-se no seu ninho individual, mas todos têm que se levantar de todos os lados para recomeçar a se reencontrar mutuamente e ao mundo inteiro: o mar e o campo, a terra e o céu: tudo há de reviver (CtOrd) e a "beatifica comunhão) (ParPn) que existe no céu há de se tornar visível e reconhecível já aqui na terra.<br />
Natal significa uma subversão diária dos valores e uma transformação radical do comportamento humano. Aquilo que parece pequeno e insignificante tem que ser considerado grande; aquilo que é considerado importante e valioso tem que reverter à categoria das coisas sem valor. Os pensamentos de Deus não são os pensamentos humanos. Os leprosos pertencem ao centro, os poderosos têm de ceder-lhes o lugar central. A Família Franciscana é destinada a trazer a mudança divina e revolucionária para dentro do mundo, assim como Maria o exprimiu no seu canto Magnificat.<br />
E é assim que Deus se une irrevogavelmente ao mundo. E somente aqueles que seguem o exemplo de Deus, assumindo o mundo para mudar o seu destino para o bem, estão do lado de Deus. Cruz e Ressurreição são extensões desse pensamento, são condensações, culminações, conseqüências dele. Portanto, Deus chega a ser a força histórica e modificadora para todos os que acreditam na Religião da Encarnação e que dão testemunho dela. Numa carta escrita por Francisco, ele definiu as pessoas que têm fé como "Mães de Deus". Como Maria, também nós podemos conceber Deus, carregando-o em nós e fazendo-o nascer pelas nossas boas obras. Portanto, podemos contribuir com nossa parte, para que Deus esteja realmente presente no mundo, de um modo visível e palpável (cf. 2CFi 53).<br />
A seu modo, também Clara de Assis dá testemunho do mesmo mistério da Encarnação de Deus. Assumiu o pensamento místico do seu amigo Francisco para o aprofundar, alcançando um ponto alto na sua experiência interior, ao escrever a sua amiga, Inês de Praga: "Ama totalmente aquele que totalmente se deu por teu amor, aquele cuja beleza o sol e a lua admirará e cuja generosidade, preciosidade e grandeza não têm limites, isto é, ao Filho do Altíssimo, que nasceu de Maria, a qual permaneceu virgem depois do parto. Prende-te àquela dulcíssima Mãe, que engendrou tal filho que os céus não podiam conter e que, todavia, ela conteve no pequeno claustro de seu santo corpo e trouxe no seu seio virginal" (3Ctln 3). O infinitamente grande se limita; o inatingível se deixa tocar. Aqui Clara retoma o motivo de um antigo hino a Maria:<br />
Aquele que a terra, o mar e o ar<br />
Louvam, adoram e veneram;<br />
Aquele, Senhor dos três mundos,<br />
Foi contido no seio de Maria.<br />
Seria bom se nós nos detivéssemos um pouco mais neste pensamento da livre autolimitação de Deus; pois, há de ficar o pensamento central da fé cristã. O fato da criação já foi um ato de autolimitação; Deus se retirou, se limitou para que a criação tivesse espaço, tivesse uma história autônoma, para que os seres humanos tivessem sua liberdade. E quando Deus se revela, então se submete à sua própria criação, se entrega nas mãos dos seres humanos, se deixa tocar, se faz presente em tudo que não é Deus.<br />
Clara persegue essa idéia até os seus extremos: "Vejo como é manifesto que a alma do homem fiel, pela graça de Deus, a mais dignaç das criaturas, é maior do que o próprio céu. Pois os céus e todas as outras criaturas não conseguem conter o Criador, mas somente a alma do homem fiel pode ser sua mansão e sua morada. Isto é apenas possível pela caridade da qual estão privados os ímpios. Ora, aquele que é a Verdade diz: Quem me ama será amado pelo meu Pai e eu o amarei, e nós Viremos a ele e nele faremos a nossa morada" (Jô 14, 21-23) (3Ctln 4). Aquilo que aconteceu a Maria em nível biológico-histórico continua sendo uma possibilidade real em nível místico-espiritual para todo cristão que tem fé: a consciência de Deus, a Encarnação de Deus, a habitação de Deus dentro do ser humano.<br />
Neste sentido, Clara escreveu a Inês: "Assim como a gloriosa Virgem das virgens o trouxe materialmente em seu corpo, da mesma maneira também tu, seguindo os seus passos, especialmente a humildade e a pobreza, sem dúvida alguma, poderás trazê-lo espiritualmente no teu casto e virginal coração. Deste modo, conterás aquele pelo qual tu, e todas as criaturas, são contidas. Igualmente possuirás algo mais precioso do que o resto dos bens passageiros que este mundo pode oferecer" (3Ctln 4).<br />
Portanto, também para Santa Clara, o objetivo da Encarnação de Deus é o mundo, o universo.<br />
Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-70965604233190675022011-08-25T20:24:00.002-03:002011-08-25T20:24:31.945-03:00Espaço de estudo<br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #8f3139; font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span style="color: #993333;">O mundo como "convento"</span></b></span></div><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">À primeira vista, também Francisco e Clara foram marcados pelo espírito de dualismo. Jejuavam e mortificavam-se, tratavam mal o seu "irmão jumento", quer dizer, seu próprio corpo, com tanta dureza que chega a ser quase incompreensível hoje em dia. Os dois "saíram do mundo". Francisco usou esse termo para expressar que o beijo que deu ao leproso significava realmente uma mudança radical na sua própria vida. Com esse passo, porém, não chegou a um estado extraterrestre, muito pelo contrário.</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"><br />
</span></div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Talvez seja bom, relembrar aqui o trecho onde o próprio Francisco descreve sua conversão: "Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como estivesse em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para os leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia com eles. E, enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo" (Test 1-3).</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Em primeiro lugar, é preciso chamar atenção ao fato de que Francisco encontrou Deus no mundo, no abraço de um pobre excluído, desprezado e miserável, no encontro com a miséria social, que o confrontou na pessoa de um leproso. Portanto, Francisco abandonou um certo tipo de "mundo", ou seja, o mundo marcado pela desumanidade, que continua produzindo sempre novos "leprosos". E ele se integrou num outro mundo: num mundo caracterizado pela compaixão, que resgata o leproso, reintegrando-o no meio da sociedade. Francisco quer um mundo que termina com todas as formas de exclusão e onde se consegue chegar à experiência de Deus; assim como acontece num encontro autêntico, num abraço amigo, num beijo.</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Que Francisco, de fato, não deixou o mundo, mas considerava o mundo como um lugar próprio para sua nova forma de vida, é demonstrado, por exemplo, pela nova lei que deu à sua fraternidade: "Quando os irmãos andarem pelo mundo, (devem encarnar o espírito do Evangelho)" (RegNB 14). Francisco concebia a sua comunidade como uma fraternidade nômada: Não devia fixar-se definitivamente em lugar nenhum, nem nos montes, nem nos vales. Ao máximo, poderia repousar-se por um pouco de tempo, para depois partir novamente e continuar a caminhada.</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Num jogral maravilhoso, chamado "Sacrum Commercium", que foi escrito em meados do século XIII por um franciscano desconhecido, conta-se com a "Senhora Pobreza" pediu aos frades que lhe mostrassem o seu convento. "Conduziram-na a um certo monte, mostraram-lhe a região toda que se podia ver, e disseram: Senhora, este é o nosso convento!" (SCom 63).</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">O mais famoso poema escrito por São Francisco, "O Cântico do Irmão Sol", não é outra coisa do que uma transposição quase litúrgica - em forma de hino - de uma espiritualidade profundamente secular.</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Portanto, seria muito proveitoso procurar ler também os outros escritos de Francisco sob um ângulo "secular". Comparemos, por exemplo, a "Regra Não-Bulada" com a "Carta aos Fiéis".</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal"><br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div></span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">A Regra Não-Bulada é o fundamento da Primeira Ordem, assim como a Carta aos Fiéis é o fundamento da Ordem Terceira. Por via de regra, encontramos poucos trechos na Regra que não poderiam estar também na Carta, e vice-versa. Além disso, muitas das frases são quase idênticas. Isto obriga concluir que tanto a Primeira como a Terceira Ordem, e provavelmente também a Segunda Ordem, são mantidas pela mesma dinâmica espiritual, ou seja, é preciso procurar, encontrar e testemunhar Deus no mundo. Em outras palavras, nossa missão não consiste em outra coisa do que sermos testemunhas de Deus no mundo..</span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-126344425228330332011-08-25T20:19:00.002-03:002011-08-25T20:19:32.526-03:00Espaço de estudo<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="titulo_arte" style="color: #8f3139; font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span style="color: #993333;">O QUE QUER DIZER O TERMO "SECULAR"?</span></b></span><br />
<span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"></span></span><br />
Antes de prosseguir nesta procura, temos que esclarecer o termo "secular" de modo mais nítido. Pois, neste contexto, essa palavra não é sinônima nem de "ateu", nem de "secularizado" (cf. Lição 14), mas significa bem outra coisa. Trata-se justamente do contrário! Pois, não é possível encontrar a Deus a não ser no âmbito secular, em "todas as coisas deste mundo", como Inácio de Loyola definiu: quer dizer, nas pessoas humanas com suas preocupações e necessidades, suas alegrias e esperanças, nos animais, nas plantas e nas pedras, nas situações concretas e nas circunstâncias sociais, nos acontecimentos e nas experiências da história. Portanto, a pessoa religiosa não precisa ir ao deserto, subir ao cume de um monte ou refugiar-se no mundo interior da alma (apesar de poder fazer isto também!) para procurar a Deus. Não precisa despedir-se do mundo para encontrar a Deus. Este é o ensino da Bíblia, com a qual estamos comprometidos.<br />
<span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Na história da Igreja é possível encontrar ainda uma outra influência predominante: A realidade como constutuída de duas partes desiguais, ou seja, do "mundo", considerado como uma coisa inferior ou mesmo ruim, e do "espírito", considerado o melhor ou até mesmo a única coisa válida e boa.</span><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Nesta perspectiva, a única preocupação importante consistiria em ocupar-se exclusivamente das coisas espirituais, mortificando os sentidos, estimulando o poder da alma, fugindo do mundo, entregando-se a Deus. Essa mentalidade cria um dualismo irreconciliável. Os ascetas do cristianismo primitivo saíram das cidades e refugiaram-se no deserto. Seus seguidores procuravam a vida religiosa pela renúncia às suas posses (pobreza), à vontade própria (obediência) e à sexualidade (virgindade). Evidentemente, esses três pontos de cristalização da vida cristã contêm muitos conteúdos positivos e preciosos. Por este motivo, continuam constituindo - para inúmeros cristãos - motivos e perspectivas essenciais, válidas até hoje.</span><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Desde o início, porém, estavam penetradas por um espírito dualista, marcado pelo desprezo do mundo.</span><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"><div style="text-align: justify;">O dualismo tem ainda outras raízes que não são nem cristãs. Por isso, não convém que seja um motivo condutor (leitmotiv) para a vida franciscana. O mundo real é a criação de Deus, o lugar onde a glória de Deus se manifesta e que resplandecer. Mesmo sendo verdade que Deus habita na alma humana individual, normalmente costuma agir através da história dos povos. Mostrou-se na sarça ardente a Moisés, para usá-lo como instrumento numa obra histórica e salvífica: devia conduzir o povo de uma situação de opressão e dependência à plena liberdade. Deus está presente nos processos de libertação dos povos e no engajamento em prol de mais justiça e paz. Ele se encarnou (Jô 1) e quer continuar presente no mundo até o fim dos tempos (Mt 28,20). Quem deseja seguir a Deus, tem que seguí-lo mundo adentro.</div></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-56609795352550432752011-08-25T20:14:00.000-03:002011-08-25T20:14:09.029-03:00Espaço de estudo<br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #8f3139; font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span style="color: #993333;"> A alienação da vocação franciscana</span></b></span></div><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Não foi possível manter por muito tempo a índole secular da vocação franciscana. Logo nasceram correntes contrárias que conseguiam reconduzir o movimento de volta por trilhos tradicionais.</span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">>> Por exemplo, foram introduzidos na Regra Não-Bulada os três "Conselhos Evangélicos". Pouco antes que essa Regra fosse escrita, a vida religiosa foi reduzida na Igreja à prática dos três assim chamados Conselhos Evangélicos. A Cúria papal estava de tal modo fascinada por eles que insistia em incluí-los também na Regra franciscana. Foi somente uns cinquenta anos depois que a Regra franciscana ficou pronta, que a pobreza, a obediência e a virgindade, conhecidas em seu conjunto como os "Conselhos Evangélicos", ocuparam o lugar central. São considerados elementos essenciais e constitutivos de qualquer comunidade religiosa. De sua parte, os dois grandes teólogos, o franciscano Boaventura e o dominicano Tomás de Aquino, contribuíram para que isto acontecesse. Sem dúvida, essa teologia pertence ao que há de melhor no pensamento da Igreja sobre uma das formas de vida cristã. Todavia, não se deve esquecer que - deste modo - o específico de cada espiritualidade é relegado ao segundo plano.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Em vez de testemunhar pela secularidade da espiritualidade franciscana, os próprios franciscanos logo insistiram na distância que os separava do mundo, em função dos Conselhos Evangélicos. A possibilidade de interpretar até os Conselhos Evangélicos de um modo "secular" é uma intuição que ressurge somente em nossos dias. Durante os séculos passados formaram a grande barreira que separava a Primeira e a Segunda Ordem da Ordem Terceira.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">>> Não demorou muito, e o muro da clausura também chegou a fazer parte da Ordem franciscana. Em vez de morar provisoriamente em certos lugares, assim como Francisco tinha designado, as comunidades franciscanas começaram a habitar em "conventos", constituídos por edifícios sólidos que pareciam verdadeiras fortalezas. A separação do mundo, ou seja, das pessoas do mundo, acabou sendo quase absoluta. Sobretudo para as Clarissas, a clausura se tornou inexpugnável. Existem indicações suficientes para demonstrar que esta evolução foi promovida pela Igreja hierárquica. Sobretudo a Segunda Ordem recebeu uma Regra pelo Cardeal Hugolino, o futuro Papa Gregório IX, que consistia em mais da metade de prescrições que tocam a questão da clausura. Tanto a Primeira como a Segunda Ordem foram adaptadas à vida monástica conhecida até então. Certamente, isto não correspondia às intenções nem de São Francisco, nem de Santa Clara.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">>> Pouco tempo depois, seguiu-se a "clericalização" da Primeira Ordem. A partir de sua espiritualidade, Francisco era um leigo, mesmo sendo membro da hierarquia eclesiástica pela sua posição como diácono. Foi vontade dele que os seus irmãos pertencessem - como simples leigos - ao grau básico da Igreja (cf. 2Cel 146), mesmo quando eram incumbidos de missões especiais. No meio do povo deviam viver a radicalidade do Evangelho, sendo pobres entre pobres, vivendo a fraternidade em comunidades concretas, anunciando a presença de Deus na situação do dia-a-dia e no mundo inteiro, unindo-se a todos os que crêem e que querem formar a Igreja de Jesus Cristo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">>> Com a entrada dos primeiros sacerdotes, por exemplo, do irmão Pedro Cattani, essa intenção foi desrespeitada. A admissão de clérigos desenvolveu-se e multiplicou-se até constituir uma legalidade própria: havia cada vez mais sacerdotes ordenados, até que eles ocupassem todos os n´veis da vida franciscana. Francisco sempre se opôs a essa evolução; mas, logo depois de sua morte, irmãos foram nomeados bispos e chegaram até a ser eleitos Sumos Pontífices.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Com isto se completou uma total des-secularização, em detrimento da intenção primitiva de Francisco. Seguramente o Santo não previu essa evolução. Acreditava, pelo contrário, que os sacerdotes que se juntavam à sua Ordem, seriam capazes de submeter-se ao novo espírito - por ele desenvolvido - de doação ao mundo. Em consequência de evoluções modernas em nossos dias, voltam a existir chances reais de poder reencontrar a intenção original de Francisco. </span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">>> Do mesmo modo, a Ordem Terceira afastou-se cada vez mais do mundo. Nos lugares em que chegou a formar comunidades estáveis, também começou a erigir muros de separação e clausura. Nos lugares em que membros da Ordem Terceira continuavam vivendo "no mundo", procuravam criar uma espécie de clausura "dentro dos seus corações". Formavam associações piedosas, sem influência significativa na sociedade que as circundava. Até que ponto a Ordem Terceira continua sofrendo dessa imagem é exemplificado pela sua situação em muitas partes do mundo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Apesar - ou até por causa - da obrigação de fazer penitência, que lhe era fundamental, a Ordem Terceira teve certos resultados sociais. Um exemplo é a recusa ao serviço militar e a consequente resistência aos sistemas políticos vigentes.</span></span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;">Essas poucas indicações são suficientes para justificar o apelo de retornar às fontes! "Como família franciscana, vamos voltar a redescobrir a nossa espiritualidade original de secularidade; pois, apesar de todas as diferenças, ela continua sendo o traço unificador entre nós".</span></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-84317954730296405402011-08-11T11:18:00.001-03:002014-01-15T11:08:44.899-02:00Santa Clara e o hálito da Santidade<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1_mht7FSz7Y-YEEBV8Ut-fMgE1dQ_V24HWqbt8UmWsQM4B3HIJVsMAHBPhQTBRbZinpgZqEnQpDSJGIViRNP6HDPMfFL0Xle7wc-f5JMfKtuE0OpomgpXOnQWo2XBSWWkiObDc4DwXVnw/s1600/Santa+Clara.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1_mht7FSz7Y-YEEBV8Ut-fMgE1dQ_V24HWqbt8UmWsQM4B3HIJVsMAHBPhQTBRbZinpgZqEnQpDSJGIViRNP6HDPMfFL0Xle7wc-f5JMfKtuE0OpomgpXOnQWo2XBSWWkiObDc4DwXVnw/s320/Santa+Clara.jpg" width="262" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Hoje no calendário da igreja se comemora o dia de Santa Clara de Assis. Muitos vêem nessa grande e santa mulher, uma coadjuvante da obra de São Francisco, no entanto sua importância vai muito além disso.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Clara foi uma mulher muito rica, cujos olhos nunca perderam o foco no amor divino. Numa época em que a mulher se limitava a preparar-se para um bom casamento, Clara pensava em algo mais. Sentia em seu coração um chamado que foi se clarificando até o momento em que “um jovem louco de Assis” iniciou o que seria um dos movimentos que mais arejou e transformou a igreja de Cristo. Ao desnudar-se diante do Bispo de Assis e declarar que daquele dia em diante teria como único pai aquele que está nos céus, Francisco desnudou também o coração de Clara para as verdades eternas. Foi apenas uma questão de tempo até que Clara seguisse os passos do “pobrezinho” e se juntasse a ele no sonho de uma vida cristã simples, focada nos olhos do outro e tendo os mais pobres como referência maior.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
No entanto, Clara não apenas aderiu ao chamado de Cristo através do novo carisma nascente, ela tornou-se uma importante bússola para o movimento, apoiando São Francisco em seus momentos mais difíceis. Foi ela aquela que o fortaleceu na tarefa de consolidar o carisma franciscano, sugerindo que Francisco continuasse itinerante, ao invés de recolher-se a clausura, não abandonando a contemplação, mas tendo o mundo como igreja. Foi ela aquela que o apoiou e fortaleceu quando Francisco, em profunda crise, achava que sua vocação era equivocada e que havia errado em tudo.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sobre esse aspecto, é bom que se diga que costumamos ver os santos como pessoas que já nascem com a aura da pureza e santidade, desconsiderando os imensos sacrifícios que fazem para alcançar os méritos que hoje reverenciamos nos altares. A vida de São Francisco e de Santa Clara costuma ser cercada de romantismo, como se eles fossem pessoas imaculadas, cuja vida fosse marcada por grande luz, do começo ao fim. No entanto, quando nos debruçamos sobre as suas histórias, imunizados de um olhar desatento, percebemos que ambos viveram momentos de insegurança, de dúvida, incompreensão e dor.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Quando apenas percebemos o aspecto da santidade sem perceber a nuance humana que o permeia, tendemos a ser intolerantes e duros. Olhar o santo ou a santa com um ser humano em processo intenso rumo à experiência divina, tendo no percurso, altos e baixos, alegrias e tristezas, milagres e silêncio é de suma importância para que aprendamos a seguir os seus passos rumo a Cristo com mais tolerância e amor cristão.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Francisco teve em Clara um suporte seguro para trilhar o seu duro caminho e ela, considerando-se uma humilde plantinha de seu jardim, percebeu a importância de seguir os seus passos, sem perder o foco maior que é Jesus.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 2011. Dia de Santa Clara de Assis.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Paz e bem!</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Frei Sidney Pinto Guedes </div>
Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-24017253363663409042010-04-22T22:02:00.000-03:002010-04-22T22:02:09.552-03:00Formação Franciscana<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">OS PERIGOS DO SABER E DA CIÊNCIA</span></b></span></div><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Um noviço veio ter com Francisco dizendo: "Pai, seria para mim uma grande consolação ter um saltério". Respondeu-lhe o santo: "E quando tiveres o saltério, vais querer um Breviário. Depois, instalado na tua cadeira, como um grande prelado, dizes ao teu irmão: 'Traze-me cá o breviário'". Dizendo isto, pega um pouco de cinza, leva-a à cabeça, esfregando-a com a mão, como que a lavá-la e falando para consigo: "É este o meu breviário"! E repetia gesto e palavras, muitas vezes.</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;"><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Por fim, disse Francisco: "Irmão, também eu tive a tentação dos livros; mas para conhecer a vontade do Senhor peguei no livro dos Evangelhos e pedii que ma desse a conhecer na primeira página em que eu o abrisse. Terminada a oração, abri o livro e deparei com este versículo: 'A vós é dado conhecer o reino de Deus, mas aos que estão de fora, tudo se lhes propõe em parábolas'". E acrescentou: "São tantos os que querem subir os degraus da ciência que bem-aventurado será o que a ela renuncia, por amor do Senhor Deus" (LegPer, 72).</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium;"><span class="titulo_arte" style="font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">I. INTRODUÇÃO</span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
</span><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Saber e a Formação têm que servir ao bem da pessoa sem, entretanto, fornecer-lhe motivo para se enaltecer acima dos outros com a pretensão de dominá-los. Foi esta a preocupação de Francisco e Clara.<br />
É evidente que os Irmãos e as Irmãs que pretendem ser missionários devem ter correspondente preparo e formação. Hoje se tornou óbvio que, para tanto, se aprendam línguas, que se estude e se saiba apreciar a cultura na qual se vai atuar. O propósito desta lição, porém, não é tratar dessas evidências.<br />
Trataremos, isto sim, da capacitação do/da missionário/a no sentido escpefificamente franciscano. A propósito, é bom lembrar que para Francisco não se pode fazer separação rígida entre um desempenho missionário no meio de um povo já cristianizado e o empreendimento evangelizador entre os não-crentes. Em ambos os casos, trata-se de um e mesmo objetivo: o da vida conforme o Evangelho, do anúncio do reino de Deus, que já chegou pela Encarnação de Deus em Jesus de Nazaré, o Cristo. Trata-se da missão de sermos testemunhas desta realidade por meio da palavra e da ação, por todo o nosso ser. A formação deve ter em vista esses objetivos. Só se é missionário/a segundo o ideal e o espírito de São Francisco, à medida que se crescer no modo de vida franciscano original.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium;"><span class="titulo_arte" style="font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">II. VISÃO DE CONJUNTO</span></b></span><br />
<span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"></span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Sobretudo convém livrar-se de conceitos tradicionais já ultrapassados da formação<br />
</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">O Congresso Internacional e Interfran-ciscano de Mattli (1982) elaborou princípios decisivos. Nele se alertou para o fato de a formação tradicional já não ser suficiente, para se poder enfrentar os desafios atuais. A formação deixou de ser apenas uma fase ou etapa na vida; transformou-se em uma dimensão que determina a vida inteira, de tal maneira que o indivíduo permanece aprendiz, isto é, em formação durante todo o transcurso da vida. Daí, pode-se concluir não ser tanto o indivíduo o objeto da formação, mas a comunidade como um todo. Não se pode mais aprender sozinho, hoje em dia, e, sim, mediante intercâmbio vivo com outros.<br />
Para o movimento franciscano, torna-se mais que evidente que Francisco e Clara são os modelos da formação. Deles é que se aprende a ser e a amadurecer como pessoa franciscana e missionária.<br />
Tão-somente a partir dessa perspectiva básica é que se pode fazer uma re-interpretação do caminho tradicional de formação, com vistas a uma atuação autenticamente franciscana e missionária.<br />
Finalmente, vamos frisar com especial insistência a significação missionária dos objetivos da formação.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium;"><span class="titulo_arte" style="font-family: Geneva, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 18px; font-weight: bold;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: red;">III. INFORMAÇÃO</span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
</span><span class="texto_principal" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px;"></span></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Quando ouvimos a palavra "Formação"</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Pensamos logo em escola, universidade e livros. Essa é uma concepção muito pobre e limitada. Precisamos voltar a uma conceituação bem mais ampla e profunda, mais correspondente à espiritualidade franciscana.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">1. "Mattli" (1982)</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">No Congresso interfranciscano de Mattli (Suíça) foi proposto o re-avivamento do ideal de formação original de Francisco. Por isso, transcrevemos aqui o texto dessa importante proposta:<br />
"Constatamos que a Igreja e o mundo se transformaram cada vez mais rapidamente. Daí, também o perigo de se tornarem rapidamente insuficientes as tradicionais concepções e modelos de aprendizagem e, mesmo, de formação permanente. Lembramo-nos de Francisco, sempre aberto aos sinais de tempo. Ele nunca enfrentava situações com idéias pré-concebidas. Até o final de sua vida, manteve-se disposto a aprender do mais jovem dos noviços. Desejava que a formação transcorresse antes em leprosários que em escolas superiores (LegPer 9). Estava convencido de que nada se aprende, se antes não se tiver praticado. Mesmo a formação teológica deveria servir primeiro à conversão pessoal e, só depois, à pregação.<br />
Por isso, como irmãos e irmãs, queremos, sobretudo, aprender uns dos outros, pela troca de experiências, pela leitura em grupo da Sagrada Escritura, pela oração em comum, pela Fração familiar do Pão e pela análise conjunta das situações. Correção fraterna é parte sobremaneira importante nesse processo.<br />
Especialmente nós, franciscanos e franciscanas, devemos levar muito a sério a frase de Gregório Magno: "Nossos mestres são os pobres; nossos sábios e doutores, os humildes" (Mattli 10).<br />
Este texto de Mattli, que acabamos de citar, merece ser desenvolvido e analisado mais de perto.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">1.1 A insuficiência da formação tradicional</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">O documento aponta claramente a insuficiência da formação usual tradicional, que acreditava que na infância e na juventude se poderiam adquirir todos os conhecimentos necessários para as exigências futuras da vida, sem precisar de uma ulterior reciclagem ou renovação.<br />
Até na própria Ordem se pode ouvir ocasionalmente a opinião de que no noviciado e na "fase de formação" (estudo da Teologia, especialização...) se poderia adquirir um "pacote" de receitas e de conteúdos de aprendizagem, no qual estaria contido tudo quanto fosse necessário para o posterior desenvolvimento prático da vida e da atuação apostólica.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Nos últimos tempos, porém, nós nos tornamos cada vez mais conscientes do fato que o mundo e a Igreja se transformaram constante e muito rapidamente. As necessidades do tempo presente tendem a fugir ou a se incompatibilizar com a formação anterior. Sentimo-nos incapazes de enfrentar as realidades e exigências de cada nova situação. Ao atual modo do ser humano pertencem, essencialmente, abertura, clarividência, prontidão para o novo e consciência de que de cada pessoa se reclama constante aprendizagem e readaptação. Daí, que se terá de trocar o velho conceito de formação pela convicção de que todo o transcurso da vida é um processo de aprendizagem, ao qual devemos dedicar-nos com o ser e o coração sempre atentos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Isto não significa que seja supérflua esta fase tradicional de formação inicial ou que se possa minimizá-la. Ela permanece necessária; mas deverá ser encarada apenas como rientação prévia geral.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333;"></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">1.2 A Comunidade como sujeito de formação</span></b><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Inicialmente, a própria comunidade terá que ser entendida como constante aprendizagem. Ela não deve pretender transmitir, como por um passe de mágica, a forma de como deve viver, hoje em dia, uma pessoa de orientação franciscana. Evidentemente, terá que saber mostrar e elucidar ao jovem a nossa forma de vida: "Explique-se diligentemente em que consiste o nosso gênero de vida" (RegNB 2,3). Mas não se pode pretender fazer isso, hoje, dentro do estilo da escola tradicional. Os candidatos terão que ser encaminhados dentro de seu processo pessoal de busca de formação. A comunidade, como tal, é que deverá abrir-se para sua própria formação permanente e à sua missão formadora franciscana.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Os vários elementos do documento de Mattli elucidam isto:<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Aprender uns dos outros</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Insiste-se numa concepção horizontal de formação, isto é, não se trata de alguns indivíduos que sabem tudo e de outros que não sabem nada. Cada um é, a um tempo, mestre e aprendiz.</span><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Troca de experiências</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Aprender é encontrar-se com experiências de outrem. "Experiência é ciência", reza o ditado. Conhecimento só por livros não é nem suficiente nem prudente. Quanto mais se somarem experiências vivas numa comunidade, tanto maiores serão as chances de aprender, contanto que não se guardem as experiências para si, mas que sejam compartilhadas.<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Leitura comunitária da Bíblia</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
O livro mais apto para a formação de pessoas de índole franciscana é o Evangelho. Pois Francisco não desejava outra coisa, senão "viver conforme o Santo Evangelho". No entanto, não se deve ler esse livro de modo individualista. É o livro da Igreja, da comunidade de Fé. Por isso mesmo, é somente através da leitura comum das Sagradas Escrituras que se consegue captar a Boa-Nova e descobrir os fundamentos da vida cristã. Também aqui é importante que as experiências individuais se somem ao esforço comum para se entender a Bíblia Sagrada. Justamente as diferentes experiências de Fé são uma chave para a compreensão da mensagem bíblica.<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Oração em comum</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Também a oração é um fator de formação. Na oração feita em comum a pessoa afirma sua fé e enriquece sua noção de valores, aprende a atitude orante, assim como a maneira de canalizar e exprimir suas emoções.<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Fracão comunitária do Pão</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Também a Eucaristia é um fator de formação. Isso deve ser afirmado especialmente a partir de uma compreensão franciscana. Francisco considerava-se encarregado de uma missão eucarística mundial. Suas cartas vêm marcadas por pensamentos eucarísticos. Trata-se, numa palavra, de redescobrir, sempre de novo, as razões primeiras e únicas de nossa missão, ou seja, Jesus Cristo morreu pela salvação da humanidade, seu sangue "é derramado por vós e por todos".<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> A mútua correção fraterna</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Importante instrumento da formação acima delineada é a correção fraterna. Ela se torna necessária e possível mediante a aceitação de que cristão é aquele que se dispõe à constante conversão proposta pelo Evangelho. Atitudes fingidas, juízos errôneos, comportamentos prejudiciais, tudo pode ocorrer numa comunidade de irmãos e irmãs. Se tais comportamentos negativos se confrontarem com a correção fraterna, poderão transformar-se em excelentes fatores formativos. Isto, porém, somente será possível num ambiente em que reina a confiança mútua que encoraja e constrói.<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Os pobres como mestres</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Aqui, o documento de Mattli atinge dimensões realmente proféticas. Os verdadeiros mestres são os pobres. São eles os que nos desafiam e nos revelam a verdadeira face da humanidade e suas possibilidades de transformação. Nenhum professor universitário, nenhum livro erudito, nenhum saber humano, mesmo dos mais profundos, é capaz de conduzir àquelas profundezas, onde o indivíduo começa a ser "pessoa" humana. Só os pobres revelam tais profundezas. Justamente essa convicção deve ser fundamental para franciscanos e franciscanas, uma vez que essa mesma experiência foi determinante para Francisco e Clara. Uma formação franciscana não pode ser autêntica, se ela não levar em conta o contexto dos pobres. Em outras palavras, irmãos e irmãs em fase de formação precisam necessariamente estar em contato com o mundo dos pobres.<br />
</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">>> Análise comunitária das situações</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
Tudo deverá ser abordado e reavaliado, vez por vez, compreendido caso por caso, de forma particular: a situação com que nos defrontamos, as estruturas dentro das quais vivemos, o contexto sempre novo de nossas atuações. Caso contrário, fica-se à beira da estrada e fora do tempo da vida, sem ouvir a voz de Deus que nos fala, precisamente, dentro das realidades de cada dia. Por isso, deve-se tomar cada situação como um real e concreto fator de formação. A análise exata de cada evento é tarefa também de cada comunidade, por exemplo, pelo método "Ver - Julgar - Agir".<br />
Neste contexto, cada continente, cada nação, cada cultura há de identificar a própria situação e as próprias circunstâncias para que a mensagem do Evangelho possa reviver sempre de novo.<br />
Em qualquer caso, a análise exata da situação é um pressuposto do processo permanente de aprendizagem. Flexibilidade, abertura e a vivência de relações interpessoais concretas são mais importantes do que "avaliações" previamente feitas que não correspondem às realidades concretas.</span></span></span></span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"></span></span></span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"></span></span></span></span></div></span></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-32387146240175609912010-03-19T23:57:00.001-03:002010-03-19T23:59:18.136-03:00Símbolos Franciscanos<div style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #b45f06;">TAU - Símbolos e Significados</span></b></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Há certos sinais que revelam uma escolha de vida. O TAU, um dos mais famosos símbolos franciscanos, hoje está presente no peito das pessoas num cordão, num broche, enfeitando paredes numa escultura expressiva de madeira, num pôster ou pintura. Que escolha de vida revela o TAU? Ele é um símbolo antigo, misterioso e vital que recorda tempo e eternidade. A grande busca do humano querendo tocar sempre o divino e este vindo expressar-se na condição humana. Horizontalidade e verticalidade. As duas linhas: Céu e Terra! Temos o símbolo do TAU riscado nas cavernas do humano primitivo. Nos objetos do Faraó Achenaton no antigo Egito e na arte da civilização Maia. Francisco de Assis o atualizou e imortalizou. Não criou o TAU, mas o herdou como um símbolo seu de busca do Divino e Salvação Universal.TAU, SINAL BÍBLICOExiste somente um texto bíblico que menciona explicitamente o TAU, última letra do alfabeto hebraico, Ezequiel 9, 1-7: "Passa pela cidade, por Jerusalém, e marca com um TAU a fronte dos homens que gemem e choram por todas as práticas abomináveis que se cometem". O TAU é a mais antiga grafia em forma de cruz. Na Bíblia é usado como ato de assinalar. Marcar com um sinal é muito familiar na Bíblia. Assinalar significa lacrar, fechar dentro de um segredo, uma ação. É confirmar um testemunho e comprometer aquele que possui o segredo. O TAU é selo de Deus; significa estar sob o domínio do Senhor, é a garantia de ser reconhecido por Ele e ter a sua proteção. É segurança e redenção, voltar-se para o Divino, sopro criador animando nossa vida como aspiração e inspiração.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU DO PENITENTE</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Francisco de Assis viveu em um ambiente no qual o TAU estava carregado de uma grande riqueza simbólica e tradicional. Assumiu para si a marca do TAU como sinal de sua conversão e da dura batalha que travou para vencer-se. Não era tão fácil para o jovem renunciar seus sonhos de cavalaria para chegar ao despojamento do Crucificado que o fascinou. Escolhe ser um cavaleiro penitente: eliminar os excessos, os vícios e viver a transparência simples das virtudes. Na sua luta interior chegou a uma vitória interior. Um homem que viveu a solidão e o desafio da comunhão fraterna; que viveu o silêncio e a canção universal das criaturas; que experimentou incompreensão e sucesso, que vestiu o hábito da penitência, que atraiu vidas, encontrou um modo de marcar as paredes de Santa Maria Madalena em Fontecolombo, de assinar cartas com este sinal. De lembrar a todos que o Senhor nos possui e nos salva sob o signo do TAU.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU FRANCISCANO</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU franciscano atravessa oito séculos sendo usado e apreciado. É a materialização de uma intuição. Francisco de Assis é um humano que se move bem no universo dos símbolos. O que é o TAU franciscano? É Verdade, Palavra, Luz, Poder e Força da mente direcionada para um grande bem. Significa lutar e discernir o verdadeiro e o falso. É curar e vivificar. É eliminar o erro, a mentira e todo o elemento discordante que nega a paz. É unidade e reconciliação. Francisco de Assis está penetrado e iluminado, apaixonado e informado pela Palavra de Deus, a Palavra da Verdade. É um batalhador incansável da Paz, o Profeta da Harmonia e Simplicidade. É a encarnação do discernimento: pobre no material, vencedor no espiritual. Marcou-se com este sinal da luz, vida e sabedoria.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU COMO IDEAL</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">No mês de novembro de 1215, o Papa Inocêncio III presidia um Concílio na Igreja Constantiniana de Roma. Lá estavam presentes 1.200 prelados, 412 bispos, 800 abades e priores. Entre os participantes estavam São Domingos e São Francisco. Na sessão inaugural do Concílio, no dia 11 de novembro, o Papa falou com energia, apresentou um projeto de reforma para uma Igreja ferida pela heresia, pelo clero imerso no luxo e no poder temporal. Então, o Papa Inocêncio III recordou e lançou novamente o signo do TAU de Ezequiel 9, 1-7. Queria honrar novamente a cristandade com um projeto eclesial de motivação e superação. Era preciso uma reforma de costumes. Uma vida vivida numa dimensão missionária mais vigorosa sob o dinamismo de uma contínua conversão pessoal. São Francisco saiu do Concílio disposto a aceitar a convocação papal e andou marcando os irmãos com o TAU, vibrante de cuidado, ternura e misericórdia aprendida de seu Senhor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU NAS FONTES FRANCISCANAS</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Os biógrafos franciscanos nos dão testemunhos da importância que São Francisco dava ao TAU: "O Santo venerava com grande afeto este sinal", "O sinal do TAU era preferido sobre qualquer outro sinal", "O recomendava, freqüentemente, em suas palavras e o traçava com as próprias mãos no rodapé das breves cartas que escrevia, como se todo o seu cuidado fosse gravar o sinal do TAU, segundo o dito profético, sobre as fontes dos homens que gemem e lutam, convertidamente a Jesus", "O traçava no início de todas as suas ações", "Com ele selava as cartas e marcava as paredes das pequenas celas" (cf. LM 4,9; 2,9; 3Cel 3). Assim Francisco vestia-se da túnica e do TAU na total investidura de um ideal que abriu muitos caminhos.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">TAU, SINAL DA CRUZ VITORIOSA</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Cruz não é morte nem finitude, mas é força transformante; é radicalidade de um Amor capaz de tudo, até de morrer pelo que se ama. O TAU, conhecido como a Cruz Franciscana, lembra para nós esta deslumbrante plenitude da Beleza divina: amor e paz. O Deus da Cruz é um Deus vivo, que se entrega seguro e serenamente à mais bela oferenda de Amor. Para São Francisco, o TAU lembra a missão do Senhor: reconciliadora e configuradora, sinal de salvação e de imortalidade; o TAU é uma fonte da mística franciscana da cruz: quem mais ama, mais sofre, porque muito ama, mais salva. Um poeta dos primeiros tempos do franciscanismo conta no "Sacrum Comercium", a entrega do sinal do TAU à Dama Pobreza pelo Senhor Ressuscitado, que o chama de "selo do reino dos céus". À Dama Pobreza clamam os menores: "Eia, pois, Senhora, tem compaixão de nós e marca-nos com o sinal da tua graça!" (SC 21,22).</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU E A BÊNÇÃO</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Francisco se apropriou da bênção deuteronômica, transcreveu-a com o próprio punho e deu a Frei Leão: "Que o Senhor te abençoe e te guarde. Que o Senhor mostre a tua face e se compadeça de ti. Que o Senhor volva o teu rosto para ti e te dê a paz. Irmão Leão; o Senhor te abençoe!" Sob o texto da bênção, o próprio Frei Leão fez a seguinte anotação: "São Francisco escreveu esta bênção para mim, Irmão Leão, com seu próprio punho e letra, e do mesmo modo fez a letra TAU como base". Assim, Francisco, num profundo momento de comunicação divina, com delicadeza paternal e maternal, abençoa seu filho, irmão, amigo e confidente. Abençoar é marcar com a presença, é transmitir energias que vêm da profundidade da vida. O Senhor te abençoe!A COR DO TAU</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU, freqüentemente, é reproduzido em madeira, mas quando, pintado, sempre vem com a cor vermelha. O Mestre Nicolau Verdun, num quadro do século XII, representa o Anjo Exterminador que passa enquanto um israelita marca sobre a porta de sua casa um TAU com o Sangue do Cordeiro.Pascal que se derrama num cálice. O Vermelho representa o sangue do Cordeiro que se imola para salvar. Sangue do Salvador, cálice da vida! Em Fontecolombo, Francisco deixou o TAU grafado em vermelho. O TAU pintado na casula de Frei Leão no mural de Greccio também é vermelho. O pergaminho escrito para Frei Leão no Monte Alverne, marca em vermelho o Tau que assina a bênção. O Vermelho é símbolo da vida que transcende, porque se imola pelos outros. Caminho de configuração com Jesus Crucificado para nascer na manhã da Ressurreição.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU NA LINGUAGEM</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU é a última letra do alfabeto judaico e a décima nona letra do alfabeto grego. Não está aí por acaso; um código de linguagem reflete a vivência das palavras. O mundo judaico e, conseqüentemente, a linguagem bíblica mostram a busca do transcendente. É preciso colocar o Deus da Vida como centro da história. É a nossa verticalidade, isto é, o nosso voltar-se para o Alto. O mundo grego nos ensinou a pensar e perguntar pelo sentido da vida, do humano e das coisas. Descobrir o significado de tudo é pisar melhor o chão, saber enraizar-se. É a nossa horizontalidade. A Teologia e a Filosofia são servas da fé e do pensamento. Quem sabe onde está parte para vôos mais altos. É como o galho de pessegueiro, cortado em forma de tau é usado para buscar veios d'água. Ele vibra quando a fonte aparece cheia de energia. Coloquemos o tau na fonte de nossas palavras!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">O TAU, O CORDÃO E OS TRÊS NÓS</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Em geral, o Tau pendurado no pescoço por um cordão com três nós. Esse cordão significa o elo que une a forma de nossa vida. O fio condutor do Evangelho. A síntese da Boa Nova são os três conselhos evangélicos= obediência, pobreza, pureza de coração. Obediência significa acolhida para escutar o valor maior. Quem abre os sentidos para perceber o maior e o melhor não tem medo de obedecer e mostra lealdade a um grande projeto. Pobreza não é categoria econômica de quem não tem, mas é valor de quem sabe colocar tudo em comum. Ser pobre, no sentido bíblico-franciscano, é a coragem da partilha. Ser puro de coração é ser transparente, casto, verdadeiro. É revelar o melhor de si. Os três nós significam que o obediente é fiel a seus princípios; o pobre vive na gratuidade da convivência; o casto cuida da beleza do seu coração e de seus afetos. Tudo isto está no Tau da existência!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">USAR O TAU É LEMBRAR O SENHOR</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #783f04;">Muita gente usa o Tau. Não é um amuleto, mas um sacramental que nos recorda um caminho de salvação que vai sendo feito ao seguir, progressivamente, o Evangelho. Usar o TAU é colocar a vida no dinamismo da conversão: Cada dia devo me abandonar na Graça do Senhor, ser um reconciliado com toda a criatura, saudar a todos com a Paz e o Bem. Usar o TAU é configurar-se com aquele que um dia ilumina as trevas do nosso coração para levar-nos à caridade perfeita. Usar o TAU é transformar a vida pela Simplicidade, pela Luz e pelo Amor. É exigência de missão e serviço aos outros, porque o próprio Senhor se fez servo até a morte e morte de Cruz.</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: red;">Por Frei Vitório Mazzuco, OFM</span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-81567673221794405262009-10-31T21:19:00.001-02:002009-10-31T21:21:39.407-02:00FUNDAMENTO BÍBLICO-PROFÉTICO DA MISSÃO FRANCISCANA<p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">COMO FRANCISCO MANDOU ADVERTIR O REI OTÃO</span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Certa vez, quando queria ensinar a seus irmãos que Deus é o único necessário, São Francisco recolheu-se com eles </span><st1:personname productid="em Rivotorto. Neste" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">em Rivotorto. Neste</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> lugar, retirou-se numa cabana abandonada onde procurava o encontro com o Senhor.</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> Passava por ali, naquele tempo, o Rei Otão, para receber em Roma a coroa do império terreno. O santo pai Francisco e seus companheiros, cuja cabana ficava à beira do caminho, apesar do enorme ruído e pompa, nem saiu para vê-lo nem permitiu que ninguém olhasse, a não ser um, para anunciar-lhe repentinamente que sua glória ia durar pouco.</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> Neste incidente, Francisco se assemelhava a um profeta do Antigo Testamento. Fez como Eliseu que mandou seu servo ao encontro de Naamã, o grande comandante das forças armadas do rei dos arameus (cf. 2Rs 5; Lc 4,27). Também Francisco indicava aos grandes deste mundo onde se encontra a verdadeira grandeza (cf. 1Cel 43).</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">I. INTRODUÇÃO</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Não pôr outro fundamento senão aquele que está posto</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Pois, quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro senão aquele que está posto", eis a intenção de Francisco de Assis (1Cor 3; 11; 1Cel 18). Conscientemente, se identificou com a tradição bíblica. Por isso, o movimento franciscano também terá que incorporar-se na tradição judaico-cristã.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Daí a necessidade de buscar estes fundamentos, talvez desconhecidos, e de estudá-los, caso ainda não estivermos conscientes de sua existência.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">1.2. O VERDADEIRO PONTO DE PARTIDA: OS PROFETAS BÍBLICOS</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Não é lícito, portanto, deduzir a vida religiosa de uma palavra do Novo Testamento. Mas isto não quer dizer que ela na tenha fundamento bíblico algum. As suas raízes, pelo contrário, mergulham profundamente na tradição bíblica. Em última análise, remontam ao movimento profético do povo de Israel, destinado a alcançar o seu ponto máximo em Jesus e seus discípulos, para desembocar depois na vida religiosa, na qual recebeu as mais variadas expressões, sendo uma delas a forma escolhida por São Francisco.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">II. VISÃO DE CONJUNTO</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal; "><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Livrar-se de noções errôneas sobre os fundamentos bíblicos da missão franciscana</span></span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> A pergunta pelos fundamentos bíblicos da missão franciscana merece mais do que uma resposta superficial. Veremos que será necessário primeiro acabar com noções errôneas antes de atingir o essencial. A vocação do movimento franciscano situa-se no mesmo nível que a vocação do povo de Israel. Trata-se de uma aliança que Deus conclui com um povo. Este povo lhe será obediente, vivendo em comunhão amorosa com o Senhor e conduzindo outros a Deus pelo serviço sacerdotal, visto que será repleto da santidade de Deus.</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A partir deste fundamento, será necessário falar dos profetas e das comunidades proféticas. Surgiam cada vez que Israel se mostrava infiel à sua vocação.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Observando atentamente, é possível constatar que Jesus e a Igreja primitiva estão incorporados, igualmente, à tradição profética. A vocação de Israel se cumprirá </span><st1:personname productid="em uma Nova Aliana." st="on"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">em uma Nova Aliança.</span></st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Enquanto a Igreja ainda não perdera o seu vigor, enfraquecida pelo inter-relacionamento com a sociedade profana, não havia necessidade de uma vocação profética. Essa necessidade surgiu a partir de um acontecimento histórico quando, no ano 325 dC, durante o império de Constantino, o cristianismo foi declarado religião do Estado. A partir daí, voltaram a aparecer pessoas que assumiam a tarefa dos profetas; ou seja: religiosos e religiosas, que procuravam manter-se fiéis aos ideais da Igreja primitiva e pautavam o seu estilo de vida de acordo com esse modelo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Finalmente, será preciso perguntar qual o lugar que Francisco ocupa dentro desta tradição profética e, derivadas daí, quais as exigências que se apresentam à família franciscana.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">2.1 OUVIR</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Se o povo de Deus não for um povo atento, capaz de ter o ouvido apurado para distinguir a voz de Deus, então de deixa de existir como povo. A palavra hebraica "ouvir" (= shamah) é a mesma que "obedecer", "responder". O elemento constitutivo, portanto, que faz do povo um "povo de Deus", é, em primeiro lugar, a abertura para Deus, e o tempo que emprega para ouvir o que a voz de Deus declara, aqui e agora.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">2.2. MANTER A ALIANÇA</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">É difícil explicar exatamente o significado da palavra hebraica berith (= aliança). Paulo, por sua vez, a traduziu pela expressão grega diatheke que quer dizer: "testamento". Indica o mistério que há no nosso relacionamento com Deus e entre nós. Porém, como exprimir o inexprimível, como captar por palavras o profundo mistério da vida? No Antigo Testamento, muita gente se esforçou por fazê-lo, lançando mão de comparações. Oséias compara a relação entre Deus e a humanidade como o relacionamento de amor que deve existir entre homem e mulher. Duas pessoas humanas que se unem para uma vida em comum, não somente pela sua proximidade sexual, pela qual celebram seu amor, mas pela totalidade de sua vida partilhada. Oséias, porém, reconhece que essa comparação é insuficiente. Começa, então, a utilizar outra imagem:apela ao amor dos pais pelos filhos (Os 11). Talvez fosse possível traduzir a palavra berith por "comunidade". Mas também esta palavra tem vários significados. Parece isto inevitável, uma vez que também a nossa relação com Deus é multifacetada e pluriforme. Os israelitas, assim como nós também, precisavam buscar sempre novas expressões para descobrir o que significa ser "o povo de Deus". Nós, tampouco, somos capazes de explicar o que significa pertencer a um povo que fez aliança com Deus. Por isso, temos de procurar sempre novas maneiras de celebrar e de viver essa aliança. Somente assim outras pessoas podem chegar, um dia, a entender porque somos como somos. Então chegará hora deles, de questionar a própria vida.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">2.3. SER SACERDOTAL</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Acabamos de dizer que a Aliança tem quer ser celebrada. O povo de Deus precisa ser um povo sacerdotal. Em outras palavras: precisa transmitir a realidade de Deus. A maneira como nós vivemos conduzirá outros a reconhecerem o Deus invisível. É a comunidade que tem que ser capaz de chamar a atenção dos outros para que cheguem a captar a presença de Deus vivo. Conseguirá isto à medida que vive, ama, confia, partilha e celebra junto. Portanto, é preciso estar consciente do fato de que uma existência verdadeiramente sacerdotal inclui necessariamente o anúncio da Boa-nova. Seu significado é: chamar a atenção de outras pessoas para o Deus vivo de Amor e conduzi-los a entregar-se a Ele. Isto acontece não tanto por meio de palavras, quanto maneira de viver.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">2.4. SER SANTO</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Essa forma de vida dever santa. Na Bíblia, "santidade" significa: pertencer a Deus, saber-se acolhido pela realidade de Deus, participar de sua vida e de seu amor, estar submerso naquele outro, totalmente diferente, que é Deus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Santidade significa também: olhar a vida e o mundo a partir do ponto de vista de Deus, procurar um estilo de vida que tenha como referência este ponto de vista. Assim, o círculo se completa: o mergulhar na realidade Deus equivale a um contínuo escutar a voz de Deus .</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Até um dos profetas mais sublimes, Elias, teve de aprender que Deus não falar sempre do modo como a gente gosta ou pensa (1Rs 19). Esperava que Deus se manifestasse ao seu povo através de uma grande tempestade, de um terremoto ou de um incêndio. Esperava um linguagem que abalasse e assustasse. Deus, porém, não quis manifestar-se assim. A sua linguagem foi semelhante a "uma brisa suave e amena". Só pode ouvir bem quem estiver aberto a todas as possibilidades que Deus usa para manifestar-se. Somente assim, um povo pode ser santo. Somente assim, é capaz de ser um povo que fez aliança com Deus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">3. OS SACERDOTES</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Havia, no povo, um grupo especial de pessoas, destinadas quase profissionalmente a "ouvirem a voz de Deus". Eram os sacerdotes. A sua tarefa primeira era: anunciar a torah. Infelizmente, o judaísmo ulterior confundiu, com freqüência, torah e Lei escrita. Assim surgiu a impressão errônea de que tudo o que Deus quis manifestar já estava contido integramente na Lei. No início, não era assim: a palavra torah será sinônimo de Vontade de Deus. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Uma segunda tarefa, menos importante, dos sacerdotes era o culto religioso. Porém, quando o culto começou crescer em importância, assumindo o primeiro lugar, o anúncio da torah teve que sofrer. O sentido da liturgia é: ajudar o povo a celebrar o seu relacionamento com Deus e o relacionamento entre si. Por desgraça, quando a torah já não era mais conhecida, também não se tinha mais clareza sobre esse relacionamento. Sem a torah, sem a procura atenta da vontade de Deus, o ritual litúrgico começou a esvaziar-se, não passando de um invólucro vazio e de uma série de fórmulas sem sentido. Aí o povo chegou a imaginar que seria possível manter Deus favorável por meio de manipulações. Nesta hora, o culto religioso deixou de ser a expressão de um relacionamento vivo e real.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A perda da vocação sacerdotal conduziu a uma crise de identidade do povo hebraico:</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Pois, na realidade, o meu processo é contra ti, ó sacerdote. Tropeçarás de dia, e de noite tropeçará contigo também o profeta... Meu povo será destruído por falta de conhecimento. Por teres rejeitado o conhecimento, eu te rejeitarei do meu sacerdócio; por teres esquecido o ensinamento de teu Deus (= torah), eu também me esquecerei de teu filhos" (Os 4,4-6).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Conhecer" (= yada) não se refere a um conhecimento teórico, mas ao conhecimento de uma pessoa, que pode chegar até o ponto de fundir duas vidas em uma só. No seu significado mais profundo, esta palavra é usada para celebrar a unidade total entre homem e mulher: "O homem, Adão, conheceu Eva, a mulher" (Gn 4,1). O problema, visto por Oséias, não era o conhecimento insuficiente do "catecismo", por parte do povo, mas o fato de o povo ter deixado de amar a Deus. "Suas obras não lhe permitem voltar para o seu Deus, pois um espírito de prostituição está dentro deles, e eles não conhecem o Senhor" (Os 5,4). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Esta mesma significação impregna as palavras de São Paulo, quando escreveu, anos depois de sua conversão: "Anseio pelo conhecimento de Cristo" (Fl 3,10). Não se queixa de não ter bastante tempo para prosseguir nos seus estudos cristológicos, mas anseia por uma intimidade mais profunda com o Senhor.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">4. OS PROFETAS</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Mais uma vez: os sacerdotes descuidaram do anúncio da torah. Como conseqüência, o povo já não "conhecia" mais o seu Deus, isto é, não vivendo mais em união amorosa com Ele, submergiu em uma profunda crise de identidade. Era preciso que Deus mesmo interviesse. Chamou os profetas. A tarefa deles era: recordar aos sacerdotes a sua obrigação primitiva. Devia reconduzir o povo à sua vocação primeira, vale dizer, à vocação de constituir um povo que ouça, que vive em comunhão com Deus, de maneira sacerdotal e santa. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Um profeta é uma pessoa que "não permite que os meios sejam utilizados como fins, e que ritos exteriores sejam celebrados tendo por finalidade a si mesmos; (um profeta) é uma pessoa que nos lembra, continuamente, que a verdadeira significação do tempo presente está escondida no futuro, ou em um nível mais elevado; é uma pessoa que persistentemente aponta para o Espírito, oculto atrás de todas formas exteriores e além de todas as letras escritas" (Y. Congar).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Os profetas surgem em tempo oportuno. "Sob que condições podem surgir profetas? Pode-se responder muito simplesmente: cada vez que há falta deles! Porém, quando é que fazem falta? Em épocas em que a comunidade esquecia a sua vocação, ficando, de certo modo, inativa e presunçosa. Pois, isto a torna incapaz de cumprir a sua missão, não percebendo mais em que consistia essa missão. Cada vez que o povo alcançava um bem-estar terreno, por meio de guerras, de política hábil ou de comércio lucrativo, sucumbia à tentação de esquecer a sua dependência ao chamado de Deus, perdendo assim a sua razão de ser. Então, já não tinha consciência da sua vocação de povo de Deus e acabava acreditando pertencer somente a si mesmo, tendo Deus, porém, ao seu lado. Nestas horas, a missão dos profetas consistia, essencialmente, na obrigação de reconvocar o povo à sua vocação" (R. Haugthon).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">4.1 PROFETAS INDIVIDUAIS</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Sempre de novo, surgiam grandes personalidades, repetindo e relembrando o chamado profético ao povo. Infelizmente, costumamos automaticamente associar a idéia de "profeta" ao conceito: "palavra" ou "sermão". Porém, antes de falar com a boca, o profeta verdadeiro dava testemunho pela sua vida. Não teria credibilidade se ao seu estilo de vida não fosse como um espelho que refletia a mensagem que recebeu para transmitir. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A mensagem essencial dos profetas, portanto, reflete-se na intensa e ininterrupta convivência com Deus. Além disso, Deus convoca os profetas para que realizem ou deixem de realizar certos atos, desafiando assim o povo. Oséias, por exemplo, mostra o seu coração alquebrado e apreensivo por causa da infidelidade de sua esposa, dando nomes aos seus filhos, que chamam a atenção do povo. Um é chamado: Lo-ruhama (= "desapareceu o amor") e outro: Lo-ami (= "a aliança foi rompida"). Isto constituiu um verdadeiro desafio ao povo, exigindo dele que repensasse o seu relacionamento com Deus (Os 1,8; ver também Jr 13 e 16 e Ez 4; 5; 12 e 24).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">O profeta Jeremias deu um sinal sobremodo impressionante (Jr 13). Foi obrigado por Deus a passar pela cidade, mostrando o seu cinto sujo, malcheiroso e semi-apodrecido, quer dizer, uma peça de roupa que normalmente se colocava sobre o corpo como sinal da íntima união existente, ou seja, que deveria existir entre Deus e o seu povo de Israel. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Em outras palavra: Jeremias procurava abalar o povo, que já havia abandonado a proximidade de Deus, afastando-se para longe dele, chegando a ser um povo sujo, fedorento, apodrecido, por causa dos seus pecados e das suas infidelidades. No capítulo 16, Jeremias dá toda uma lista de possibilidades, desafiando o povo mais pela sua vida do que pelas suas palavras. Também Ezequiel (cf. Ez 4; 5; 12; 24) chegou a colocar um sinal por sua vida e suas ações, denunciando a preguiça, a superficialidade, auto-suficiência e a falsa escala de valores do povo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">4.2 AS COMUNIDADES PROFÉTICAS</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Existiam também comunidades proféticas, que davam testemunho profético através de sua vida comunitária e de um certo estilo de vida. Por exemplo, os discípulos de Isaías separam-se do povo para ouvir e interiorizar a palavra profética. Queriam servir de "sinais e presságios da parte do Senhor todo-poderoso" (Is 8,18). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Um outro tipo de comunidade profética foi formado pelos nazireus, dos quais conhecemos ainda as regras e os estatutos (Nm 6). Deviam abster-se de vinho e de qualquer bebida alcoólica. Essa renúncia visava relembrar ao povo a caminhada pelo deserto, quando vivia como nômade, privando-se do vinho e de muitas outras amenidades que uma vida normal de camponeses sedentários oferecia. Pois a boa vida afastava o povo da fidelidade e da abertura para Deus. A segunda proibição: "Enquanto durar o voto de nazireato, a navalha não passará sobre a cabeça" (cf. Nm 6,5) visava o mesmo fim: o povo devia recordar-se do tempo em que vivia sob condições primitivas no deserto. De fato, é possível deduzir o quanto o povo se sentiu questionado pelo estilo de vida e o modo de proceder dos nazireus, pois tentou fazê-los calar (cf. Am 2,11s). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Outra comunidade profética nos é dada a conhecer através de Jeremias (Jr 35). Os recabitas que não somente renunciavam ao vinho, mas viviam como verdadeiros nômades: "Nunca bebemos vinho, nem nós, nem nossas mulheres, filhos e filhas, não construímos casas para morar, nem possuímos vinhas, campos ou sementeiras; mas vivemos em tendas" (Jr 34,8). Foram sinais vivos, recordativos, das origens do povo de Israel, o êxodo do Egito e a caminhada pelo deserto. O povo de Israel, comparado à esposa de Javé pelo profeta Oséias, recordava constantemente, com uma certa saudade, aquele tempo ideal: "Por isso, eu mesmo a seduzirei, conduzirei ao deserto e lhe falarei ao coração... Lá ela responderá como nos dias da juventude, como no dia em que subiu do Egito" (Os 2,16-17). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">É o mesmo testemunho que ainda podemos ouvir no Novo Testamento: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Mas tenho contra ti que deixaste o primeiro amor. Considera de onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras" (Ap 2,4-5). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">O testemunho profético não exigia dos outros que imitassem o estilo de vida da comunidade profética. Porém, a sua forma de vida devia servir de desafio, estimulando o povo a uma maior doação e à reordenação das suas prioridades.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">4.3 COMPROMISSO PROFÉTICO </span><st1:personname productid="EM FAVOR DOS POBRES" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">EM FAVOR DOS POBRES</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> E DA JUSTIÇA</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Vimos que os profetas, assim como as comunidades proféticas, procuravam fazer valer de novo, nas suas vidas e pela pregação, a torah, quer dizer, a vontade de Deus. Essa vontade de Deus, porém, não pode ser cumprida, enquanto os ricos exploram os pobres. Por isso, os profetas questionaram não somente elementos do culto judaico, mas até o próprio culto. "O povo celebrava assim o seu estilo de vida, menosprezando a vontade de Deus, que se colocava de modo inequívoco do lado dos pobres" (B. Flammer).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Procurai-me e viverei! Mas não procureis Betel, não entreis em Guilgal", profetizou Amós (Am 15,4-5). Portanto, o que conta não é uma piedade desligada da responsabilidade social, nem é um culto religioso que serve unicamente à auto-afirmação do povo, nem são os lugares sagrados onde os pobres não tem vez. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Procurar por Javé, o advogado dos pobres, é a mesma coisa que fazer justiça ou superar o prejuízo causado aos pobres e fracos. Um verdadeiro culto a Deus cria justiça social. No meio das celebrações do povo, quando a música inundava tudo e os coros enchiam o ambiente com seu júbilo, quando a gordura dos animais imolados em sacrifício escorria pelas ruas da cidade, o profeta Amós reagiu: 'Que o direito corra como a água e a justiça como rio caudaloso' (Am 5,24)" (B. Flammer). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Em toda a literatura profética do Antigo Testamento, reencontram-se sempre os mesmos temas fundamentais: o verdadeiro culto a Deus manifesta-se no serviço aos pobres, no senso comum (= hesed) e no engajamento em uma verdadeira justiça entre os homens.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><st1:metricconverter productid="5. A" st="on"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">5. A</span></b></st1:metricconverter><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> INTENÇÃO PROFÉTICA DO NOVO TESTAMENTO</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">O povo do Antigo Testamento foi sempre reconvocado à fidelidade por personalidades ou grupos proféticos, que lhe relembravam sua vocação primeira. Será que o Novo Testamento trouxe algo de totalmente novo, ou será que acabou alinhando-se nitidamente, nesta tradição profética?</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">5.1 JESUS E SEUS DISCÍPULOS</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Dentro da jovem comunidade cristã, Jesus foi considerado um profeta. E ele mesmo assumiu sua tarefa como tal, de outro modo não poderia ter declarado: "Só em sua pátria e em sua casa o profeta é desprezado" (Mt 13,57). Ele e aqueles aos quais se dedicava reconheceram que a sua missão estava na linha do carisma profético (Mt 16,24; 21,11.46). Como um profeta, juntou discípulos em volta de si, visando derrubar o legalismo e a autoridade absoluta das instituições da religião judaica e animando o povo a retornar à sua vocação original: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Ele lhe disse: 'Amarás o Senhor teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas'" (Mt 22,37-40). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Não é nenhuma doutrina nova, mas uma citação textual da Sagrada Escritura dos judeus (Dt 6,5; Lv 19,18). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Convocava os seus discípulos a uma comunidade de amor: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Eu vos ordeno que vos ameis uns aos outros" (Jo 15,17). "Um novo preceito eu vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Todos hão de conhecer que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13,34). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Portanto, Jesus viver com seus discípulos, dentro da comunidade judaica, a vocação original do povo de Israel. Importa ainda chamar a atenção para dois outros fatores: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">- Jesus e os seus discípulos religavam sua vida à existência de muitos grupos proféticos. Obrigava-os a deixar tudo: a própria casa, a família, tudo quanto possuíam. Jesus não tinha onde reclinar a cabeça. Juntos peregrinavam pelo país, como um grupo profético, anunciando a Boa-nova aos pobres (Lc 4,16-30), partilhando a sorte deles. Queriam trazer a paz do reino de Deus, renunciando a toda violência e legando a paz no próprio coração. Os meios correspondiam ao objetivo. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">- Como os profetas do Antigo Testamento, também Jesus e os seus discípulos, assumiram a causa da justiça e dos pobres, que - carentes de qualquer esperança terrena -, esperavam tudo só de Deus. Contra os representantes oficiais do judaísmo, Jesus colocou-se junto com os seus seguidores, ao lado dos pobres. Convém verificar o quanto esta atitude se integra na tradição profética. A prova disso é a expulsão dos vendedores do templo. "Está escrito: 'Minha casa será chamada casa de oração'" (Mt 21,12-13) e não uma casa onde os forasteiros e os pobres estão sendo discriminados (cf. Is 56,1-8).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><st1:metricconverter productid="5.2 A" st="on"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">5.2 A</span></b></st1:metricconverter><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> IGREJA</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Para caracterizar a relação íntima existente entre Jesus e os seus discípulos, São Paulo utiliza a palavra koinonía. Esta palavra foi traduzida muitas vezes por "comunidade" ou "comunhão". Na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, a palavra koinonía é utilizada unicamente para indicar pessoas que colaboram numa mesma obra ou numa mesma ação. Paulo, porém, emprega esta expressão ao falar da comunidade, onde o Filho de Deus entrou para transformá-la numa koinonía. As relações dentro de um tal grupo, são tão estreitas e densas que se dizia: somos uma koinonía no Espírito:</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"O que vimos e ouvimos, nós também vos anunciamos, a fim de que também vós vivais em comunhão (koinonía) conosco. Ora, nossa comunhão (koinonía) é com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo" (1Jo 1,3). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A realidade fundamental da Igreja é: ser comunidade, povo, koinonía, Corpo de Cristo. A Palavra de Deus nos convida a isso. Foi essa a finalidade pela qual Jesus veio ao mundo. A Igreja não tem outro sentido. Paulo teria ficado consternado se lhe fosse dado ouvir religiosos modernos falarem: "Vamos formar uma comunidade!" Se fossem capazes de fazer isso sem o Senhor, então a vinda de Jesus teria sido supérflua. Porém, somente Ele é capaz de formar comunidades, reconciliando judeus e pagãos. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Pois, é Ele a nossa paz. Ele, que de dois fez um só povo, derrubando o muro de separação, a inimizade, em sua própria carne; anulando a Lei dos mandamentos expressa em decretos, para fazer em si mesmo, dos dois, um só homem novo, estabelecendo a paz e reconciliando ambos com Deus num só corpo pela cruz; e matando em si mesmo inimizade" (Ef 2,14-16). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Compete a nós celebrar isto e realizar na vida aquele projeto que o Cristo nos trouxe. São Lucas o entendia assim: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Freqüentavam com assiduidade a doutrina dos apóstolos, as reuniões em comum, o partir do pão e as orações" (At 2,42). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Esta descrição constitui o modelo fundamental para todas as comunidades eclesiais, nos primeiros dois séculos. Viviam como Igreja clandestina. Era perigoso ser cristão. Ajudavam-se mutuamente e viviam segundo o Evangelho. Os quatro evangelhos surgiam para ajudar as comunidades a viverem como koinonía, como Corpo de Cristo. Foram escritos pela comunidade e para a comunidade, para darem respostas às suas próprias perguntas. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Como os homens do Antigo Testamento, também os cristãos responderam ao chamado de Deus. Queriam estar atentos à voz de Deus, vivendo em íntima união com Ele, transmitindo, por uma ação sacerdotal, uma imagem fiel d'Ele estando imersos na santidade divina. Naquela época não havia necessidade de comunidades proféticas, pois a Igreja, ela mesma, era a única comunidade profética.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">6. AS ORDENS RELIGIOSAS COMO COMUNIDADES PROFÉTICAS</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Como surgiram as Ordens religiosas? Qual a sua finalidade dentro da Igreja?</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">6.1 UMA SITUAÇÃO MUDADA</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">No início do século IV, a situação da Igreja mudou profundamente, a partir do Imperador Constantino, e mais tarde, sobretudo, quando o cristianismo foi declarado "religião do Estado".</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A Igreja não tinha mais necessidade de viver clandestinamente. Já não era oprimida ou perseguida, mas, pelo contrário, tornara-se um lugar de refúgio para todos. Para poder ser funcionário do Estado ou trabalhar em qualquer repartição pública, era preciso ser membro da Igreja. Na mesma proporção em que crescia o número de cristãos, crescia igualmente o grau de mediocridade e de superficialidade na fé.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A decadência da vida cristã levou à necessidade de inventar uma quantidade de estruturas, instituições e organismos, grandes casas e muitos ofícios, para organizar esta multidão. A Igreja primitiva de tudo isto não precisara, de maneira que não existiu nenhuma vida religiosa nos primeiros séculos do cristianismo, exceto alguns eremitas e profetas solitários, mas não havia ainda uma vida religiosa estruturalmente organizada.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">6.2 O MODELO DA IGREJA PRIMITIVA</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Começou, então a repetir-se a mesma evolução que já havida se dado no Antigo Testamento: a institucionalização e a profecia condicionavam-se uma à outra. Os chefes da Igreja mantinham uma máquina bem lubrificada, em vez de fomentar as comunidades na koinonía. Fazia-se necessário que alguém viesse relembrar à Igreja a sua finalidade. Surgiu então a vida religiosa. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Pessoas isoladas começaram a se dar conta da diferença entre a vida da Igreja que conheciam e a das comunidades primitivas. Procuravam, então, espontaneamente, imitar o ideal descrito nos Atos dos Apóstolos: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"E todos que tinham fé viviam unidos, tendo todos os bens </span><st1:personname productid="em comum. Vendiam" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">em comum. Vendiam</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> as propriedades e dos bens e dividiam com todos, segundo a necessidade de cada um. Todos os dias se reuniam unânimes no Templo. Partiam o pão nas casas e comiam com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus entre a simpatia de todo o povo. Cada dia o Senhor lhes ajuntava outros a caminho da salvação" (At 2,44-47). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Portanto, as primeiras formas de vida religiosa pautaram-se pelas primeiras comunidades, como notou João Cassiano, no século IV. Escreveu que os primeiros religiosos se separavam do povo "para praticarem aquilo que os Apóstolos haviam ordenado a toda a Igreja" (Conf. 18, cap.5). Em outras palavras: estes grupos se segregavam da comunidade maior para viverem o carisma profético. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"São esses dois aspectos, aparentemente contraditórios, que caracterizam o profeta: é membro da comunidade, sentindo-se , ao mesmo tempo, distanciado dela. A imagem clássica do profeta, que se afasta para viver no deserto, exprime isto. De um certo modo, está livre das estruturas, obrigatórias em qualquer comunidade normal... Os profetas são chamados para fora da comunidade para falar à comunidade" (R. Haughton). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Entre todas as tarefas da vida religiosa, a primeira é a obrigação de reconvocar a Igreja à fidelidade ao Evangelho. Sem esse aspecto privilegiado, a Vida Religiosa degenera ao nível de mero trabalho social ou uma ocupação assalariada barata, perdendo assim sua razão de ser original e essencial. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Por causa do seu papel profético na Igreja, as Ordens religiosas se mantêm numa relação de certo modo tensa face à instituição. Isto acontece cada vez que as estruturas desta última se enrijecem ou quando se concentram exclusivamente no esforço de manter sua posição privilegiada de liderança. Portanto, o perigo de que a instituição possa procurar assimilar a vida religiosa é sempre atual e presente. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">O profeta é uma pessoa incômoda. É hostilizado porque questiona as estruturas vigentes de poder que dificultam a evolução da vida e deixar de servir à humanidade. Isto pode acontecer tanto no âmbito político como no âmbito eclesial. Desde sempre os profetas incomodaram os outros a ponto de serem desprezados, perseguidos e até mortos. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Foi esta a sorte de muitos profetas do Antigo Testamento; e essa foi também, de modo especial, a experiência de Jesus: "Os seus não o receberam" (Jo 1,11). À medida que assumirmos verdadeiramente a nossa tarefa profética dentro da Igreja e da sociedade, será a nossa vez de fazer essa experiência. Mas também o contrário acontece: se, por acaso, gozarmos de benevolência e simpatia dos poderosos e influentes na Igreja e na sociedade, teremos de perguntar-nos a nós mesmos se estamos a ponto de descuidar e de trair a nossa missão profética.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">7. FRANCISCO DE ASSIS E O SEU MOVIMENTO</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Os historiadores frisam que Francisco constituiu, com seu movimento, a força renovadora mais importante da Igreja medieval. Porém, como será possível interpretar esta força? E que importância continua tendo para todos os que ainda hoje têm seu ponto de referência em Francisco?</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">7.1. O ELEMENTO PROFÉTICO </span><st1:personname productid="EM FRANCISCO DE ASSIS" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">EM FRANCISCO DE ASSIS</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Aquilo que Francisco fez é algo que tem a ver com a Igreja inteira. Isto se tornar clara a partir do acontecimento que seu na igrejinha de São Damião, quando lhe foi ordenado pelo Crucifixo: "Francisco, vai e repara minha casa que, como vês, esta toda destruída" (2Cel 10). Inicialmente, Francisco tomou esta ordem ao pé da letra, restaurando três pequenas igrejas. Somente mais tarde, entendeu tratar-se realmente da renovação da Igreja sobre o fundamento que Jesus havia estabelecido. Francisco, portanto, estava bem consciente de que sua primeira tarefa consistia em relembrar o Evangelho à Igreja e a viver as exigências nele contidas. Sua comunidade de frades formava uma ecclesiola, uma mini-igreja, formada segundo os critérios do Novo Testamento. O que Francisco visava era um retorno incondicional ao Evangelho. Apesar de não denunciar publicamente os erros e até a irrelevância da Igreja do seu tempo - pois nem o clero nem a hierarquia jamais ouviu acusações condenatórias de sua boca -, mesmo assim Francisco e os seus irmãos foram testemunhas vivias e sensibilizadoras da própria essência da Igreja. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Assim, a reminiscência da tradição profética estava bastante clara. Mais evidente torna-se quando lembramos que Francisco imitava o comportamento dos profetas do Antigo Testamento, perambulando pelo país como profeta nômade, assim como também Jesus o havia feito com os seus discípulos. A ausência de qualquer tipo de posse, a instabilidade de vida, a pregação da penitência como chamado à conversão, a solidariedade com os pobres e deserdados, são todos sinais distintivos não somente dos profetas bíblicos, mas também de Francisco e do seu movimento na sua fase inicial. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">De fato, não era a Igreja primitiva, descrita nos Atos dos Apóstolos, que estava à base do modelo primordial de Francisco. Antes, refere-se muito mais ao estilo de vida assumido por Jesus e seus discípulos, descrito por Mateus (cap. 10) e Lucas (cap. 9 e 10), no "sermão do envio". Assim, Francisco demonstra que ele está unicamente preocupado em obedecer aos objetivos de Jesus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">7.2 O ELEMENTO PROFÉTICO </span><st1:personname productid="EM CLARA DE ASSIS" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">EM CLARA DE ASSIS</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">No mosteiro de São Damião, Clara e suas companheiras realizaram, a seu modo, a vida conforme o Evangelho. Numa sociedade que avaliava as pessoas de acordo com suas posses ou sua ascendência na escala social, a comunidade de São Damião não reconhecia esse tipo de diferenças. Com razão, poderia ser chamada de o germe inicial de uma igreja fraterna. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Livre de qualquer coação social ou tradicional, exercida por estilo de vida que - naquela época - marcaram a sociedade ou a vida conventual, a comunidade fraterna de São Damião concedeu a cada um de seus membros a mesma dignidade. Simultaneamente, exigia de cada irmã o delicado respeito mútuo para com todas as suas companheiras. Assim, este grupo de mulheres possibilitou o surgimento de um novo modo de relacionamento interpessoal. O sinal característico e distintivo dessa nova relação foi o simples tratamento por "irmã"; Era uma palavra nova no vocabulário conventual do século XIII. Tanto para Clara como para Francisco, o elemento fraterno era fundamental. Assim as Irmãs de São Damião se incorporaram num grupo de mulheres que procurava um novo lugar na realidade social e eclesial. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Um novo sinal distintivo da comunidade fundada por Clara é sua relação com qualquer propriedade. Pediu ao Papa o privilégio da pobreza absoluta. Era costume que os mosteiros solicitassem dos pontífices privilégios que, via de regra, visavam o direito de manter ou aumentar suas posses ou seus poderes. Clara, pelo contrário, pediu ao Papa que sua comunidade tivesse o direito de viver sem qualquer tipo de posse, apresentando, com isto, um sinal profético. Depois, porém, teve que lutar contra vários Papas quase até i fim de sua vida até alcançar o direito de viver esse privilégio.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">7.3 HOJE O MOVIMENTO FRANCISCANO CONTINUA PROFÉTICO</span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b><o:p><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> </span></o:p></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Depois do Concílio Vaticano II, ou seja, durante o Capítulo Geral de Madri (1973), os franciscanos produziram um documento onde confirmam: "Acolhendo na fé o Evangelho de Cristo, Francisco teve consciência de estar sendo enviado com seus irmão ao mundo para testemunhar, opor seu gênero de vida e proclamar pela palavra a conversão ao Evangelho, a chegado do reino de Deus e a manifestação de seu amor entre os seres humanos. A consciência desta missão lhe dava o dinamismo espiritual, a mobilidade, a audácia e a coragem a todas as partidas..." (Madri 1973, § 3).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">No mesmo documento, vem sublinhada a dimensão profética da vida franciscana: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"Certamente, nossa forma de vida, na medida em que for vivida, é uma forma de contestação à mediocridade e às insuficiências das estruturas" (§ 9). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">"A missão essencial da nossa fraternidade, sua vocação na Igreja e no mundo, consiste na realização vital do nosso projeto de vida... Nossa contribuição à construção da Igreja e da humanidade se resume, em primeiro lugar, nisso: é por nossa vida antes de tudo que daremos testemunho" (§ 31).</span></p>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-42312107572179695992009-09-04T16:17:00.003-03:002016-11-06T18:25:01.104-02:00Quem é o dono do cachorro?<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Recentemente, um Bispo Anglicano muito querido me relatou um fato que merece as reflexões que buscarei fazer agora neste singelo artigo: contou-me que num evento teológico promovido pela Igreja Presbiteriana, vários Reverendos discutiam assuntos relevantes de ordem doutrinária, quando um jovem trazendo um cachorro Pastor Alemão junto consigo perguntou: - alguém poderia dizer quem é o dono do cachorro? Todos ficaram constrangidos com a intromissão do rapaz que novamente insistiu com a mesma pergunta. Em seguida, uma pessoa da reunião retirou o jovem e o cachorro do local para que os temas teológicos e relevantes voltassem a ser desenvolvidos. No dia seguinte, dando continuidade ao evento um dos pastores presentes fez uma reflexão significativa que nos faz pensar profundamente o papel da igreja na vida humana. Disse ele: - Enquanto nós ficamos aqui discutindo temas que julgamos fundamentais para a fé, o povo lá fora quer realmente saber quem é o dono do cachorro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"> Tal acontecimento, muito embora pareça de importância relativa, em minha opinião, carrega em si o cerne da questão. Está à igreja respondendo as perguntas feitas por aqueles que freqüentam e congregam em seus espaços? Tem ela, escutado realmente os clamores que pululam em seu entorno ou está, numa visão egocêntrica, achado-se portadora de toda a verdade sem levar em conta aquilo que acontece para além de seus muros e para além de seus textos sagrados? Saber quem é o dono do cachorro é estar atento as vozes excluídas e roucas que nos indicam diariamente a trilha real do Evangelho. Que nos mostram que no clamor do povo estão os questionamentos teológicos, pautados na realidade, que devem realmente nortear nossas reflexões e atuações propositivas. Uma igreja que fale ao povo a partir de uma realidade que nasce dos olhos e cordas vocais desse mesmo povo é hoje essencial, para que possamos nos imunizar de leituras fundamentalistas e distanciadas daqueles a quem realmente o Evangelho é e deve ser direcionado.o</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman", serif; text-align: -webkit-center;">Dom Theófilo Leo </span></div>
Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-45906827511701371882009-06-13T11:17:00.001-03:002009-06-13T11:32:01.206-03:00Os traços do Rosto Franciscano<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0IL5e8_z4u16tF6zJmteDE1MtcFAGzlWEvlkmRNNhUbSoUWQkGxTrZ27G8MuOGcs3HsvPRW_DnHEQF2poQOqeAQtvxl8atfnXEcupBNdDwQVW1OVeoV3b2PYXbnim0dshys1lvuNqfCnw/s1600-h/Rosto+de+S%C3%A3o+Francisco.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 128px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0IL5e8_z4u16tF6zJmteDE1MtcFAGzlWEvlkmRNNhUbSoUWQkGxTrZ27G8MuOGcs3HsvPRW_DnHEQF2poQOqeAQtvxl8atfnXEcupBNdDwQVW1OVeoV3b2PYXbnim0dshys1lvuNqfCnw/s200/Rosto+de+S%C3%A3o+Francisco.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5346819818109277074" /></a><span class="Apple-style-span" style=" color: rgb(102, 102, 102); font-family:'times new roman';"><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Nós temos um rosto, rosto conhecido, com traços acentuadamente evangélicos, traços admiráveis em si e admirados por meio mundo. É o nosso rosto franciscano. Ninguém de nós, possivelmente, quererá mudar de rosto. Temos orgulho dele, embora sintamos necessidade de retocá-lo, de tempos em tempos, diante dos espelhos da nossa casa.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Sem nos ocuparmos com o rosto dos outros, que podemos aplaudir mais ou menos, sentimo-nos felizes com o rosto teológico-espiritual-existencial que temos. Este rosto tem muita história, vem lá do fundo dos tempos, e teve um primeiro escultor: São Francisco de Assis, a quem Pio XI chamou de "um quase Cristo redivivo".</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Em sua cola, seguiram-se muitos outros escultores, que foram aprimorando os traços do nosso rosto, sempre fiéis à inspiração original. Ele foi tomando sempre mais o jeito do rosto de Cristo. Poderíamos perguntar-nos se não houve deformações, se não se acrescentaram traços estranhos? Não seria o caso de negá-lo.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Mas o rosto continua aquele, que nos encanta e fascina, que nos desafia e provoca. Hoje, com um esforço que já tem seis anos, estamos tentando resgatar os traços deste rosto para nossa ação evangelizadora.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Como franciscanos, qual é a nossa vocação? Nossa vocação, e razão de ser na Igreja e no mundo, é seguir Jesus Cristo, vivendo encantados por ele, como fraternidades evangelizadoras.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Na base deste encantamento vocacional, já não existem, em verdade, perguntas para uma definição, mas tão-somente tentativas de respostas para uma adesão mais superlativa.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Para nós, viver é Cristo. Cristo é a nossa vida. Cristo é nossa vida e morte, é o ar que respiramos, é o chão que queremos pisar.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A qualquer franciscano, pede-se apenas que saiba ler o evangelho vivo que é Jesus, porque Jesus é a palavra que devemos entender e a vida que mais prezamos e desejamos partilhar com todas as pessoas.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Nenhum outro projeto pode, por conseguinte, tomar o lugar de Cristo. Cristo é a forma minorum, o projeto matriz da nossa forma vitae</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Por definição, somos arautos do Grande Rei, a ele pertencemos numa aliança de vida e morte. Ele é o tesouro onde deve estar nosso coração.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Como ninguém é avaro e vive só para si, à vocação segue-se o imperativo da missão evangelizadora que é nosso modus vivendi. Vivemos para o Reino, como frades e como fraternidade. O mundo é nosso convento. A evangelização é o nosso apanágio.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Como frades, somos chamados a semear, a ir aos areópagos, a não ter outra missão senão a de pregar o evangelho, curar os doentes e leprosos e expulsar os demônios. Esta é a nossa missão em sentido amplo. Num sentido estrito, nossa missão tem um endereço certo e obedece a uma inequívoca opção: a vida e a casa dos pobres, dos mais pobres.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Estes são, como desde o início foram para São Francisco, os novos e privilegiados areópagos da missão franciscana. Como Cristo, os pobres são o tesouro do nosso coração evangelizador.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Mas para bem evangelizarmos os pobres, temos que evangelizar, primeiro, as nossas pobrezas, mudando e curando as raízes do nosso eu. Isto inclui evangelizar nossos medos e aversões, evangelizar nosso modo pecador de ser e o barro de nossa vida. Em outras palavras, importa ser, fazer-se e sentir-se menor.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">E este minorismo que, purificando-nos de ambições e vontades pessoais, de sonhos plausíveis mas não de grupo, dará força para sermos fraternidades evangelizadoras.</span></p><p class="bordatit" style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; background-color: rgb(225, 225, 240); padding-top: 2px; padding-right: 0px; padding-bottom: 2px; padding-left: 0px; font-weight: bold; text-transform: uppercase; border-top-style: none; border-top-width: initial; border-top-color: initial; border-right-style: none; border-right-width: initial; border-right-color: initial; border-bottom-width: 1px; border-bottom-style: dotted; border-bottom-color: rgb(255, 0, 0); border-left-style: none; border-left-width: initial; border-left- font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;color:initial;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">» IDENTIDADE FRANCISCANA</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Colocadas estas duas premissas - </span><span class="underline" style="text-decoration: underline; font-weight: 500; "><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">vocação e missão</span></span><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;"> -, podemos nos voltar para a identidade e elencar os valores do nosso modus vivendi e operandi. Podemos perguntar-nos: De onde nasceu a inspiração franciscana para nosso viver e agir?</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">As Fontes testemunham que o móvel de ser e de agir de Francisco lhe veio, em verdade, de dois exemplos: o de Cristo: crucificado, fora dos muros de Jerusalém, e o dos leprosos execrados, fora das muralhas de Assis.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">O primeiro se fez, para Francisco, ordem irrecusável, quando o mandou reconstruir Sua Igreja. E os leprosos, os homens das dores da Idade Média, cobraram-lhe a gratuidade de um beijo, que lhe foi, inicialmente, penoso, mas que, finalmente, lhe encheu a alma de gozo e doçura.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Estes dois encontros abriram-lhe a alma para os grandes valores de nossa espiritualidade: a providência de Deus e o amor pela signora e donna povertá: o relacionamento casto com Clara e com todas as mulheres; a convivência benévola com os irmãos e estranhos, ladrões e sultões, prelados da Santa Igreja e pobres de todas as pobrezas; a cordialidade para com todas as criaturas, lobos e cotovias, riachos congelados e pessegueiros em flor.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Exortava os irmãos a que pregassem a Paz e ensinava-lhes que a única tristeza possível seria a do pecado. Rezava e queria que rezassem. Ele mesmo foi feito uma sarça ardente de oração, porque não só se ajoelhava diante de Deus, como reverenciava até mesmo os indignos ministros do sacratíssimo Corpo do Senhor.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Mesmo sem castelos, foi cavaleiro e tinha um espírito repassado de cortesia. Cultivou dois locais emblemáticos para a espiritualidade franciscana: viveu no estábulo de Rivotorto e na capelinha da Porciúncula. No primeiro tinha a companhia de animais; no segundo, a dos anjos que esvoaçavam em tomo à Santíssima Virgem.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">A cada ano, fazia questão de levar dois peixinhos do riacho que corria junto à igrejinha para o Abade de Monte Subásio, deixando claro que a Porciúncula continuava sendo dele, mesmo sendo o berço da Ordem e o lugar afetivo em que cortara as tranças da Irmã Clara. Tinha entranhada devoção filial à Santa Mãe de Deus e ardente paixão pela humanidade de Jesus.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">À moda de conclusão, não ignorando as muitas falhas desta sumária lista de valores, diríamos que a identidade franciscana tem as seguintes caraterísticas que lhe dão um rosto inconfundível: ela é casta e livre, é de serviço e de companhia, é misericordiosa e universal, é alegre e de paz. É vertical e horizontal, como uma cruz que é de vida e morte.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Francisco não teve vaidades, jamais foi arrogante, embora a graça de Deus o trabalhasse generosa e visivelmente. Não alimentou sentimentos de inferioridade diante de reis e príncipes, nem foi mesquinho e insensível frente aos necessitados, mas só sentia inveja de irmãos que pudessem ser mais pobres do que ele. "Ao chegar aos pobres, não se contentava em dar-lhes o que possuía.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Desejava dar-se a si mesmo e, quando já não tinha mais dinheiro, entregava suas vestes, descosendo-as ou rasgando-as às vezes para as distribuir" (LM 1,6). Foi firme com os gananciosos e desarmado diante dos poderosos. Paciente nas tribulações e doenças, não apreciava títulos e honrarias e queria que todos fossem simplesmente irmãos. A si mesmo se considerava menor, pecador e indigna criatura do Deus Altíssimo.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Por isso, "seu modo de vida o transformou radicalmente: nas idéias e sentimentos, nas vestes e no comportamento" (LM 2,1). Como arauto do Grande Rei, morreu deixando para a história a imagem de um crucificado e colocando nas mãos de seus seguidores a bandeira da Paz e do Bem.</span></p><p class="bordatit" style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; background-color: rgb(225, 225, 240); padding-top: 2px; padding-right: 0px; padding-bottom: 2px; padding-left: 0px; font-weight: bold; text-transform: uppercase; border-top-style: none; border-top-width: initial; border-top-color: initial; border-right-style: none; border-right-width: initial; border-right-color: initial; border-bottom-width: 1px; border-bottom-style: dotted; border-bottom-color: rgb(255, 0, 0); border-left-style: none; border-left-width: initial; border-left- font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;color:initial;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">» A UTOPIA FRANCISCANA</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Dentro do mundo dividido por roupas bufantes e andrajos vis, medos e discriminações, classes e guetos, São Francisco entendeu que a mais radical mensagem evangélica vinha do céu, mas tinha que ser construída, aqui, na terra. Cristo trouxe a morte dos exclusivismos, decretou o fim dos privilégios e abriu as portas do banquete para todos, indistintamente.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Na pregação de Cristo, o paraíso não tem cercas. Nem o convento. Por causa do fratemismo. Pobres, doentes e pecadores são os privilegiados destinatários do anúncio da Boa Nova. Com Cristo, o Reino de Deus chegou e são reinagurados os tempos divinos da Fraternidade definitiva. Somos todos irmãos, porque temos todos um Deus que é igualmente Pai de todos.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Isto São Francisco intuiu e quis dar corpo a esta realidade dentro e fora da Ordem..Por isso, não quis que ninguém fosse Abade ou Prior, mas que todos fossem simplesmente irmãos. Fora dos conventos, também. A começar pelos leprosos, pelos pecadores e por Dona Pobreza, todos deveriam ser tratados da mesma forma. IRMÃO, eis o grande título resgatado pela utopia franciscana!</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">SER IRMÃO é o maior e o único titulo de honra dentro da espiritualidade franciscana. Não só Deus lhe deu irmãos, mas quis que os frades, como irmãos, fossem pais e mães uns dos outros. Uns dos outros e de todas as criaturas.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Outros poderão ostentar nobilíssimos apanágios: o nosso, o apanágio franciscano, é o de ser irmão, dentro e fora dos conventos. Seremos franciscanos, quando irmãos em espírito e de verdade.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Formar um frade é formá-lo para ser irmão. Trabalhar como frade é servir como irmão. Viver como franciscano é viver, teimosamente, como irmão.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Podemos não ter outras virtudes, mas só a falta de fraternismo adulteraria nossa identidade e nos excomungaria da utopia franciscana. Santos seremos e nos santificaremos junto com os outros na cruz da convivência fraterna. O nosso maior pecado, o pecado mortal de nossas vidas, por isso, será o da falta de amor fraterno.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Entre nós, quem não for irmão será um estranho no ninho. O maior elogio que podemos dar a uma pessoa é o de chamá-lo de irmão. Esta é a nossa utopia, a utopia franciscana para a qual devemos, como Província, somar alma e coração.</span></p><p style=" text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; font-family:Arial, Helvetica, sans-serif;font-size:12px;"><em><span class="Apple-style-span" style="color:#660000;">Frei Neylor, irmão menor e pecador</span></em></p></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-14959343932737933372009-05-30T10:32:00.001-03:002009-05-30T10:37:47.574-03:00FUNDAMENTO BÍBLICO-PROFÉTICO DA MISSÃO FRANCISCANA<p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">COMO FRANCISCO MANDOU ADVERTIR O REI OTÃO</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Certa vez, quando queria ensinar a seus irmãos que Deus é o único necessário, São Francisco recolheu-se com eles </span><st1:personname productid="em Rivotorto. Neste" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em Rivotorto. Neste</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> lugar, retirou-se numa cabana abandonada onde procurava o encontro com o Senhor.</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Passava por ali, naquele tempo, o Rei Otão, para receber em Roma a coroa do império terreno. O santo pai Francisco e seus companheiros, cuja cabana ficava à beira do caminho, apesar do enorme ruído e pompa, nem saiu para vê-lo nem permitiu que ninguém olhasse, a não ser um, para anunciar-lhe repentinamente que sua glória ia durar pouco.</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Neste incidente, Francisco se assemelhava a um profeta do Antigo Testamento. Fez como Eliseu que mandou seu servo ao encontro de Naamã, o grande comandante das forças armadas do rei dos arameus (cf. 2Rs 5; Lc 4,27). Também Francisco indicava aos grandes deste mundo onde se encontra a verdadeira grandeza (cf. 1Cel 43).</span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">I. INTRODUÇÃO</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não pôr outro fundamento senão aquele que está posto</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Pois, quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro senão aquele que está posto", eis a intenção de Francisco de Assis (1Cor 3; 11; 1Cel 18). Conscientemente, se identificou com a tradição bíblica. Por isso, o movimento franciscano também terá que incorporar-se na tradição judaico-cristã.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Daí a necessidade de buscar estes fundamentos, talvez desconhecidos, e de estudá-los, caso ainda não estivermos conscientes de sua existência.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1.2. O VERDADEIRO PONTO DE PARTIDA: OS PROFETAS BÍBLICOS</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não é lícito, portanto, deduzir a vida religiosa de uma palavra do Novo Testamento. Mas isto não quer dizer que ela na tenha fundamento bíblico algum. As suas raízes, pelo contrário, mergulham profundamente na tradição bíblica. Em última análise, remontam ao movimento profético do povo de Israel, destinado a alcançar o seu ponto máximo em Jesus e seus discípulos, para desembocar depois na vida religiosa, na qual recebeu as mais variadas expressões, sendo uma delas a forma escolhida por São Francisco.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">II. VISÃO DE CONJUNTO</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Livrar-se de noções errôneas sobre os fundamentos bíblicos da missão franciscana</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A pergunta pelos fundamentos bíblicos da missão franciscana merece mais do que uma resposta superficial. Veremos que será necessário primeiro acabar com noções errôneas antes de atingir o essencial. A vocação do movimento franciscano situa-se no mesmo nível que a vocação do povo de Israel. Trata-se de uma aliança que Deus conclui com um povo. Este povo lhe será obediente, vivendo em comunhão amorosa com o Senhor e conduzindo outros a Deus pelo serviço sacerdotal, visto que será repleto da santidade de Deus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A partir deste fundamento, será necessário falar dos profetas e das comunidades proféticas. Surgiam cada vez que Israel se mostrava infiel à sua vocação.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Observando atentamente, é possível constatar que Jesus e a Igreja primitiva estão incorporados, igualmente, à tradição profética. A vocação de Israel se cumprirá </span><st1:personname productid="em uma Nova Aliana." st="on"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em uma Nova Aliança.</span></st1:personname></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Enquanto a Igreja ainda não perdera o seu vigor, enfraquecida pelo inter-relacionamento com a sociedade profana, não havia necessidade de uma vocação profética. Essa necessidade surgiu a partir de um acontecimento histórico quando, no ano 325 dC, durante o império de Constantino, o cristianismo foi declarado religião do Estado. A partir daí, voltaram a aparecer pessoas que assumiam a tarefa dos profetas; ou seja: religiosos e religiosas, que procuravam manter-se fiéis aos ideais da Igreja primitiva e pautavam o seu estilo de vida de acordo com esse modelo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Finalmente, será preciso perguntar qual o lugar que Francisco ocupa dentro desta tradição profética e, derivadas daí, quais as exigências que se apresentam à família franciscana. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2.1 OUVIR</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Se o povo de Deus não for um povo atento, capaz de ter o ouvido apurado para distinguir a voz de Deus, então de deixa de existir como povo. A palavra hebraica "ouvir" (= shamah) é a mesma que "obedecer", "responder". O elemento constitutivo, portanto, que faz do povo um "povo de Deus", é, em primeiro lugar, a abertura para Deus, e o tempo que emprega para ouvir o que a voz de Deus declara, aqui e agora.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2.2. MANTER A ALIANÇA</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É difícil explicar exatamente o significado da palavra hebraica berith (= aliança). Paulo, por sua vez, a traduziu pela expressão grega diatheke que quer dizer: "testamento". Indica o mistério que há no nosso relacionamento com Deus e entre nós. Porém, como exprimir o inexprimível, como captar por palavras o profundo mistério da vida? No Antigo Testamento, muita gente se esforçou por fazê-lo, lançando mão de comparações. Oséias compara a relação entre Deus e a humanidade como o relacionamento de amor que deve existir entre homem e mulher. Duas pessoas humanas que se unem para uma vida em comum, não somente pela sua proximidade sexual, pela qual celebram seu amor, mas pela totalidade de sua vida partilhada. Oséias, porém, reconhece que essa comparação é insuficiente. Começa, então, a utilizar outra imagem:apela ao amor dos pais pelos filhos (Os 11). Talvez fosse possível traduzir a palavra berith por "comunidade". Mas também esta palavra tem vários significados. Parece isto inevitável, uma vez que também a nossa relação com Deus é multifacetada e pluriforme. Os israelitas, assim como nós também, precisavam buscar sempre novas expressões para descobrir o que significa ser "o povo de Deus". Nós, tampouco, somos capazes de explicar o que significa pertencer a um povo que fez aliança com Deus. Por isso, temos de procurar sempre novas maneiras de celebrar e de viver essa aliança. Somente assim outras pessoas podem chegar, um dia, a entender porque somos como somos. Então chegará hora deles, de questionar a própria vida.</span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2.3. SER SACERDOTAL</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Acabamos de dizer que a Aliança tem quer ser celebrada. O povo de Deus precisa ser um povo sacerdotal. Em outras palavras: precisa transmitir a realidade de Deus. A maneira como nós vivemos conduzirá outros a reconhecerem o Deus invisível. É a comunidade que tem que ser capaz de chamar a atenção dos outros para que cheguem a captar a presença de Deus vivo. Conseguirá isto à medida que vive, ama, confia, partilha e celebra junto. Portanto, é preciso estar consciente do fato de que uma existência verdadeiramente sacerdotal inclui necessariamente o anúncio da Boa-nova. Seu significado é: chamar a atenção de outras pessoas para o Deus vivo de Amor e conduzi-los a entregar-se a Ele. Isto acontece não tanto por meio de palavras, quanto maneira de viver.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2.4. SER SANTO</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Essa forma de vida dever santa. Na Bíblia, "santidade" significa: pertencer a Deus, saber-se acolhido pela realidade de Deus, participar de sua vida e de seu amor, estar submerso naquele outro, totalmente diferente, que é Deus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Santidade significa também: olhar a vida e o mundo a partir do ponto de vista de Deus, procurar um estilo de vida que tenha como referência este ponto de vista. Assim, o círculo se completa: o mergulhar na realidade Deus equivale a um contínuo escutar a voz de Deus .</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Até um dos profetas mais sublimes, Elias, teve de aprender que Deus não falar sempre do modo como a gente gosta ou pensa (1Rs 19). Esperava que Deus se manifestasse ao seu povo através de uma grande tempestade, de um terremoto ou de um incêndio. Esperava um linguagem que abalasse e assustasse. Deus, porém, não quis manifestar-se assim. A sua linguagem foi semelhante a "uma brisa suave e amena". Só pode ouvir bem quem estiver aberto a todas as possibilidades que Deus usa para manifestar-se. Somente assim, um povo pode ser santo. Somente assim, é capaz de ser um povo que fez aliança com Deus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3. OS SACERDOTES</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Havia, no povo, um grupo especial de pessoas, destinadas quase profissionalmente a "ouvirem a voz de Deus". Eram os sacerdotes. A sua tarefa primeira era: anunciar a torah. Infelizmente, o judaísmo ulterior confundiu, com freqüência, torah e Lei escrita. Assim surgiu a impressão errônea de que tudo o que Deus quis manifestar já estava contido integramente na Lei. No início, não era assim: a palavra torah será sinônimo de Vontade de Deus. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Uma segunda tarefa, menos importante, dos sacerdotes era o culto religioso. Porém, quando o culto começou crescer em importância, assumindo o primeiro lugar, o anúncio da torah teve que sofrer. O sentido da liturgia é: ajudar o povo a celebrar o seu relacionamento com Deus e o relacionamento entre si. Por desgraça, quando a torah já não era mais conhecida, também não se tinha mais clareza sobre esse relacionamento. Sem a torah, sem a procura atenta da vontade de Deus, o ritual litúrgico começou a esvaziar-se, não passando de um invólucro vazio e de uma série de fórmulas sem sentido. Aí o povo chegou a imaginar que seria possível manter Deus favorável por meio de manipulações. Nesta hora, o culto religioso deixou de ser a expressão de um relacionamento vivo e real.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A perda da vocação sacerdotal conduziu a uma crise de identidade do povo hebraico:</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Pois, na realidade, o meu processo é contra ti, ó sacerdote. Tropeçarás de dia, e de noite tropeçará contigo também o profeta... Meu povo será destruído por falta de conhecimento. Por teres rejeitado o conhecimento, eu te rejeitarei do meu sacerdócio; por teres esquecido o ensinamento de teu Deus (= torah), eu também me esquecerei de teu filhos" (Os 4,4-6).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Conhecer" (= yada) não se refere a um conhecimento teórico, mas ao conhecimento de uma pessoa, que pode chegar até o ponto de fundir duas vidas em uma só. No seu significado mais profundo, esta palavra é usada para celebrar a unidade total entre homem e mulher: "O homem, Adão, conheceu Eva, a mulher" (Gn 4,1). O problema, visto por Oséias, não era o conhecimento insuficiente do "catecismo", por parte do povo, mas o fato de o povo ter deixado de amar a Deus. "Suas obras não lhe permitem voltar para o seu Deus, pois um espírito de prostituição está dentro deles, e eles não conhecem o Senhor" (Os 5,4). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Esta mesma significação impregna as palavras de São Paulo, quando escreveu, anos depois de sua conversão: "Anseio pelo conhecimento de Cristo" (Fl 3,10). Não se queixa de não ter bastante tempo para prosseguir nos seus estudos cristológicos, mas anseia por uma intimidade mais profunda com o Senhor.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4. OS PROFETAS</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mais uma vez: os sacerdotes descuidaram do anúncio da torah. Como conseqüência, o povo já não "conhecia" mais o seu Deus, isto é, não vivendo mais em união amorosa com Ele, submergiu em uma profunda crise de identidade. Era preciso que Deus mesmo interviesse. Chamou os profetas. A tarefa deles era: recordar aos sacerdotes a sua obrigação primitiva. Devia reconduzir o povo à sua vocação primeira, vale dizer, à vocação de constituir um povo que ouça, que vive em comunhão com Deus, de maneira sacerdotal e santa. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Um profeta é uma pessoa que "não permite que os meios sejam utilizados como fins, e que ritos exteriores sejam celebrados tendo por finalidade a si mesmos; (um profeta) é uma pessoa que nos lembra, continuamente, que a verdadeira significação do tempo presente está escondida no futuro, ou em um nível mais elevado; é uma pessoa que persistentemente aponta para o Espírito, oculto atrás de todas formas exteriores e além de todas as letras escritas" (Y. Congar).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os profetas surgem em tempo oportuno. "Sob que condições podem surgir profetas? Pode-se responder muito simplesmente: cada vez que há falta deles! Porém, quando é que fazem falta? Em épocas em que a comunidade esquecia a sua vocação, ficando, de certo modo, inativa e presunçosa. Pois, isto a torna incapaz de cumprir a sua missão, não percebendo mais em que consistia essa missão. Cada vez que o povo alcançava um bem-estar terreno, por meio de guerras, de política hábil ou de comércio lucrativo, sucumbia à tentação de esquecer a sua dependência ao chamado de Deus, perdendo assim a sua razão de ser. Então, já não tinha consciência da sua vocação de povo de Deus e acabava acreditando pertencer somente a si mesmo, tendo Deus, porém, ao seu lado. Nestas horas, a missão dos profetas consistia, essencialmente, na obrigação de reconvocar o povo à sua vocação" (R. Haugthon).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4.1 PROFETAS INDIVIDUAIS</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Sempre de novo, surgiam grandes personalidades, repetindo e relembrando o chamado profético ao povo. Infelizmente, costumamos automaticamente associar a idéia de "profeta" ao conceito: "palavra" ou "sermão". Porém, antes de falar com a boca, o profeta verdadeiro dava testemunho pela sua vida. Não teria credibilidade se ao seu estilo de vida não fosse como um espelho que refletia a mensagem que recebeu para transmitir. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A mensagem essencial dos profetas, portanto, reflete-se na intensa e ininterrupta convivência com Deus. Além disso, Deus convoca os profetas para que realizem ou deixem de realizar certos atos, desafiando assim o povo. Oséias, por exemplo, mostra o seu coração alquebrado e apreensivo por causa da infidelidade de sua esposa, dando nomes aos seus filhos, que chamam a atenção do povo. Um é chamado: Lo-ruhama (= "desapareceu o amor") e outro: Lo-ami (= "a aliança foi rompida"). Isto constituiu um verdadeiro desafio ao povo, exigindo dele que repensasse o seu relacionamento com Deus (Os 1,8; ver também Jr 13 e 16 e Ez 4; 5; 12 e 24).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O profeta Jeremias deu um sinal sobremodo impressionante (Jr 13). Foi obrigado por Deus a passar pela cidade, mostrando o seu cinto sujo, malcheiroso e semi-apodrecido, quer dizer, uma peça de roupa que normalmente se colocava sobre o corpo como sinal da íntima união existente, ou seja, que deveria existir entre Deus e o seu povo de Israel. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em outras palavra: Jeremias procurava abalar o povo, que já havia abandonado a proximidade de Deus, afastando-se para longe dele, chegando a ser um povo sujo, fedorento, apodrecido, por causa dos seus pecados e das suas infidelidades. No capítulo 16, Jeremias dá toda uma lista de possibilidades, desafiando o povo mais pela sua vida do que pelas suas palavras. Também Ezequiel (cf. Ez 4; 5; 12; 24) chegou a colocar um sinal por sua vida e suas ações, denunciando a preguiça, a superficialidade, auto-suficiência e a falsa escala de valores do povo.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4.2 AS COMUNIDADES PROFÉTICAS</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Existiam também comunidades proféticas, que davam testemunho profético através de sua vida comunitária e de um certo estilo de vida. Por exemplo, os discípulos de Isaías separam-se do povo para ouvir e interiorizar a palavra profética. Queriam servir de "sinais e presságios da parte do Senhor todo-poderoso" (Is 8,18). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Um outro tipo de comunidade profética foi formado pelos nazireus, dos quais conhecemos ainda as regras e os estatutos (Nm 6). Deviam abster-se de vinho e de qualquer bebida alcoólica. Essa renúncia visava relembrar ao povo a caminhada pelo deserto, quando vivia como nômade, privando-se do vinho e de muitas outras amenidades que uma vida normal de camponeses sedentários oferecia. Pois a boa vida afastava o povo da fidelidade e da abertura para Deus. A segunda proibição: "Enquanto durar o voto de nazireato, a navalha não passará sobre a cabeça" (cf. Nm 6,5) visava o mesmo fim: o povo devia recordar-se do tempo em que vivia sob condições primitivas no deserto. De fato, é possível deduzir o quanto o povo se sentiu questionado pelo estilo de vida e o modo de proceder dos nazireus, pois tentou fazê-los calar (cf. Am 2,11s). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Outra comunidade profética nos é dada a conhecer através de Jeremias (Jr 35). Os recabitas que não somente renunciavam ao vinho, mas viviam como verdadeiros nômades: "Nunca bebemos vinho, nem nós, nem nossas mulheres, filhos e filhas, não construímos casas para morar, nem possuímos vinhas, campos ou sementeiras; mas vivemos em tendas" (Jr 34,8). Foram sinais vivos, recordativos, das origens do povo de Israel, o êxodo do Egito e a caminhada pelo deserto. O povo de Israel, comparado à esposa de Javé pelo profeta Oséias, recordava constantemente, com uma certa saudade, aquele tempo ideal: "Por isso, eu mesmo a seduzirei, conduzirei ao deserto e lhe falarei ao coração... Lá ela responderá como nos dias da juventude, como no dia em que subiu do Egito" (Os 2,16-17). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É o mesmo testemunho que ainda podemos ouvir no Novo Testamento: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Mas tenho contra ti que deixaste o primeiro amor. Considera de onde caíste, arrepende-te e pratica as primeiras obras" (Ap 2,4-5). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O testemunho profético não exigia dos outros que imitassem o estilo de vida da comunidade profética. Porém, a sua forma de vida devia servir de desafio, estimulando o povo a uma maior doação e à reordenação das suas prioridades.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4.3 COMPROMISSO PROFÉTICO </span><st1:personname productid="EM FAVOR DOS POBRES" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EM FAVOR DOS POBRES</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> E DA JUSTIÇA</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Vimos que os profetas, assim como as comunidades proféticas, procuravam fazer valer de novo, nas suas vidas e pela pregação, a torah, quer dizer, a vontade de Deus. Essa vontade de Deus, porém, não pode ser cumprida, enquanto os ricos exploram os pobres. Por isso, os profetas questionaram não somente elementos do culto judaico, mas até o próprio culto. "O povo celebrava assim o seu estilo de vida, menosprezando a vontade de Deus, que se colocava de modo inequívoco do lado dos pobres" (B. Flammer).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Procurai-me e viverei! Mas não procureis Betel, não entreis em Guilgal", profetizou Amós (Am 15,4-5). Portanto, o que conta não é uma piedade desligada da responsabilidade social, nem é um culto religioso que serve unicamente à auto-afirmação do povo, nem são os lugares sagrados onde os pobres não tem vez. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Procurar por Javé, o advogado dos pobres, é a mesma coisa que fazer justiça ou superar o prejuízo causado aos pobres e fracos. Um verdadeiro culto a Deus cria justiça social. No meio das celebrações do povo, quando a música inundava tudo e os coros enchiam o ambiente com seu júbilo, quando a gordura dos animais imolados em sacrifício escorria pelas ruas da cidade, o profeta Amós reagiu: 'Que o direito corra como a água e a justiça como rio caudaloso' (Am 5,24)" (B. Flammer). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em toda a literatura profética do Antigo Testamento, reencontram-se sempre os mesmos temas fundamentais: o verdadeiro culto a Deus manifesta-se no serviço aos pobres, no senso comum (= hesed) e no engajamento em uma verdadeira justiça entre os homens.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><st1:metricconverter productid="5. A" st="on"><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">5. A</span></b></st1:metricconverter><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> INTENÇÃO PROFÉTICA DO NOVO TESTAMENTO</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O povo do Antigo Testamento foi sempre reconvocado à fidelidade por personalidades ou grupos proféticos, que lhe relembravam sua vocação primeira. Será que o Novo Testamento trouxe algo de totalmente novo, ou será que acabou alinhando-se nitidamente, nesta tradição profética?</span><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">5.1 JESUS E SEUS DISCÍPULOS </span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Dentro da jovem comunidade cristã, Jesus foi considerado um profeta. E ele mesmo assumiu sua tarefa como tal, de outro modo não poderia ter declarado: "Só em sua pátria e em sua casa o profeta é desprezado" (Mt 13,57). Ele e aqueles aos quais se dedicava reconheceram que a sua missão estava na linha do carisma profético (Mt 16,24; 21,11.46). Como um profeta, juntou discípulos em volta de si, visando derrubar o legalismo e a autoridade absoluta das instituições da religião judaica e animando o povo a retornar à sua vocação original: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Ele lhe disse: 'Amarás o Senhor teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. Mas o segundo é semelhante a este: Amarás o próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas'" (Mt 22,37-40). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não é nenhuma doutrina nova, mas uma citação textual da Sagrada Escritura dos judeus (Dt 6,5; Lv 19,18). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Convocava os seus discípulos a uma comunidade de amor: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Eu vos ordeno que vos ameis uns aos outros" (Jo 15,17). "Um novo preceito eu vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Todos hão de conhecer que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13,34). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Portanto, Jesus viver com seus discípulos, dentro da comunidade judaica, a vocação original do povo de Israel. Importa ainda chamar a atenção para dois outros fatores: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- Jesus e os seus discípulos religavam sua vida à existência de muitos grupos proféticos. Obrigava-os a deixar tudo: a própria casa, a família, tudo quanto possuíam. Jesus não tinha onde reclinar a cabeça. Juntos peregrinavam pelo país, como um grupo profético, anunciando a Boa-nova aos pobres (Lc 4,16-30), partilhando a sorte deles. Queriam trazer a paz do reino de Deus, renunciando a toda violência e legando a paz no próprio coração. Os meios correspondiam ao objetivo. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- Como os profetas do Antigo Testamento, também Jesus e os seus discípulos, assumiram a causa da justiça e dos pobres, que - carentes de qualquer esperança terrena -, esperavam tudo só de Deus. Contra os representantes oficiais do judaísmo, Jesus colocou-se junto com os seus seguidores, ao lado dos pobres. Convém verificar o quanto esta atitude se integra na tradição profética. A prova disso é a expulsão dos vendedores do templo. "Está escrito: 'Minha casa será chamada casa de oração'" (Mt 21,12-13) e não uma casa onde os forasteiros e os pobres estão sendo discriminados (cf. Is 56,1-8).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><st1:metricconverter productid="5.2 A" st="on"><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">5.2 A</span></b></st1:metricconverter><b style="mso-bidi-font-weight:normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> IGREJA</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Para caracterizar a relação íntima existente entre Jesus e os seus discípulos, São Paulo utiliza a palavra koinonía. Esta palavra foi traduzida muitas vezes por "comunidade" ou "comunhão". Na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, a palavra koinonía é utilizada unicamente para indicar pessoas que colaboram numa mesma obra ou numa mesma ação. Paulo, porém, emprega esta expressão ao falar da comunidade, onde o Filho de Deus entrou para transformá-la numa koinonía. As relações dentro de um tal grupo, são tão estreitas e densas que se dizia: somos uma koinonía no Espírito:</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"O que vimos e ouvimos, nós também vos anunciamos, a fim de que também vós vivais em comunhão (koinonía) conosco. Ora, nossa comunhão (koinonía) é com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo" (1Jo 1,3). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A realidade fundamental da Igreja é: ser comunidade, povo, koinonía, Corpo de Cristo. A Palavra de Deus nos convida a isso. Foi essa a finalidade pela qual Jesus veio ao mundo. A Igreja não tem outro sentido. Paulo teria ficado consternado se lhe fosse dado ouvir religiosos modernos falarem: "Vamos formar uma comunidade!" Se fossem capazes de fazer isso sem o Senhor, então a vinda de Jesus teria sido supérflua. Porém, somente Ele é capaz de formar comunidades, reconciliando judeus e pagãos. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Pois, é Ele a nossa paz. Ele, que de dois fez um só povo, derrubando o muro de separação, a inimizade, em sua própria carne; anulando a Lei dos mandamentos expressa em decretos, para fazer em si mesmo, dos dois, um só homem novo, estabelecendo a paz e reconciliando ambos com Deus num só corpo pela cruz; e matando em si mesmo inimizade" (Ef 2,14-16). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Compete a nós celebrar isto e realizar na vida aquele projeto que o Cristo nos trouxe. São Lucas o entendia assim: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Freqüentavam com assiduidade a doutrina dos apóstolos, as reuniões em comum, o partir do pão e as orações" (At 2,42). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Esta descrição constitui o modelo fundamental para todas as comunidades eclesiais, nos primeiros dois séculos. Viviam como Igreja clandestina. Era perigoso ser cristão. Ajudavam-se mutuamente e viviam segundo o Evangelho. Os quatro evangelhos surgiam para ajudar as comunidades a viverem como koinonía, como Corpo de Cristo. Foram escritos pela comunidade e para a comunidade, para darem respostas às suas próprias perguntas. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como os homens do Antigo Testamento, também os cristãos responderam ao chamado de Deus. Queriam estar atentos à voz de Deus, vivendo em íntima união com Ele, transmitindo, por uma ação sacerdotal, uma imagem fiel d'Ele estando imersos na santidade divina. Naquela época não havia necessidade de comunidades proféticas, pois a Igreja, ela mesma, era a única comunidade profética.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">6. AS ORDENS RELIGIOSAS COMO COMUNIDADES PROFÉTICAS</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como surgiram as Ordens religiosas? Qual a sua finalidade dentro da Igreja?</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">6.1 UMA SITUAÇÃO MUDADA</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">No início do século IV, a situação da Igreja mudou profundamente, a partir do Imperador Constantino, e mais tarde, sobretudo, quando o cristianismo foi declarado "religião do Estado".</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A Igreja não tinha mais necessidade de viver clandestinamente. Já não era oprimida ou perseguida, mas, pelo contrário, tornara-se um lugar de refúgio para todos. Para poder ser funcionário do Estado ou trabalhar em qualquer repartição pública, era preciso ser membro da Igreja. Na mesma proporção em que crescia o número de cristãos, crescia igualmente o grau de mediocridade e de superficialidade na fé.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A decadência da vida cristã levou à necessidade de inventar uma quantidade de estruturas, instituições e organismos, grandes casas e muitos ofícios, para organizar esta multidão. A Igreja primitiva de tudo isto não precisara, de maneira que não existiu nenhuma vida religiosa nos primeiros séculos do cristianismo, exceto alguns eremitas e profetas solitários, mas não havia ainda uma vida religiosa estruturalmente organizada.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">6.2 O MODELO DA IGREJA PRIMITIVA</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Começou, então a repetir-se a mesma evolução que já havida se dado no Antigo Testamento: a institucionalização e a profecia condicionavam-se uma à outra. Os chefes da Igreja mantinham uma máquina bem lubrificada, em vez de fomentar as comunidades na koinonía. Fazia-se necessário que alguém viesse relembrar à Igreja a sua finalidade. Surgiu então a vida religiosa. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pessoas isoladas começaram a se dar conta da diferença entre a vida da Igreja que conheciam e a das comunidades primitivas. Procuravam, então, espontaneamente, imitar o ideal descrito nos Atos dos Apóstolos: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"E todos que tinham fé viviam unidos, tendo todos os bens </span><st1:personname productid="em comum. Vendiam" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em comum. Vendiam</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> as propriedades e dos bens e dividiam com todos, segundo a necessidade de cada um. Todos os dias se reuniam unânimes no Templo. Partiam o pão nas casas e comiam com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus entre a simpatia de todo o povo. Cada dia o Senhor lhes ajuntava outros a caminho da salvação" (At 2,44-47). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Portanto, as primeiras formas de vida religiosa pautaram-se pelas primeiras comunidades, como notou João Cassiano, no século IV. Escreveu que os primeiros religiosos se separavam do povo "para praticarem aquilo que os Apóstolos haviam ordenado a toda a Igreja" (Conf. 18, cap.5). Em outras palavras: estes grupos se segregavam da comunidade maior para viverem o carisma profético. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"São esses dois aspectos, aparentemente contraditórios, que caracterizam o profeta: é membro da comunidade, sentindo-se , ao mesmo tempo, distanciado dela. A imagem clássica do profeta, que se afasta para viver no deserto, exprime isto. De um certo modo, está livre das estruturas, obrigatórias em qualquer comunidade normal... Os profetas são chamados para fora da comunidade para falar à comunidade" (R. Haughton). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Entre todas as tarefas da vida religiosa, a primeira é a obrigação de reconvocar a Igreja à fidelidade ao Evangelho. Sem esse aspecto privilegiado, a Vida Religiosa degenera ao nível de mero trabalho social ou uma ocupação assalariada barata, perdendo assim sua razão de ser original e essencial. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Por causa do seu papel profético na Igreja, as Ordens religiosas se mantêm numa relação de certo modo tensa face à instituição. Isto acontece cada vez que as estruturas desta última se enrijecem ou quando se concentram exclusivamente no esforço de manter sua posição privilegiada de liderança. Portanto, o perigo de que a instituição possa procurar assimilar a vida religiosa é sempre atual e presente. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O profeta é uma pessoa incômoda. É hostilizado porque questiona as estruturas vigentes de poder que dificultam a evolução da vida e deixar de servir à humanidade. Isto pode acontecer tanto no âmbito político como no âmbito eclesial. Desde sempre os profetas incomodaram os outros a ponto de serem desprezados, perseguidos e até mortos. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Foi esta a sorte de muitos profetas do Antigo Testamento; e essa foi também, de modo especial, a experiência de Jesus: "Os seus não o receberam" (Jo 1,11). À medida que assumirmos verdadeiramente a nossa tarefa profética dentro da Igreja e da sociedade, será a nossa vez de fazer essa experiência. Mas também o contrário acontece: se, por acaso, gozarmos de benevolência e simpatia dos poderosos e influentes na Igreja e na sociedade, teremos de perguntar-nos a nós mesmos se estamos a ponto de descuidar e de trair a nossa missão profética.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7. FRANCISCO DE ASSIS E O SEU MOVIMENTO</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os historiadores frisam que Francisco constituiu, com seu movimento, a força renovadora mais importante da Igreja medieval. Porém, como será possível interpretar esta força? E que importância continua tendo para todos os que ainda hoje têm seu ponto de referência em Francisco?</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7.1. O ELEMENTO PROFÉTICO </span><st1:personname productid="EM FRANCISCO DE ASSIS" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EM FRANCISCO DE ASSIS</span></st1:personname></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Aquilo que Francisco fez é algo que tem a ver com a Igreja inteira. Isto se tornar clara a partir do acontecimento que seu na igrejinha de São Damião, quando lhe foi ordenado pelo Crucifixo: "Francisco, vai e repara minha casa que, como vês, esta toda destruída" (2Cel 10). Inicialmente, Francisco tomou esta ordem ao pé da letra, restaurando três pequenas igrejas. Somente mais tarde, entendeu tratar-se realmente da renovação da Igreja sobre o fundamento que Jesus havia estabelecido. Francisco, portanto, estava bem consciente de que sua primeira tarefa consistia em relembrar o Evangelho à Igreja e a viver as exigências nele contidas. Sua comunidade de frades formava uma ecclesiola, uma mini-igreja, formada segundo os critérios do Novo Testamento. O que Francisco visava era um retorno incondicional ao Evangelho. Apesar de não denunciar publicamente os erros e até a irrelevância da Igreja do seu tempo - pois nem o clero nem a hierarquia jamais ouviu acusações condenatórias de sua boca -, mesmo assim Francisco e os seus irmãos foram testemunhas vivias e sensibilizadoras da própria essência da Igreja. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Assim, a reminiscência da tradição profética estava bastante clara. Mais evidente torna-se quando lembramos que Francisco imitava o comportamento dos profetas do Antigo Testamento, perambulando pelo país como profeta nômade, assim como também Jesus o havia feito com os seus discípulos. A ausência de qualquer tipo de posse, a instabilidade de vida, a pregação da penitência como chamado à conversão, a solidariedade com os pobres e deserdados, são todos sinais distintivos não somente dos profetas bíblicos, mas também de Francisco e do seu movimento na sua fase inicial. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">De fato, não era a Igreja primitiva, descrita nos Atos dos Apóstolos, que estava à base do modelo primordial de Francisco. Antes, refere-se muito mais ao estilo de vida assumido por Jesus e seus discípulos, descrito por Mateus (cap. 10) e Lucas (cap. 9 e 10), no "sermão do envio". Assim, Francisco demonstra que ele está unicamente preocupado em obedecer aos objetivos de Jesus.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7.2 O ELEMENTO PROFÉTICO </span><st1:personname productid="EM CLARA DE ASSIS" st="on"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EM CLARA DE ASSIS</span></st1:personname></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">No mosteiro de São Damião, Clara e suas companheiras realizaram, a seu modo, a vida conforme o Evangelho. Numa sociedade que avaliava as pessoas de acordo com suas posses ou sua ascendência na escala social, a comunidade de São Damião não reconhecia esse tipo de diferenças. Com razão, poderia ser chamada de o germe inicial de uma igreja fraterna. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Livre de qualquer coação social ou tradicional, exercida por estilo de vida que - naquela época - marcaram a sociedade ou a vida conventual, a comunidade fraterna de São Damião concedeu a cada um de seus membros a mesma dignidade. Simultaneamente, exigia de cada irmã o delicado respeito mútuo para com todas as suas companheiras. Assim, este grupo de mulheres possibilitou o surgimento de um novo modo de relacionamento interpessoal. O sinal característico e distintivo dessa nova relação foi o simples tratamento por "irmã"; Era uma palavra nova no vocabulário conventual do século XIII. Tanto para Clara como para Francisco, o elemento fraterno era fundamental. Assim as Irmãs de São Damião se incorporaram num grupo de mulheres que procurava um novo lugar na realidade social e eclesial. </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Um novo sinal distintivo da comunidade fundada por Clara é sua relação com qualquer propriedade. Pediu ao Papa o privilégio da pobreza absoluta. Era costume que os mosteiros solicitassem dos pontífices privilégios que, via de regra, visavam o direito de manter ou aumentar suas posses ou seus poderes. Clara, pelo contrário, pediu ao Papa que sua comunidade tivesse o direito de viver sem qualquer tipo de posse, apresentando, com isto, um sinal profético. Depois, porém, teve que lutar contra vários Papas quase até i fim de sua vida até alcançar o direito de viver esse privilégio.</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><b style="mso-bidi-font-weight: normal"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7.3 HOJE O MOVIMENTO FRANCISCANO CONTINUA PROFÉTICO</span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Depois do Concílio Vaticano II, ou seja, durante o Capítulo Geral de Madri (1973), os franciscanos produziram um documento onde confirmam: "Acolhendo na fé o Evangelho de Cristo, Francisco teve consciência de estar sendo enviado com seus irmão ao mundo para testemunhar, opor seu gênero de vida e proclamar pela palavra a conversão ao Evangelho, a chegado do reino de Deus e a manifestação de seu amor entre os seres humanos. A consciência desta missão lhe dava o dinamismo espiritual, a mobilidade, a audácia e a coragem a todas as partidas..." (Madri 1973, § 3).</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">No mesmo documento, vem sublinhada a dimensão profética da vida franciscana: </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Certamente, nossa forma de vida, na medida em que for vivida, é uma forma de contestação à mediocridade e às insuficiências das estruturas" (§ 9). </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"A missão essencial da nossa fraternidade, sua vocação na Igreja e no mundo, consiste na realização vital do nosso projeto de vida... Nossa contribuição à construção da Igreja e da humanidade se resume, em primeiro lugar, nisso: é por nossa vida antes de tudo que daremos testemunho" (§ 31).</span></p>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-42257850677443718792009-05-05T18:10:00.001-03:002009-05-05T18:14:42.541-03:00Fontes Franciscanas e Clarianas<span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:'times new roman';"><blockquote><blockquote><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O QUE SÃO FONTES?</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:Arial;font-size:16px;"></span></span></span></p><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:Arial;font-size:16px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Todos sabemos que a melhor água é a que se pode beber na fonte, sem ter passado por reservatórios, encanamentos, tratamentos.</span></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Para qualquer estudo de valor histórico, também é fundamental ir buscar as informações nas suas fontes. Falando em Fontes Franciscanas, queremos saber qual a melhor forma de ter informações genuinas sobre São Francisco de Assis e o movimento franciscano.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Foi só no fim do século XIX que se começou a trabalhar o material franciscano a partir de fontes garantidas. Antes disso, era comum usar uma metodologia popular, que só visava a divulgação.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">I - Fontes</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Fontes históricas são documentos de qualquer tipo em que possamos descobrir de maneira direta os fatos passados pelos quais estamos interessados.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Às vezes também são importantes documentos indiretos, que são antigos e se basearam nas fontes. Nesse caso, não falamos em fontes mas em subsídios. Mas os subsídios adquirem valor de fontes se os documentos mais antigos em que foram baseados tiverem sido perdidos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">II - Tipos de Fontes</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Há dois tipos principais de Fontes: os vestígios e os testemunhos. Os vestígios foram deixados inconscientemente; os testemunhos foram deixados por pessoas que quiseram passar alguma coisa para a história.</span></p><ol><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><i></i></span><li style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Vestígios </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">são, por exemplo, objetos (como ossos, utensílios, armas...) ou tradições (como instituições, usos, costumes...) ou mesmo escritos (como acordos políticos, anotações pessoais ou comerciais...).</span></li><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><i></i></span><li style="text-align: justify;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testemunhos </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">podem ser mudos, orais ou escritos. Em geral são mais claros e reveladores mas podem não ser tão originais, porque nós sempre julgamos e selecionamos o que comunicamos.</span></li></ol><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testemunhos mudos são, por exemplo, os monumentos, os ritos que se instituiram para preservar a história. Testemunhos orais são, por exemplo, mitos, provérbios, cânticos...</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os testemunhos escritos costumam ser os mais importantes e são constituídos geralmente por narrativas, documentários ou expressões de atividades artísticas.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">III - As fontes franciscanas</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Neste caderno, vamos falar só de documentos escritos, dividindo-os em três grandes seções: os Escritos de São Francisco, as Biografias e as Crônicas:</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos de São Francisco</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">: Vamos dar a lista completa e a apresentação a partir da página 5.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">B. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Biografias: </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Vamos dar a lista completa e apresentação das mais importantes a partir da página 17.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">C. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Crônicas: </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Damos a lista e a apresentação das mais importantes a partir da página 59.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Parte</span></p><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">OS ESCRITOS DE SÃO FRANCISCO</span></p><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Apresentação geral</span></p></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Introdução</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> de São Francisco não devem ser entendidos como um programa apresentado por ele, como definições do que ele pensava e queria que os outros pensassem. Não temos que entendê-lo abstratamente, porque ele não é um intelectual. O que escreveu é o transbordamento do que ele sentia diante de Deus e das pessoas. A Deus ele celebra, aos homens, ele exorta.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Nesses escritos, nós auscultamos, apalpamos, entramos em contato com a sua experiência viva, com a sua personalidade, com as suas intenções. É assim que encontramos nele uma proposta de vida.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mas é claro que não poderemos ficar só com os Escritos. Todas as</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Fontes</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, mesmo exigindo uma leitura atenta e crítica, são necessárias para entendêlo no seu tempo, na sua terra; um tempo e uma terra que ele viveu como intensamente seus. E todos os outros estudos que nos ajudem a conhecer o homem medieval também são fundamentais.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Nesta seção, queremos oferecer uma visão breve mas de conjunto sobre todos os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Cada um deles tem que ser lido, meditado, rezado, assimilado. Mas cada um deles tornase muito reduzido se não for bebido e vivido no conjunto de todos os outros.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Quais são?</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os Escritos de São Francisco que possuímos hoje são pouco mais de trinta. Podemos dizer que são trinta e oito. Há diversas maneiras de agrupá-los e de contá-los. Propomos a seguinte:</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span style="font-family:Arial Black;"><p style="text-align: justify;margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A. Exortações (são 3):</span></p></span><blockquote><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1. Admoestações</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2. Testamento</span></p></span><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3. Cântico "Ouvi, pobrezinhas!"</span></span></p></blockquote><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">B. Textos de proposta de vida fraterna ou legislativos (são 6):</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4. Regra não bulada</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">5. Regra bulada</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">6. Regra para os Eremitérios</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7. Forma de Vida para Santa Clara</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">8. Última Vontade para Santa Clara</span></p></span><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">9. Fragmentos de outra Regra não bulada</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">C. Cartas (são 11):</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">10. Primeira Carta aos Fiéis</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">11. Segunda Carta aos Fiéis</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">12. Primeira Carta aos Custódios</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">13. Segunda Carta aos Custódios</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">14. Primeira Carta aos Clérigos</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">15. Segunda Carta aos Clérigos</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">16. Carta a toda a Ordem</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">17. Carta a um Ministro</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">18. Carta aos governadores dos povos</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">19. Carta a Frei Leão</span></p></span><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">20. Carta a Santo Antônio</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">D. Orações (são 10):</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">21. Oração diante do crucifixo</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">22. Exortação ao Louvor de Deus</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">23. Louvores para todas as Horas</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">24. Ofício da Paixão</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">25. Exposição sobre o Pai Nosso</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">26. Bênção a Frei Leão</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">27. Louvores a Deus Altíssimo</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">28. Saudação à B. Virgem Maria</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">29. Saudação às Virtudes</span></p></span><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">30. Cântico de Frei Sol</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">E. Fragmentos em outros livros</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">31. Bênção a Frei Bernardo</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">32. Bênção a Santa Clara</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">33. Testamento de Sena</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">34. Ditado da V. e Perfeita Alegria</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">35. Carta a Frei Jacoba</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">36. Carta aos Bolonhenses</span></p><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">37. Carta aos Frades Franceses</span></p></span><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">38. Carta a Santa Clara sobre o jejum</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY" style="margin-top: auto; margin-bottom: auto; "><span style="font-family:Arial;font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mais adiante, vamos fazer uma apresentação de cada um desses escritos. Ficará explicado, então, porque há outras maneiras de agrupar e contar os Escritos de São Francisco.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não autênticos ou inseguros</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A última edição dos Escritos, feita por Caetano Esser em 1976, apresenta como duvidosos ou seguramente não autênticos 24 textos antes já atribuídos a São Francisco. Pertencem a este grupo: as cartas a Frei Agnelo de Pisa, a Frei Bernardo, a Frei Elias, à condessa Joana, ao eremitério de Porto Vegla; as orações "Absorbeat" (que as </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Fonti Francescane</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> italianas consideram autêntica), "Sancta dei Genitrix Maria", a "Oração simples pela paz" (que surgiu na França em 1914) e outras orações, mas principalmente a "Regra dos irmãos e irmãs da penitência", que anteriormente tinha sido incluícluída pelo próprio Esser no seu livrinho dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Opúsculos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">História dos Escritos</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como é que os Escritos de São Francisco chegaram até nós? Alguns têm uma documentação muito antiga, outros constam de coleções medievais. E outros foram descobertos há bem pouco tempo.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Vamos apresentá-los em três grupos: 1) os testemunhos mais antigos; 2) as coleções medievais; 3) Outras descobertas.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1. Os testemunhos mais antigos</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">a) Autógrafos</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Três dos Escritos de São Francisco chegaram até nós como saíram de suas mãos. Dois, a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bênção a Frei Leão</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e os</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Louvores a Deus Altíssimo,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> estão nos dois lados de um mesmo pergaminho, conservado e exposto na Basílica de São Francisco em Assis. Um terceiro, a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a Frei Leão</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, está exposto na catedral de Espoleto. São pergaminhos pequenos, que Frei Leão guardou consigo até o fim da vida.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">b) O códice B. 24 da Biblioteca Vallicelliana em Roma</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pertencia à Abadia beneditina do Subiaco e contém um missal em que se transcreveu (entre os anos de 1219 e 1238) a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Carta aos Clérigos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. É o códice mais antigo com um escrito de São Francisco. Contém o sinal "tau com a cabeça", como a bênção a Frei Leão.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">c) Um sermão de 1231</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pregando aos universitários de Paris, no dia 13 de julho de 1231, um dominicano citou a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Admoestação 6</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, atribuindo-a explicitamente a São Francisco.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2. As coleções medievais</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Há quatro coleções antigas, já estudadas por Paul Sabatier (1858-1928) e Sofrônio Clasen OFM (+1975):</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">a) O códice 338 de Assis</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pertencia ao Sacro Convento de Assis e foi seqüestrado em 1810, passando a pertencer ao governo italiano, que, desde 1981, permitiu que voltasse a ser guardado no convento.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Foi escrito por frades do Sacro Convento antes de 1279, no tempo do Ministro geral Alberto de Pisa ou no de Haimo de Faversham.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">b) A Compilação de Avinhão</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Também é conhecida como coleção </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Fac secundum exemplar,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> pelo seu prólogo</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É o trabalho de um frade que, por volta do ano 1340, reuniu informações sobre São Francisco que não constavam na </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda Maior</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">c) O grupo da Porciúncula</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">São oito manuscritos feitos por copistas profissionais, provenientes de conventos da estrita observância na Itália central. São do sec. XIV, um deles certamente de antes de 1370.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">d) O grupo do norte ou da província de Colónia</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">São 11 manuscritos, também feitos por copistas profissionais, mas de fora de Ordem: cônegos regulares ou crucíferos da Renânia ou dos países baixos. São do fim do sec. XIV ou do começo do XV.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ao todo, esses quatro grupos somam uns trinta códices, que constituem a base de quase todos os outros manuscritos conhecidos.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Todas essas coleções apresentam as </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Admoestações</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segunda Carta aos Fiéis</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, a</span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><i></i></span><p align="JUSTIFY"><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a toda a Ordem</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Saudação às Virtudes.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> As três primeiras dão também a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento.</span></i></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Assis, Avinhão e Norte dão também a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra para os Eremitérios</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Louvores para dizer em todas as Horas</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Avinhão e Porciúncula trazem a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bênção a Frei Leão</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Saudação a B.V.Maria</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Assis e Avinhão dão o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ofício da Paixão</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Canto de Frei Sol.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Só Avinhão traz a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Oração diante do Crucifixo</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a Santo Antônio</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Só </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Porciúncula</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">tem a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a um Ministro</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Avinhão dá um pedacinho do cap. 16 da </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3) Outras descobertas</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Há também algumas coleções conservadas em códices do sec. XIV e XV. A mais importante está guardada no Antonianum de Roma. Em Oxford guardam o códice 525, escrito entre 1384 e 1385. Na biblioteca Guarnaci, de Volterra está o códice 225. Na biblioteca Vallicelliana de Roma está o códice B131. Numerosos manuscritos dão só um ou dois Escritos, em geral a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Todos esses pergaminhos foram descobertos nos últimos anos do sec. XIX ou no século XX.</span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><i></i></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ouvi Pobrezinhas</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> só foi encontrado em 1976.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Edições impressas</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Nos tempos modernos, as edições dos Escritos de São Francisco estão ligadas ao nome de alguns estudiosos que as publicaram. Vamos apresentar: 1) Lucas Wadding, 2) Paulo Sabatier, 3) Lemmens e Boehmer; 4) Caetano Esser</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1. Lucas Wadding</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Desde a invenção da imprensa, publicaramse Escritos de São Francisco.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mas não eram coleções sistemáticas nem estudos críticos.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A primeira edição organizada foi feita em 1623 por Lucas Wadding, o frade irlandês que publicou os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Annales Minorum</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Foi ele quem usou pela primeira vez a palavra </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Opúsculos,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> depois amplamente adotada. Opúsculos quer dizer "obrinhas", por isso nós preferimos falar sempre em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">de São Francisco.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O livro de Wadding tinha 710 páginas de tamanho gigante. Ele recolheu junto com os escritos propriamente ditos também discursos, alocuções, exortações, orações. Era uma edição preciosa mas confusa. Em quase três séculos, teve muitas traduções e muitos resumos, até que os editores modernos se dedicaram a estudar o que era mesmo autêntico e o que era apócrifo.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em 1748, Frei Manuel de São Boaventura publicou em Portugal uma coleção chamada </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Polyanthea seu Florilegium Seraphicum, </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em que incluiu o texto de Wadding.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A primeira tradução de Escritos de São Francisco deve ser uma francesa de 1632. As italianas começaram a aparecer no fim do sec. XVIII. No sec. XIX, multiplicaram-se em quase todas as línguas ocidentais.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2. Paulo Sabatier</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">No final do século XIX, quando o mundo ocidental estava mergulhado no positivismo e no laicismo, Paulo Sabatier, um pastor protestante francês, discípulo de Renan, fez surgir uma nova primavera ao publicar uma </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Vida de São Francisco</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, em 1893. Ele se entregara a estudos científicos dos pergaminhos que falavam de São Francisco e revolucionou as buscas franciscanas, já então bastante insatisfeitas com o trabalho de Wadding, por incluir em pé de igualdade obras legítimas e tantos outros escritos inseguros ou certamente espúrios.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">As sucessivas publicações de Sabatier, sempre amplamente acolhidas ou discutidas, animaram outros estudiosos a sair em campo para rever os Escritos de São Francisco e suas Fontes históricas. A </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Questão Franciscana</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> movimentou muita gente em toda a Europa.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Foi assim que nasceram as primeiras edições críticas dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, amplamente esperadas. Mas isso só foi acontecer no começo do século XX.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3. Lemmens e Boehmer (1904)</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em menos de quatro meses, em 1904, foram publicadas duas edições críticas: a de Lemmens e a de Boehmer.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O franciscano Leonardo Lemmens publicou o seu </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Opuscula sancti patris Francisci Assisiensis sec. codices mss, emendata et denuo edita a PP. Collegii S. Bonaventurae ad Claras Aquas,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> em Quaracchi, perto de Florença. Trabalhou em cima do códice 338 de Assis comparando-o com outros manuscritos, em número bastante reduzido, todos pertencentes ao grupo da Porciúncula. Como se limitou aos escritos em latim, nem incluiu o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Cântico de Frei Sol</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, cujo original era em italiano e estava no códice 338.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Heinrich Boehmer era um leigo, tido como um dos mais qualificados estudiosos da Universidade de Tubingen. A obra saiu dentro das </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Analekten</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">zur Geschichte des Franciscus von Assisi. </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Tinha 146 páginas, sem contar as 72 de introdução. Apresenta a história dos Escritos, a edição de Wadding e distingue os diversos escritos do Santo. Usou principalmente os manuscritos da coleção de Avinhão, 60 códices. Para ele, a Regra da Ordem Terceira já não era documento autêntico.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Depois dessas duas edições críticas, o número de escritos de São Francisco ficou bastante reduzido, mas seguro. É interessante que as duas obras foram feitas independentemente mas coincidiram em quase tudo. E é preciso reconhecer que a colaboração de Sabatier, com suas pesquisas e publicações, foi muito grande.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"></span></span><p align="CENTER" style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4. Caetano Esser OFM.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A edição crítica (1976-1989)</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Nos primeiros decênios deste século, os pesquisadores encontravam praticamente um manuscrito franciscano por mês: ou das fontes históricas ou dos Escritos. Estavam empenhados em resolver a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Questão Franciscana</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. O resultado foi um conhecimento cada vez melhor dos Escritos.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Quem mais se destacou no estudo dos Escritos e das origens franciscanas foi Caetano Esser OFM (1913 - 1978), da Província de Colônia. Fez uma tese de doutorado sobre o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Para isso, comparou um por um todos os pergaminhos que traziam o Testamento. Descobriu assim a dependência entre os diversos códices e estabeleceu as bases para uma edição crítica. Continuou a estudar todos os Escritos de São Francisco.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em 1968, o Conselho Plenário da OFM encarregou uma comissão de preparar uma edição crítica. Ela publicou seus trabalhos em 1972: reuniu 196 códices que continham os Escritos, sem contar mais 56 que só tinham a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. E Esser continuou seus estudos.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em 1976, como em 1904, saíram duas edições críticas, mas, desta vez, as duas feitas por franciscanos. Uma foi a de Esser, outra de Frei João Boccali, OFM, que publicou uma concordância dos Escritos de São Francisco e de Santa Clara.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A obra de Esser foi editada em alemão, com uma tiragem bem reduzida. Em 1978, saiu uma edição menor, em latim, reduzindo o aparato crítico ao mínimo, para ser usada pelos alunos. Serviu de base para numerosas traduções nas línguas modernas.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Para ter uma idéia de como se faz uma edição crítica</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O fundamental é estudar todos os pergaminhos antigos para chegar a estabelecer um texto seguro, isto é, o mais próximo possível do que foi escrito no tempo de São Francisco.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A gente poderia dizer que "quanto mais velho o pergaminho, mais próximo do texto verdadeiro". Mas esse princípio, embora válido, o que faz com que o códice 338 de Assis seja muito respeitado, não é sempre garantido. Um documento mais recente pode ter copiado mais fielmente um texto antigo que uma cópia intermediária. Por isso, só para se ter idéia, vejamos algumas regras que foram estabelecidas:</span></p></span><ol><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Quando um texto, comparado com outro, mostra que foram feitas correções para que o latim ficasse mais certo ou se livrasse de expressões italianas, a gente confia mais no texto sem correções.</span></li><li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Quando um texto foi corrigido ficando mais parecido com uma fórmula quase decorada, por exemplo, pela leitura constante da Regra e do Testamento, é preferível a forma diferente.</span></li><li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A Ordem mudou bastante. Às vezes, os copistas não entendiam mais algumas coisas sobre uma vida fraterna ou costumes antigos e corrigiam de acordo com os costumes de seu tempo. Um bom conhecimento da história pode ajudar a restabelecer o texto corrigido, encontrado em algumas cópias.</span></li><li style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Às vezes as correções foram feitas porque a linguagem teológica de Francisco e seus companheiros é anterior à Escolástica. Então é mais antigo o texto menos correto, ou com linguagem certamente mais antiga.</span></li></span><li style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">São Francisco usava uma prosa despojada, normalmente sem belezas de estilo. Entre um pergaminho que tem um texto mais bonito e outro com linguagem mais rude, é preciso ficar com o menos bonito.</span></span></li></ol><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A edição de Esser</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Esser apresentou os Escritos de São Francisco em ordem alfabética. Mas é claro que a ordem alfabética dos títulos em latim torna-se completamente diferente nas outras línguas. Como também não dá para usar a ordem cronológica, porque não se sabe exatamente a data em que foi redigido cada escrito, há diversas tentativas de distribuir os Escritos por grupos, como nós fizemos (exortações, legislativos, cartas...) mas mesmo isso não é fácil.</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na edição de Esser há uma seção de "Opúsculos ditados". Trata-se de escritos cuja redação não é conhecida através de manuscritos que os apresentem como tais. Estão só nas fontes biográficas, como notícia: o autor diz que São Francisco ditou algum tema e coloca o assunto, sem pretender dizer que o texto era exatamente aquele: garante-se que o assunto é autêntico, não o texto com todas as suas palavras. O problema é que, nessa base, poderiam ser colecionados muitos outros </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">ditos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> palavras </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">de São Francisco. Preferimos chamálos de "Fragmentos encontrados em outros livros".</span></p><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mas é preciso saber que a maior parte dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> foi mesmo ditada. São Francisco sabia mal o latim e chamava frades que soubessem escrever. Mas depois ele revia, corrigia e, por isso, textos como o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> ou o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Cântico de Frei Sol</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, certamente ditados, podem ser aceitos como escritos por ele. De maneira ampla, o importante é saber que os Escritos que apresentamos são mesmo de São Francisco, ainda que vários possam ter uma colaboração de alguns de seus companheiros. Em geral, cada palavra foi aceita por ele, que era cuidadoso nessas questões.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em 1989, Frei Engelbert Grau OFM fez uma segunda edição da obra de Esser (que tinha morrido em 1978). As novidades são um índice bibliográfico, a apresentação do </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ouvi pobrezinhas</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (que só foi encontrado em 1976) e uma nova maneira de apresentar a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Carta aos Fiéis</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial Black;"></span></span><p style="text-align: justify;"><span style="font-family:Arial Black;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Uma nova edição</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><p align="JUSTIFY"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em 1995 as "Edizioni Porziuncola", de Assis, apresentaram uma preciosa contribuiçãopara os estudiosos. São</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">FONTES FRANCISCANI</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, isto é as Fontes Franciscanas em latim. Um só volume, com 2.581 páginas em papel bíblia traz todas as Fontes mais importantes, com preciosas introduções atualizadas. Estão incluídos até os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Actus Beati Francisci et sociorum eius </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">e também os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Escritos,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Processo</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> de Santa Clara. Está prometido um novo volume com as </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Crônicas</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e os outros Documentos que ficaram faltando.</span></p></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os que podem ler os textos na língua original e na versão crítica não precisam mais estar juntando livros, às vezes raros, nas bibliotecas. Neste caderno, essa nova edição foi imensamente útil</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Admoestações</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Trata-se de uma coleção de 28 textos curtos (só a primeira é um pouco maior) que tem ampla presença nos manuscritos medievais. Uma das </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Adm</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> foi o primeiro texto de Francisco citado fora da Ordem (1231) por um frade dominicano. Lembra-se que Francisco costumava fazer alocuções a todos os frades nos capítulos gerais. Algumas destas admoestações podem provir desses capítulos, mas não todas. Do nº 1 ao 13 os temas são variados; do 14 ao 28 formam o que se chama de "bemaventuranças franciscanas". Provavelmente são textos que só foram falados por São Francisco e que foram preservados porque alguém tomou nota. É até possível que tenha sido alguém de fora da Ordem (pensa-se em um cisterciense secretário do Card. Hugolino) porque usa expressões como </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">prelado, servo de Deus,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> etc. que não eram comuns no meio franciscano.</span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">As </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Admoestações</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> são um bom resumo da proposta espiritual de São Francisco.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Depois da </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> é o documento melhor e mais amplamente documentado de São Francisco. Ninguém duvida de sua autenticidade. O próprio título </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">procede do texto do Santo. Sabe-se que São Francisco o ditou em seus últimos dias, depois de ter discutido vários pontos com os frades. Ele queria que fosse lido sempre depois da Regra, e isso sempre foi feito. Mas, desde o início, houve discussões a respeito do valor obrigatório desse documento. Já Gregório IX declarou, em 1230, que o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> não era obrigatório. Mas não há dúvida de que ele expressa de maneira muito candente o pensamento do Santo sobre a sua própria vida e a que Deus lhe havia inspirado para os Frades Menores.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3. "</span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ouví, Pobrezinhas</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">" - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Este documento foi encontrado em 1976, logo depois que saiu o livro de Esser, pelo Frei João Boccali, que seguiu as indicações de duas clarissas estudiosas e o localizou no mosteiro das clarissas de São Fidêncio em Novaglie. Boccali deulhe o nome de "Palavras de Exortação". Dois anos depois, publicou um estudo crítico, ao qual se seguiram outros. Já se tinha conhecimento desse cântico pelo </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Espelho da Perfeição</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (90) e mais ainda pela </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda Perusina</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (45). São Francisco o compôs para Santa Clara e suas Irmãs "com canto" logo depois de compor o Cântico de Frei Sol.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não Bulada</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Às vezes também é chamada de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Regra</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, deixando-se o nome de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segunda Regra</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">para o que estamos denominando </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Na verdade, não foi a primeira. Alguns chamam de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Proto-regra</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> ou</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra Primitiva</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> a que foi aprovada por Inocêncio III em 1210. A Regra não bulada é a versão final que resultou em 1221, depois que os capítulos gerais foram acrescentando modificações à Regra Primitiva, para se adequar à vida de uma fraternidade que não parava de crescer. É o maior dos escritos de São Francisco. Ele é certamente o autor, mas teve ampla colaboração de todos os frades reunidos nos capítulos gerais. Tratase de um documento vivo, ardoroso, cheio de orações e de citações bíblicas. É imprescindível para se conhecer o pensamento de Francisco e de seus primeiros companheiros sobre a Ordem que estava começando.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">5. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra bulada</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Damos-lhe esse nome porque foi aprovada pela bula "Solet annuere" de Honório III (1223). Nunca houve dúvidas quanto à autenticidade nem quanto ao texto desta Regra. São numerosíssimos os manuscritos medievais que a trazem, mas nem precisamos deles: temos o pergaminho original da bula, que inclui a Regra, e está guardado em Assis (com muitas fotocópias modernas espalhadas por nossos conventos). Nos arquivos do Vaticano também ficou uma cópia, com pequenas diferenças devidas a falhas dos amanuenses. É a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Forma de Vida</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> que vale deste 1223 para todos os Frades Menores e, por isso, é amplamente conhecida por todos os franciscanos, que a sabem de cor.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">6. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra para os Eremitérios</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- Já consta no códice 338 de Assis e está bem representada em muitos códices. Não tinha título. Esse foi dado de acordo com o conteúdo. Deve ter sido escrita entre os anos de 1217 e 1220. Mais tarde, como a Ordem deixou de ter eremitérios do tipo considerado neste documento (por eremitérios entendiam pequenos conventinhos) os copistas tentaram fazer correções para o que não estavam entendendo. Pode ser considerado um complemento à grande Regra. É um magnífico documento sobre a vida fraterna e a vida de oração.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Forma de Vida para Santa Clara</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Só temos este documento porque Santa Clara o copiou no capítulo VI de sua Regra. Também fez uma referência a ele no seu Testamento. Foi dado por Francisco logo no começo da fundação das Irmãs Pobres, provavelmente em 1212 ou pouco depois. É muito curto, mas pode ser realmente o miolo da proposta de Francisco: as Irmãs deviam viver o Santo Evangelho integrando-se na vida da Trindade. E Francisco promete cuidar delas como de seus irmãos. É interessante observar a semelhança entre essa forma de vida e a antífona a Nossa Senhora que faz parte do </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ofício da Paixão</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">8. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Última Vontade para Santa Clara</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Este é outro escrito de São Francisco que só conhecemos porque Santa Clara o introduziu o capítulo VI de sua </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Deve ter sido escrito nos últimos dias de vida do Santo, mais ou menos na época em que enviou sua bênção a Santa Clara. É uma forte exortação à vida em pobreza. Em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> 204, Celano fala desse documento.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">9. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Fragmentos de outra Regra não bulada</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Já em 1904, Boehmer fazia notar que havia diversas citações da Regra de São Francisco que eram certamente anteriores à </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra Bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> mas também não constavam exatamente na </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não bulada.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Ele colocou alguns logo depois de sua apresentação da </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Na realidade, são até mais numerosos. Podemos encontrá-los em três fontes: 1. O códice da catedral de Worchester, a "Explicação da Regra" escrita por Hugo de Digne entre 1245 e 1255 e a "Vida Segunda", de Celano.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">10. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a um Ministro</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É um documento conhecido desde o fim do sec. XIV, porque Bartolomeu de Pisa faz várias citações, sem nunca colocar o texto inteiro. Wadding apresentou mais de uma versão, sem deixar nada claro. Foi uma surpresa quando os estudiosos começaram a encontrar códices que davam a carta completa. Algumas publicações foram feitas antes de 1900, por Eduardo de Alençon e Paulo Sabatier. Não se sabe quem é o ministro que recebeu a carta, mas ela costuma ser datada com bastante segurança antes de 1223 e até mesmo antes de 1221, mas não pode ser muito anterior. É um belíssimo escrito sobre a misericórdia, que nos faz conhecer bem de perto São Francisco.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">11. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Carta aos Fiéis</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Foi Paulo Sabatier quem publicou pela primeira vez este Escrito, no ano de 1900. Ele o achara no Códice de Volterra. Deulhe o nome de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Verba vitae et salutis</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (Palavras de vida e de salvação) e disse que se tratava de um primeiro esboço do Escrito hoje conhecido como</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Segunda Carta</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">aos Fiéis</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (que ainda não tinha sido publicado naquele tempo). Lemmens e Boehmer aceitaram o escrito mas disseram que se tratava de um resumo posterior. Esser conseguiu provar que se tratava realmente de uma primeira versão, mais antiga, da outra e lhe deu esse nome de "Carta aos Fiéis - primeira recensão", corrigindo o título dado por Sabatier. Essa primeira versão, bem de acordo com o que dizem o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Anônimo Perusino</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (41) e a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda dos Três Companheiros</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (60), é escrita no plural, pelos frades, com São Francisco. É um belíssimo e simples documento que fala dos que fazem e dos que não fazem penitência.</span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na segunda edição da obra de Esser, Grau aproveitou estudos feitos por Pazzelli e mostrou que, de fato, não se trata de uma Carta mas de um "louvor" a Deus pelos que fazem penitência: os que chamamos de Irmãos e Irmãs da Penitência. E que o título de Sabatier estava correto.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">12. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segunda Carta aos Fiéis</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Wadding publicou esta carta dividida em duas, baseandose em um manuscrito. Mas hoje temos muitos outros manuscritos, inclusive do sec. XIII, que dão o texto como uma única carta. Sua autenticidade é aceita. Talvez se possa situar a primeira recensão por volta de 1212 e esta por volta de 1222. Bem mais longa, esta nos faz pensar em como a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra primitiva</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">dos Frades Menores foi se transformando na </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra não bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">: na medida em que aumentava o número dos Irmãos e Irmãs da Penitência e em que as dificuldades iam aparecendo, a Carta foi crescendo. É fácil perceber como muitos trechos novos foram colocados para esclarecer quanto aos erros dos cátaros, que deviam influenciar muitos irmãos. A divisão em doze capítulos e os subtítulos certamente não são originais.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">13. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Carta aos Custódios</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Era um escrito completamente desconhecido até 1902, quando foi publicado por Sabatier, que o encontrara no códice de Volterra. W. Goetz quis ver nele uma compilação da </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos Clérigos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, da </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">II aos Custódios</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e da </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos Governadores dos povos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Mas, ao encontrar a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira aos Clérigos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> no Missal do Subiaco, constatou que a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira aos Custódios</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> também era autêntica. Foi reconhecida nas edições de Lemmens e Boehmer (1904). A </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segunda Carta aos Custódios</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> faz uma alusão a ela. O assunto é sobre a Eucaristia. Parecem evidentes sua conexão com a "</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Sane cum olim</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">" de Honório III (1219) e também sua linguagem préescolástica. Custódios, nesse tempo, eram todos os superiores da Ordem dos Frades Menores.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">14. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segunda Carta aos Custódios</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Foi bastante discutida mas, hoje em dia, sua autenticidade é aceita. Foi publicada pela primeira vez por Wadding em 1623. Ele estava fazendo uma tradução em latim de uma carta que recebera em espanhol, mas que, por sua vez, tinha sido traduzida do latim, porque se conservava outrora em Saragoça um manuscrito que era venerado como autógrafo. Por isso, temos a certeza de que o texto não é o original. Mas o assunto é fácil de aceitar, tanto pelo estilo de São Francisco, como pelo tema e mais ainda porque cita a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos Clérigo</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">s, a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta 1 aos Custódios</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos governadores dos povos.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Também se dirige a todos os superiores da Ordem e também fala da Eucaristia. Podese demonstrar que é uma segunda versão, um tanto modificada, da primeira.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">15. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Carta aos Clérigos</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Já recordamos que o códice B24 (por Esser chamado RV2) contém a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Primeira Carta aos Clérigos</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> copiada em um missal beneditino. É o texto mais antigo que possuímos (entre 1219 e 1238) fora os autógrafos. Esta Carta é um dos escritos de São Francisco estudados mais a fundo. Tem uma base nos relatos de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">LP</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">18 e </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EP</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> 56 (São Francisco andava com uma vassoura para limpar as igrejas, falava com os clérigos) e no seu amor à Eucaristia, documentado também no </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, na </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1 Adm</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> etc. Alguns estudiosos só levam em consideração esta primeira carta, eliminando a segunda, que dizem ter muito poucas diferenças (Isso já muda a maneira de contar os Escritos).</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">16. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segunda Carta aos Clérigos</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Caetano Esser distingue a primeira recensão (a do missal beneditino), da segunda, que está em quase todos os outros manuscritos. Acha que as diferenças são poucas mas importantes. Levanta a hipótese de que a primeira date do período entre o Concílio de Latrão e a viagem de Francisco ao Egito (1215-1219), e que a segunda seja posterior a 1220, quando o Papa Honório III publicou sua carta</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> "Sane cum olim</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"; Francisco teria gostado e reformado um pouco sua primeira carta incluindo algumas expressões do papa.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">17. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a toda a Ordem</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na edição de Wadding (1623) esta carta está dividida em três partes e tem três títulos. Por isso, mesmo nas edições de 1904 ela ainda aparece com o nome de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta ao Capítulo Geral.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Ou então se dizia que era "a todos os frades". Mas este é o documento mais documentado de todos os Escritos de São Francisco, depois da</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Regra bulada</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e do </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Esser livrou-a de todas as dúvidas e lhe deu o nome de </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a toda a Ordem</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, autorizado por alguns manuscritos. É o texto mais bem escrito de São Francisco, com um latim muito bom, o que mostra que os secretários devem ter ajudado bastante. Um precioso documento sobre a Eucaristia.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">18. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos governadores dos povos</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não foi encontrado nenhum códice medieval para esta carta. A única fonte é uma cópia que, segundo a tradição, foi levada para Saragoça por Frei João Parenti, quando foi ministro provincial da Espanha no tempo de São Francisco. Mas ela é aceita como autêntica. Tem que ser entendida no conjunto de outras circulares que ele escreveu quando voltou do Egito, entre 1220 e 1224. Ele estava muito doente e quase cego. Sabendo que não podia mais fazer pregações por toda parte, decidiu começar um apostolado novo, por escrito. Impressionado com os muezins muçulmanos que convidavam o povo cinco vezes por dia para a "shalat", Francisco solicita aos governantes que se façam patrocinadores dos louvores de Deus por um anúncio vespertino. Podia até estar pensando em um sinal ecumênico que unisse cristãos e muçulmanos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">19. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a Frei Leão</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Está conservada na catedral de Espoleto, em um pergaminho autógrafo. Não há manuscritos que a tenham copiado. A primeira cópia conhecida é de 1604, quando levaram o pergaminho para comparar com o do</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bilhete a Frei Leão,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> que contém a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bênção</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Louvores a Deus Altíssimo</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Wadding copiou- a em 1623. Não há dúvida quanto à autenticidade: é bem o estilo de Francisco, numa linguagem bastante incorreta. Mas fala ao coração, "como uma mãe". Parece que, durante séculos, esse texto foi usado como uma relíquia, para dar bênçãos. Em 1860, quando foi supresso o convento dos conventuais em Espoleto, onde era guardada, passou para a catedral. Um pároco, em 1895 queria vendê-la aos americanos. Falloci Pulignani levou a questão ao Papa Leão XIII, que deu uma pensão anual de 200 liras ao pároco para ficar com a relíquia no Vaticano. Depois, deu-a de novo à catedral de Espoleto.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">20. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a Santo Antônio</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A autenticidade desta carta só começou a ser discutida depois que Sabatier insistiu em que São Francisco se opunha aos estudos. Em geral o texto aparece em pergaminhos independentes ou nas vidas de Santo Antônio, não em coleções. Depois das edições de 1904 foram achados muito pergaminhos. É interessante ler</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel 163</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, onde se fala dessa carta, e também a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Adm. 7</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, que fala dos estudos. A Carta cita a </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">RB</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, por isso tem que ser posterior a 1223. Mas não pode ser posterior a 1224/5, quando Santo Antônio foi para a França. Ele deve ter pedido antes o escrito de São Francisco.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">21. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Oração diante do crucifixo</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em geral aparece solta nos manuscritos, sendo mais comum nos ligados à coleção de Avinhão. Quase sempre se diz que Francisco rezou essa oração quando o Crucificado pediu que reformasse sua casa. É conhecido o texto italiano como original. Alguns quiseram por em dúvida sua autenticidade, perguntando quando São Francisco a teria composto e escrito. Hoje se pensa, geralmente, que ele já estava fazendo essa oração no tempo anterior a São Damião: e foi a resposta espontânea que lhe veio aos lábios ou ouvir Jesus. É interessante que Frei Marcos de Lisboa já apresenta uma tradução em português em 1556 e até diz que o Crucifixo falou depois que Francisco rezou a oração.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">22. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Exortação ao Louvor de Deus</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Esta oração de São Francisco não estava nem nos "Opúsculos" de Wadding (1623) nem entrou nas edições críticas de Lemmens e Boehmer (1904). Mas foi aceita por Esser (1976). O próprio Wadding colocou-a nos seus </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Annales Minorum</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (1625), dizendo que copiara uma informação de Frei Mariano de Florença. Também foi encontrado um manuscrito do sec. XV que dá um testemunho paralelo e muito interessante: A exortação foi escrita pelo próprio São Francisco em uma tábua que servia de piso do altar em um seu eremitério. Ele mandou pintar algumas criaturas na tábua e depois escreveu o texto. Mais tarde tiraram a tábua e a expuseram como um quadro. Frei Mariano viu e copiou. A outra cópia (códice N7) também foi feita assim.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">23. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Louvores para todas as Horas</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Não há dúvidas quanto à autenticidade desses louvores que São Francisco rezava antes das horas canônicas: estão em muitos manuscritos. A oração final é certamente original dele. Os outros louvores, como são feitos com textos litúrgicos muito conhecidos, em geral nem foram copiados por inteiro nos manuscritos. Todo mundo os sabia de cor e os copistas muitas vezes se limitaram a dar as palavras iniciais. Por isso é difícil reconstituir com segurança o texto original.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">24. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ofício da Paixão</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É uma preciosa coleção de quinze Salmos e uma antífona de Nossa Senhora que São Francisco fez para celebrar todos os dias, paralelamente ao Ofício Divino, o mistério de Jesus Cristo. Treze dos Salmos são elaboração dele, usando principalmente trechos de Salmos bíblicos. Esse "Ofício" não está contido em muitos pergaminhos medievais, mas não há dúvidas quanto a sua autenticidade. Os pergaminhos não davam um título. Wadding inventou esse de "Ofício da Paixão do Senhor", que foi aceito por Lemmens e Boehmer. Na realidade, São Francisco celebra também a Páscoa e todo o mistério de Jesus. Alguns autores achavam que era um texto sem importância, porque feito com retalhos de Salmos conhecidos. Mas é justamente aí que está sua importância: qual a seleção feita pelo Santo. A </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda de Santa Clara</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (30) diz que ela "aprendeu o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ofício da Cruz</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> feito por São Francisco e o recitava com igual afeto". É um dos melhores escritos para demonstrar a identificação de Francisco com Jesus Cristo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">25. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Exposição sobre o Pai-nosso</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Houve muitas discussões a respeito deste Escrito. Dizia-se que, naquele tempo, eram muito comuns essas paráfrases sobre o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pai-nosso,</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> aliás conhecidas desde Orígenes e outros santos Padres. Na realidade, ainda não foi descoberto nenhum texto de outros autores realmente parecido com este de Francisco. Não é uma exposição sobre o Pai-nosso, é uma oração ampliada, em que ele vai acrescentando tudo que tem no coração. Também não faz parte dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Louvores para todas as horas</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, como alguns afirmavam e Esser esclareceu definitivamente.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">26. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bênção a Frei Leão</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Este texto e o seguinte estão nos dois lados de um pergaminho de uns 10 X 14 cms. com a letra original do Santo. O pergaminho está guardado em um relicário, na basílica de Assis, pelo menos desde 1338. Depois do </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Cântico de Frei Sol</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, foram os escritos que mais mereceram estudos dos especialistas. É interessante ler</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel 49 </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">(e o paralelo </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">LM 9,9</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">) para conhecer sua história. A bênção, muito conhecida, é uma adaptação de Nm 6,24-26.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">27. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Louvores a Deus Altíssimo</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O texto autógrafo (no bilhete a Frei Leão) está um pouco estragado pelo uso, mas o que nele não pode ser lido completa-se pela ampla tradição dos manuscritos medievais. É uma das expressões mais bonitas e arrebatadas das orações de louvor de São Francisco e de seu amor ao Deus Trindade.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">28. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Saudação à Bem-aventurada Virgem Maria</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">As Fontes, desde </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel 198</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EP 55</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> falam da grande devoção de São Francisco por Nossa Senhora. Esta "saudação", que talvez fosse melhor chamar de "lauda" não consta nos pergaminhos do sec. XIII, embora seja abundantemente testificada a partir do sec. XIV. Mas nunca ninguém colocou em dúvida sua autenticidade. A idéia que Nossa Senhora é uma "Virgem feita igreja" baseia-se na teologia patrística, que alimentava a liturgia conhecida e vivida por São Francisco. Muitos manuscritos escreveram "virgem perpétua", mas o pensamento da lauda está construído em cima do "Virgem feita igreja".</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">29. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Saudação às Virtudes</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A primeira referência a este escrito está em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> 189, onde recebe o nome de "Louvores sobre as virtudes". Mas a sua presença é abundante nos códices medievais e não há nenhuma dúvida da autenticidade. É típico de Francisco chamar as virtudes de irmãs ou senhoras e mais típico ainda o seu uso das palavras corpo, carne, espírito e mundo. Vários manuscritos ligam este escrito à </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Saudação à Virgem Maria</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, falando em "virtudes com as quais foi ornada a Santa Virgem e deve ser ornada a alma".</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">30. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Cântico de Frei Sol</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Este cântico, amplamente conhecido hoje em dia, é certamente uma das obras mais estudadas de São Francisco, e não há nenhuma dúvida sobre sua autenticidade. Já há referências preciosas em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1Cel</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">80, em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">165, em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda Maior </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">8,6. No </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Espelho da Perfeição</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> é interessante ler desde o n. 115 até o n.120, que dá o texto. Mas o melhor texto é o do Cod. 338 de Assis. Já no sec. XIV muitos pergaminhos davam o texto completo, independente de outros escritos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">31. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bênção a Frei Bernardo</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Uma bênção dada por São Francisco, no leito de morte, ao seu primeiro frade, Bernardo de Quintavale. O episódio é muito conhecido, especialmente por </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda Perusina </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">107-8 e </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EP </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">107, mas também é bom ver </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">48.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">32. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bênção a Santa Clara</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> O episódio é conhecido em quase todas as fontes que falam da bênção a Frei Bernardo. Vem logo em seguida. O texto melhor está em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EP </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">108. Não se deve confundir esta bênção com as "palavras de exortação" ou "</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ouvi, pobrezinhas</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">", nem com a "</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Última vontade</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">".</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">33. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Testamento de Sena</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Encontramos o episódio e o assunto do Testamento em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">EP </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">87 e em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">LP </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">17. Várias outras fontes do sec. XIV falam disso. Os estudiosos o aceitam como autêntico porque ninguém apresentaria um outro Testamento de São Francisco se a base histórica não fosse segura, uma vez que o grande Testamento já era tão discutido. O texto mais seguro é </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda Perusina</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> 17.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">34. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ditado da Perfeita Alegria</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> conhecido no cap. 8 dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Fioretti</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, baseado no cap. 7 dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Actus</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Os dois são certamente enfeitados. Wadding publicou um texto mais antigo. Depois, foi encontrada no pergaminho conhecido como</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">cod FN</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, uma versão mais rude, que é aceita como mais antiga. Sabatier defendeu-a. É interessante ler </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2Cel </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">125 e a</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Adm</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> 5 para confrontar.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">35. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a Frei Jacoba</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Está em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3Cel 37</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Sua autenticidade sempre foi aceita e temos o relato em </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Legenda Perusina </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">101 e </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Espelho da Perfeição </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">112. Os </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Actus </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">chegam a dar todo o texto, mas é evidententemente uma elaboração posterior. Ficamos com Celano.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">36. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos Bolonhenses</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Só está na </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Crônica</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> de Tomás de Ecleston, que cita um relato de Frei Martinho de Barton: São Francisco escreveu uma carta, em mau latim, aos bolonhenses predizendo um terremoto. O assunto é tido como autêntico.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">37. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta aos Frades Franceses</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> -</span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Também só é testemunhada na </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Crônic</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">a de Tomás de Ecleston. Francisco escreve aos ministros e aos frades da França, exortando-os a louvar a Santíssima Trindade.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"></span></span><p align="JUSTIFY"><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">38. </span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Carta a Santa Clara sobre o jejum</span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> - </span></span><span style="font-family:Arial;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A gente sabe que essa carta existiu porque Santa Clara fala nela em sua</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3CtIn.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Refere-se a um escrito e a conselhos e mandamentos do Santo. Parece que estava tudo em um único pergaminho. Não temos o texto.</span></span></p></blockquote></blockquote></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-34506952086929348222009-04-23T09:37:00.005-03:002014-01-15T11:15:52.197-02:00Pelos olhos de Francisco o amargo se faz doce<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="line-height: 24px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Francisco conta que no episódio com o leproso, o que até então era </span><span style="mso-spacerun: yes;"><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">amargo se tornou doce e ele o amou e beijou com carinho maternal. O horror das chagas se transformou no brilho dos olhos de Jesus, esposo querido que Francisco e os seus, nunca mais quiseram se apartar. Jesus mudou o foco daquela vida, até então fútil e ambiciosa. Francisco era mais um jovem em busca de sonhos e conquistas, no entanto, suas metas visavam atender apenas ao egocentrismo que até então pairava em sua personalidade.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: #660000;"><br />
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Muitas vezes, construímos uma visão extremamente romântica de São Francisco de Assis. O vemos como aquele que andava entre os animais, que a todos anunciava o amor e a cortesia sem, com isso, percebermos a grandeza do esforço e as dificuldades imensas que forjaram esse caráter santo que hoje ilustra os nossos românticos sonhos franciscanos. Francisco viveu duas grandes e terríveis crises que ajudaram a amadurecer sua alma e construir sua forma de ser e de viver tão almejada por muitos até os dias de hoje. Viu serem jogados por terra seus sonhos de conquista e poder. Lutou e perdeu! Esteve preso e no cárcere pôde perceber a fragilidade das ambições humanas diante da imensidão misericordiosa que é o Pai. Tendo comprada a sua liberdade por Pedro Bernadone, seu pai e estando doente e fraco, passou por profunda reflexão que ainda não foi suficiente para removê-lo de seus sonhos juvenis. Nova empreitada bélica surge diante de seus olhos e novamente o sonho de ser nobre excita aquele homem ainda confuso sobre as coisas de Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Porém, o Pai atuou diretamente em sua história. Já amaciado pela dor e pelos horrores do cárcere, o seu íntimo já se colocava em condições de receber o sopro irresistível do Espírito Santo que o atraiu e “capturou” definitivamente. O episódio com o leproso foi o divisor de águas que marcou tal transformação, no entanto, foram momentos e mais momentos entre grutas e solidão, escárnio e opressão até que ele enfim se tornou líder de uma fraternidade que hoje é universal e transcende em muito os limites da igreja. A ordem iniciante sofreu muitas dificuldades (exploração por sua mão de obra barata, indiferença, humilhações e expropriações de seus espaços e de atuação e louvor, etc.), porém se manteve firme até ser reconhecida como comunidade santa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Porém, como Francisco mesmo relata, a partir de seu reconhecimento e legitimação aconteceram os piores momentos para aquele grupo iniciante e sonhador: o crescimento indiscriminado, a vontade de arrefecer a forma de vida que eles levavam e os diversos tipos de dificuldades provindas de todo grupo que se engrandece, geraram em Francisco uma crise muito mais avassaladora do que a primeira por ele vivida. Se na primeira crise o perfume divino o inebriava, na segunda, as trevas da dúvida o assolaram de forma dolorosa e cruel. Francisco teve dúvidas, medos e a sensação de que tudo que vivera e propagara não passava de loucura demoníaca e sem sentido. Foi o pior momento! Geralmente pensamos que os santos nascem e morrem com a aura da santidade, sempre com a melhor resposta e atitude para todos os questionamentos humanos. Não! A santidade se constrói a duras penas, com suor, medos e dúvidas!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Quando tudo parecia perdido para aquele homem sedento de Deus e de paz, surge à figura de Clara para acolhê-lo e recolocá-lo no caminho da fé e da confiança. Às vezes pensamos em Santa Clara como bela coadjuvante no franciscanismo nascente, porém ela foi uma protagonista fundamental para dar rumo à fraternidade que nascia. Dela foi o conselho a Francisco para não se enclausurar e viver uma vida apenas contemplativa, como também foi dela o apoio firme, como necessitava a ocasião, para que Francisco saísse do caos em que se metera. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">No monte Alverne, Francisco retomou a força e a fé ao receber os estigmas de Cristo como prova de sua aliança com Ele, no entanto, se subiu até lá foi graças ao impulso de Clara e ao apoio humildíssimo de Frei Leão, tudo movido é claro, pela ação do Espírito Santo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Enfim, nunca poderemos falar em franciscanismo sem falarmos de fraternidade e comprometimento entre nós, pessoas simples que querem abraçar esse tipo de vida. Só existe vida franciscana, onde há apoio mútuo e cuidado maternal uns pelos outros e respeito e obediência as instâncias da Igreja. Sem os olhos do outro não há fraternidade franciscana, pois os olhos do outro são os faróis que sustentam o ideal franciscano.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Paz e bem!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #660000;">Frei Sidney </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-23649163485743259262009-04-20T18:49:00.000-03:002009-04-20T18:50:37.282-03:00A imagem de Deus no século XXI<span class="Apple-style-span" style="font-family: verdana; font-size: 13px; "><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O acesso ao Rosto de Cristo foi mediado ao longo de vinte séculos, mediação que prossegue hoje como a via mais próxima e adequada. Deus nos mostra sua proximidade nos sinais que coloca nos nossos caminhos. </span><st1:personname st="on" productid="Em Cristo Deus"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em Cristo Deus</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> não fez apenas uma visita, retirando-se de seguida. Em Cristo ficou aliado a qualquer homem de boa vontade, mais ou menos desfigurado, mas sempre seu irmão. O “outro”, como irmão, prossegue sendo a mediação do Senhor no rosto do seu Cristo nos caminhos dos homens de hoje.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Qual será o “rosto mais perceptível”? O texto de Lucas </span><em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">15, </span></em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">comumente chamado “as parábolas da misericórdia”, pode ser um bom lugar para iniciar uma resposta temerária para o novo século. O tempo muda de forma muito rápida. Não podemos pretender apostar neste rosto ao longo de todo este século nascente, mas será por aqui que Deus prossegue a sua revelação para os homens de hoje. Lucas 15, particularmente na </span></span><a href="http://www.agencia.ecclesia.pt/ecclesiaout/snpcultura/vol_imagem_Deus_seculo_XXI.html#Lc15_11_32#Lc15_11_32" style="text-decoration: none; "><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">parábola do “filho pródigo” (15,1-32)</span></span></a><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, apresenta o rosto de marca de Deus </span><st1:personname st="on" productid="em Jesus Cristo"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em Jesus Cristo</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, já que o Pai da parábola não é solitário mas tem dois filhos que são irmãos. A face de Deus é a de um Pai bondoso, providente e rico que, na partida, assegura aos dois filhos uma fortuna abundante para que cada um seja um gestor livre e feliz. O Pai é rico, mas nada exigiu em troca (na volta do filho mais novo de mãos abanando e de identidade reencontrada). Além disso, o Pai é promotor da liberdade. Sabe que os dois filhos são iguais diante dele e, por isso, divide os bens entre eles para que possa dar asas à liberdade do mais novo que sai e do mais velho que passa a ser o grande gestor do patrimonio restante. “Repartiu” com ele o que tinha e o “filho mais novo” foi experimentar a sua liberdade, em ambiente penoso e difícil, sobretudo quando a riqueza se tornou penúria. O Pai deixou partir, dando da superabundância do seu amor. A liberdade é maior que tudo, como dom e o Pai não a quer confiscar. Será tarefa do filho saber como se deve orientar. O Pai é respeitador do seu itinerário, pressupondo uma educação esmerada que estes dois filhos deveriam possuir. Respeitador das decisões para que a liberdade seja maior, enquanto lugar de futuro, decisão plena de uma vida responsável. O Pai respeita e faz respeitar, pois no regresso ajuda o filho mais velho a voltar ao seio da fraternidade que perdera e que lhe endureceu o coração. Pai rico, providente, doador de liberdade e respeitador, faz festa na hora do regresso, pois, como Pai, nunca deixou o filho sair do coração, embora o deixasse experimentar outros caminhos, outras casas, outros mundos, outros amores.</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Se o Pai tem este rosto, os irmãos são singulares. Cada um nunca copia o outro, mas sente o amor do Pai de forma única e faz um itinerário que o singulariza diante do Pai. Os filhos podem, em determinada circunstância, perder a fraternidade. Deixam de se aceitar como “irmãos”, o que está gravado na atitude ressentida do mais velho da parábola que nem sequer trata o mais novo como irmão, mas devolve-o ao Pai como “esse teu filho”. Compete ao pai oferecer de novo a fraternidade ao irmão mais velho, chamando-lhe a atenção para a permanente estadia na casa do pai que também é a casa do irmão. A festa concretiza-se porque há irmãos, os dois. Se no irmão mais novo o rosto é desfigurado por uma vida dissoluta, com falsos amigos e maus amores, longe da casa, no mais velho o rosto é também desfigurado pelo corte com a fraternidade, pelo ressentimento e pelo pedido de contas quando da festa iniciada.</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A narrativa é ainda mais rica, mas o que se diz é suficiente para entender, nesta ótica, o rosto mais perceptível de Jesus Cristo no nosso século XXI. Não se tratará tanto de propor belos discursos sobre Deus, mas de apresentar o Seu Rosto como Pai que tem dois filhos. Pai libertador que está, que visita, que cuida, que ama e que partilha abundantemente, Pai que respeita para que a liberdade seja assumida como </span><em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">dom. Pai da fraternidade. </span></em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não adiantará falar de Deus numa óptica narcisista ou num cultivo exagerado do “eu” no caminho de salvação. Importa propô-lo na fraternidade assumida e vivida no quotidiano. Trata-se de um Pai que tem dois filhos, diferentes, com ideais diversos e com metas que passam por sendas diferentes, mas irmãos que não devem esquecer-se de que o são. O rosto mais perceptível terá os traços da fraternidade, será sob o seu signo. O século XXI não teorizará imenso sobre o assunto, mas cedo despertará para a urgência deste valor como porta aberta à sobrevivência, Não há rosto pessoal que possa descobrir-se e aceitar-se sem um outro rosto que lhe devolva a imagem. Mais do que parceiros, os homens apontam para a mesma fonte de vida, a riqueza amorosa de Deus. É este </span><em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">o </span></em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">caminho do encontro.</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Este rosto não fará avançar muito o cristianismo, enquanto movimento dos cristãos nas suas instituições e com uma organização secular que ainda hoje é forte. O futuro é mais dos cristãos do que da instituição organizada. Os filhos e filhas imaginarão formas novas de convivência, outras organizações. O cristianismo institucionalizado mudará, por certo, de formas. A fraternidade entre os povos tem de encontrar outras plataformas institucionais. Os cristãos inventarão outras socialidades e Deus será dito em instituições novas com base nos padrões sociais hoje </span><st1:personname st="on" productid="em incremento. O"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em incremento. O</span></st1:personname><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> futuro do próprio cristianismo dependerá muito da imaginação dos novos grupos fraternos que ajudarão a criar uma mentalidade nova para habitar a terra de todos. Isto significa que a aspiração à liberdade verdadeira, cuja fonte se encontra no próprio Deus, é uma realidade em movimento que dá a este rosto de Jesus Cristo uma nova carga, uma outra marca. As pessoas funcionam mais por sugestão razoável do que por imposição normativa; o movimento formativo a que assistimos em todos os quadrantes originará cristãos convictos que se entregarão às causas da libertação para que a terra não seja usurpada por uns, mas pertença na sua riqueza a todos porque é terra de Deus. E nisso a Igreja Católica Apostólica Independente é pioneira, nos movimentos de ir e vir de Dom Salomão Ferraz, no seu radical ecumenismo, e seu sentido de pertença a Igreja de Cristo, independente da denominação. O século XXI assistirá a este movimento de renovação das pessoas, numa viagem séria à sua interioridade, descobrindo-se irmãos livres e, assim, apreciando o Evangelho inscrito nos seus caminhos fraternos em benefício da liberdade. Talvez as instituições globais não sejam fortes no futuro; o lugar pertencerá às pessoas e aos grupos intermédios, às comunidades de dimensão humana nas quais se realizam e vivem felizes.</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px; font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Disse ainda: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte dos bens que me corresponde.’ E o pai repartiu os bens entre os dois. Poucos dias depois, o filho mais novo, juntando tudo, partiu para uma terra longínqua e por lá esbanjou tudo quanto possuía, numa vida desregrada. Depois de gastar tudo, houve grande fome nesse país e ele começou a passar privações. Então, foi colocar-se ao serviço de um dos habitantes daquela terra, o qual o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui morrendo de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e vou dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.’ E, levantando-se, foi ter com o pai.Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu e lançou-se ao pescoço e cobriu-o de beijos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></div><a name="Lc15_11_32" style="text-decoration: none; "><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 16px; font-style: italic; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O filho disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.’ Mas o pai disse aos seus servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.’ E a festa principiou. Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se de casa ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. Disse-lhe ele: ‘O teu irmão voltou e o teu pai matou o vitelo gordo, porque chegou são e salvo.’ Encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse.Respondendo ao pai, disse-lhe: ‘Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.’ O pai respondeu-lhe: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.’»</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></div></a><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span><o:p><span style="font-family:Times New Roman;font-size:100%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;margin-top: 0cm; margin-right: 0cm; margin-bottom: 0pt; margin-left: 0cm; "><span><span style="font-size:100%;"><span style="font-family:Times New Roman;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pe Fr Gelson, oasf</span></span></span></span></p></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-28231072403455514272009-04-10T10:41:00.000-03:002009-04-10T10:42:13.407-03:00Paixão de Cristo<span class="Apple-style-span" style="font-family: verdana; font-size: 13px; "><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">PAZ!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Dentro de poucas horas vamos comemorar a sexta-feira da paixão. Incrível que há mais certeza sobre a morte de Cristo do que sobre a existência de César!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na sexta feira, há muito tempo, Jesus de Nazaré, depois de ter sofrido humilhações diversas, vai para o Monte ser crucificado. Como foi um condenado de última hora teve de carregar sua cruz.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O caminho não foi fácil até o alto do monte e ficava cada vez pior. Jesus tinha perdido muito sangue, sofrido barbaridade, mas não se via nele qualquer coisa que não a decisão de levar sua missão, por mais difícil que fosse, até o fim. Foi posto sobre a cruz e cravos foram enterrados nas mãos ou pulsos e pés.Mas nenhum gemido se ouviu.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A cruz foi erguida e de cada lado havia outra cruz com prisioneiros. Jesus ficou dependurado e ao invés de xingar, maldizer, .... abençoou !!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Horas depois ELE estava morto; morreu como que afogado no meio do deserto. O céu escureceu, o veu do templo se rasgou de alto a baixo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Um solitário centurião exclamava "verdadeiramente este era o filho de Deus!"</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Faz tanto tempo que isso aconteceu mas ainda está vivo dentro de nós que amamos a ELE e o anunciamos com fé e devoção...</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Esse sacrifício não foi gratuito, mas prova de amor maior pois estava escrito que sem derramamento de sangue não há remissão de pecados e, o sacrifício precisava ser puro, sem máculas...perfeito - assim era (e é ) Jesus.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Esse não foi um simples sacrifício, mas prova de amor. Hj não há mais necessidade de sacrifícios, Jesus já fez o único sacrifício válido. O que me resta? Aceitar sua Mensagem, aceitar viver a vida como Jesus a viveu, aceitar viver a vida como verdadeiro cristão onde se vê amor, fé e esperança.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Deus abençoe.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">++D. Ydenir, Arcebispo Anglicano</span></div></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-14604522229456665062009-03-13T12:02:00.000-03:002009-03-13T12:03:52.719-03:00Excomunhão<span class="Apple-style-span" style="font-family: verdana; font-size: 13px; "><div><div style="text-align: justify;">E<span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">u não sou a favor do aborto, mas no caso da menina, eu me pergunto: o que teria feito Jesus. Credito que não teria escutado nem o juiz nem o arcebispo. Ele teria ido ver a menina para cuidar dela. E escutar naquele momento aquilo que a Vida Lhe inspira. É claro que se a vida da mãe e a vida das crianças estão em perigo é preciso escolher que um dos dois sobreviva. Depois, é preciso escutar o sofrimento desta menina. Mas nunca julgar, excomungando, apenas como Igreja, escutar a dor ser solidário com a dor, tentar amenizar a dor e o sofrimento. Não sei se devemos fazer isso ou aquilo diante do estupro e do aborto, mas sei que eu devo ser solidário com quem sofre, sempre que alguém sofre agir com compaixão, misericórdia e solidariedade, é isto que Jesus pede de mim, sempre, como ministro da bencao. Trata-se de escutar a pessoa que está sofrendo e de escutar aquilo que a vida deseja nela porque a vontade de Deus é a vontade da Vida que quer viver. E como não acrescentar mais sofrimento? E aqui, o que pode nos parecer dramático é que, com a excomunhao, é acrescentado culpa ao sofrimento, acrescentado mais mal ao mal. No Evangelho, nós nunca vimos Jesus excomungando alguém. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">E, primeiro, será que é possível excomungar alguém? O diabo não pode nos separar de Deus se permanecemos fiéis a Presença de Deus. Se o diabo não pode nos separar de Deus, um arcebispo também não.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mas eu confesso que há alguma coisa que eu não compreendo nisto tudo: é este encadeamento de excomunhões. Porque se excomunga quem já se esta sofrendo? Se isto não e humano, e menos ainda cristão. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mas vocês podem sentir que não é essa a questão. Nenhuma igreja, nenhum ser humano têm o poder de excomungá-los. Nós não podemos separar um ser da Fonte do Ser. Não podemos separar a consciência da Fonte da Consciência, mas podemos envenenar a sua vida. Nós podemos perturbar a sua vida. E é verdade que isso é grave. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">E, normalmente, a função da Igreja, Padres e Bispos, não é a de envenenar a vida, mas a de curar o sofrimento, de aliviar a dor, de aliviar a dor dessa menina, e de aliviar a dor daqueles que a cercam. E não culpabilizar aqueles que estão tentando ajudá-la, mas, pelo contrário, ajudá-los no seu discernimento para saberem o que é melhor para essa menina; o que é melhor para que a vida a leve para a morte, para a pulsão de morte, pulsão de destruição. Essa é a função da igreja. Mas não é a sua função condenar, excomungar. Senão ela se torna uma instituição como qualquer outra que está a serviço do poder. E o poder sobre as almas é algo muito perigoso. É mais perigoso do que o poder sobre os corpos. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É por isso que sempre é bom voltarmos aos Evangelhos ou, simplesmente, voltar ao nosso coração. E não nos deixarmos impressionar por leis externas, mesmo as leis religiosas. A lei a qual obedecemos é a lei da Vida. E o espírito que está em nós é o Espírito da Vida. É isso que dirá São Paulo. Não dependemos mais de leis externas. Trata-se de escutar a vida em nós, de escutarmos a luz em nós, de escutar o amor em nós, de escutar a Presença do Eu Sou que É porque ali está o discernimento. Mas, algumas vezes, é preciso coragem para encarar estas instituições que, talvez, estejam se esquecendo essa dimensão do Ser. Muitas vezes, estas instituições são vítimas de suas próprias ideologias. É interessante escutar os argumentos do Arcebispo de que não devemos destruir a vida. Mas vocês podem sentir que a sua teoria está cortado da realidade. Seus grandes princípios, que não são ruins, esquecem daquele caso em particular. E pra Deus existem apenas casos particulares. Jesus teria morido apenas para salvar a vida daquela menina... <br /></span></div></div><div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">E não podemos legislar de uma maneira geral porque o amor é sempre o amor<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">por um caso em particular. O que é verdadeiro para um pode não ser verdadeiro para o outro. E então, que a nossa prática de meditação nos torne atentos a essa via interna, a essa lei interna, que não julga a priori, nem com princípios políticos, nem com princípios médicos, nem com princípios religiosos, mas que está em contato com a realidade; que escuta o que a Vida em outra pessoa e o que a Vida em nós pede. E ama apenas, e tenta amar na mesma intensidade na qual que Jesus amou e ama.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Talvez, essa seja a questão para colocarmos um ato justo, uma condição que deixe o nosso coração em paz mesmo que, a nossa volta, nós não compreendamos. É importante o critério dessa paz interna, esse sinal de que existe uma unidade no interior de nós mesmos. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Penso nas palavras de São Serafim de Sarov. Ele diz: Encontre a paz no interior de você mesmo e uma multidão será salva ao seu lado.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ache a paz no interior de você mesmo e você descobrirá o gesto justo que não vai ser uma ideologia, ou os grandes princípios, mas o respeito pela Vida na sua fragilidade e da sua vulnerabilidade.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Acho que disse muito sobre todas essas questões, mas o que eu acho mais importante é que cada um descubra a resposta que vêm ao seu interior. Ninguém tem o direito de pensar no seu lugar. O papel de um ensinamento, o papel de uma comunidade ou de uma igreja não é dizer o que devemos fazer, aquilo que é bom e o que é ruim, mas de nos dar elementos para esclarecer o nosso discernimento, para que nós nos tornemos inteligentes, uma inteligência esclarecida e iluminada pela compaixão. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">E assim não haverá mais excomungados, nem o outro, diferente de mim será mais inimigo, pois ele já terá sido amado, acolhido. e o demonio, que a Igreja diz combater tera sido vencido, dentro dela mesma. Dentro de nos mesmos.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">E a Biblia, o livro da Vida, que revela um Deus de amor, nao sera mais usada para falar que Deus quer excomungados...<br /></span></div></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pois se eu nao sou capaz de perceber o outro diferende de mim, na sua diferenca, tambem como filho de Deus, eu preciso repensar meus valores reliogos e de fe crista e minha atuacao dentro do ministerio acerdotal.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">Pe Fr Gelson, oasf</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-23927482799357714562009-03-05T21:49:00.002-03:002009-03-05T21:52:42.734-03:00Os últimos momentos de Jesus no alto da cruz (Mc 15, 22-41 e paralelos)<span class="Apple-style-span" style="font-family: 'times new roman'; "><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Introdução</span></b></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Durante a Semana Santa a liturgia prevê, no Domingo de Ramos, a leitura da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus e na Sexta-Feira Santa a de João. As narrativas da Paixão têm basicamente o mesmo esquema e conteúdo nos quatro evangelhos, embora cada evangelista tenha algo de próprio no conteúdo, na disposição do material e nos acentos teológicos próprios. No presente estudo, "Os últimos momentos de Jesus no alto da cruz", vamos analisar apenas uma pequena parte da narrativa da Paixão: <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- a crucifixão de Jesus: Mc 15,22-32; Mt 27,33-44; Lc 23,33-43; Jo 19,17-24;<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- a morte de Jesus: Mc 15,33-41; Mt 27,45-55; Lc 23,44-49; Jo 19,29-37;<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Alguns pesquisadores pensam que o primeiro evangelho, o de Marcos, tenha começado a ser escrito pela parte final, isto é, pela última semana de Jesus em Jerusalém. Marcos seria um relato da paixão com uma ampla introdução. Em outras palavras, o evangelho se desenvolveu a partir da narrativa da paixão de Cristo, já existente, ao menos em forma oral. A pregação inicial feita pelos apóstolos aos poucos deve ter criado esquemas fixos. Tais esquemas serviam para fazer o querigma, ou anúncio ao povo, isto é, aos judeus que ainda não criam em Jesus e, depois, aos pagãos. O esquema destas pregações corresponde basicamente aos futuros evangelhos. Destacamos apenas dois textos:<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- 1Cor 15,3-5: "Eu vos transmiti, em primeiro lugar, o que eu mesmo recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as escrituras; que apareceu a Cefas e depois aos Doze".<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">- At 10,36-38: "Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo pregado por João. Como Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder. Como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele". <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como se vê, tanto a anúncio de Paulo como o do discurso de Pedro começam pela recordação da morte de Jesus. No discurso de Pedro, se o v. 36 for invertido em sua seqüência, temos o esquema geográfico do evangelho de Marcos: "o que aconteceu na Judéia" (Mc 11,1-16,8), "começando pela Galiléia" (Mc 1,14-10,52), "depois do batismo pregado por João" (Mc 1,1-13). Tanto o querigma primitivo como a celebração da ceia nas casas pode ter contribuído para a formulação das narrativas da paixão/ressurreição de Jesus. A obediência à ordem de Jesus, "fazei isto em memória de mim" (cf. 1Cor 11,23-24: Lc 22,19), foi a situação vital que favoreceu a elaboração, inicialmente, do relato da paixão/ressurreição e depois do restante do evangelho. Não é de estranhar que o relato da ceia tenha se tornado uma introdução ao relato da paixão propriamente dita.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Com o querigma, feito aos de fora, os cristãos precisavam justificar por que anunciavam e seguiam um Messias crucificado, "escândalo para os judeus, loucura para os gregos" (1Cor 1,23). Dentro da comunidade reunida para celebrar a ceia ou para a catequese precisavam entender, à luz das Escrituras, este "escândalo da cruz"; precisavam entender, à luz dos profetas, "que era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória" (Lc 24,25-26). Daí a centralidade que as narrativas da paixão/ressurreição ocupam nos Evangelhos. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos parece ter sido o primeiro a reunir e ordenar o material da história da paixão, antes contado oralmente. Depois de Marcos, Mateus e Lucas refundiram seu relato da paixão segundo suas perspectivas teológicas próprias. De fato, em nenhuma outra parte dos evangelhos há tanta coincidência dos evangelistas como nas narrativas da paixão, sobretudo, a partir da prisão de Jesus (cf. Mc 14,43 e paralelos) e, particularmente, da história da crucifixão. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Apresentamos um quadro do esquema básico da narrativa da crucifixão e da morte de Jesus na cruz, nos quatro evangelistas:<br /></span></div><p></p><table width="99%" border="1" bordercolor="#000000" style="text-align: justify;"><tbody><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mc 15,22-41</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mt 27,33-56</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Lc 23,33-49</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Jo 19,17-30</span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A crucifixão</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 22-27(28)</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 33-38</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 33-34</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 18-24</span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os insultos e os dois bandidos</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 29-32</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 39-44</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 35-43</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td></tr><tr><td height="43"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Maria junto à cruz e palavras de Jesus</span></td><td height="43"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td><td height="43"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td><td height="43"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td><td height="43"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 25-27</span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Sinais precursores da morte de Jesus</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 33</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 45</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 44-45</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Palavra de Jesus e intervenção do soldado</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 34-36</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 46-49</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 28-29</span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Último grito e morte de Jesus</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 37</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 50</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 46</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 30</span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ocorrências após a morte de Jesus</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 38-39</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 51-54</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br />v. 47-48</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td></tr><tr><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mulheres e outros que estavam presentes</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 40-41</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 55</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">v. 49</span></td><td><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></td></tr></tbody></table><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1. A crucifixão</span></b></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos, na cena da crucifixão menciona o local (Gólgota), a oferta de vinho com mirra, a repartição das vestes por sorteio, a inscrição sobre a cruz e, por fim, os dois bandidos que com Jesus foram crucificados</span><span style="font-size:78%;"><b><a href="http://www.itf.org.br/index.php?pg=setepalavras#01"><span style="font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1</span></span></a></b></span><span style="font-size:85%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Mateus menciona os mesmos fatos, precisando que o vinho foi misturado com fel e que havia ali guardas sentados, vigiando Jesus. Algumas mulheres, que seguiram Jesus desde a Galiléia (cf. Mc 15,41), provavelmente, prepararam uma bebida que causava torpor, como era costume oferecer aos condenados. Em Pr 31,4-6 se aconselha que os governantes se abstenham de vinho e licores, "para não esquecer as leis e descuidar do direito de todos os pobres", mas recomenda: "Que se dê licor ao que vai morrer e vinho aos amargurados". Jesus, porém, se nega a beber, para enfrentar o sofrimento e a morte conscientemente. No Getsêmani, Jesus estava disposto a beber o cálice do sofrimento até o fim (Mc 14,36).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A repartição das vestes dos condenados à morte entre os que executavam a sentença estava prevista nas leis romanas. Mas a Igreja primitiva, que lia o Sl 22 para expressar a paixão de Jesus, viu no sorteio das vestes o cumprimento de uma profecia: "Repartem entre si minhas vestes e sobre minha túnica lançam a sorte" (Sl 22,19). João diz que as vestes foram divididas em quatro partes pelos soldados e somente a túnica sem costura foi sorteada.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Lucas omite na cena da crucifixão a oferta da bebida e a inscrição sobre a cruz, definindo o motivo da condenação. Lembra, porém, que junto com Jesus foram crucificados dois "criminosos" (em vez de bandidos de Mt e Mc), talvez relendo Is 53,12: "entregou sua vida à morte e se deixou contar entre os criminosos". Lucas é o único a citar, no contexto da crucifixão, uma oração de Jesus pedindo perdão: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (23,34). "A primeira palavra de Jesus na cruz foi uma palavra de perdão" (Lagrange). Este pedido de perdão poderia se referir aos soldados romanos. Mas, à luz de At 3,17.19 e da oração de Santo Estevão (At 7,59-60), é mais provável que Jesus estivesse pensando nas autoridades judaicas que causaram sua condenação. No momento supremo de sua vida e missão, Jesus dá o exemplo do perdão do qual falava (Lc 6,27-36; 17,3; cf. Is 53,12) e incluiu na oração do Pai Nosso (11,4).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">João cita a oferta da bebida só mais tarde (19,29), mas insiste na inscrição "Jesus Nazareno, o rei dos judeus", escrita em hebraico, grego e latim. Os sumos sacerdotes reclamaram com Pilatos e queriam que a inscrição fosse modificada: em vez de "Jesus Nazareno, rei dos judeus" para "eu sou o rei dos judeus". Mas Pilatos respondeu com a famosa frase: "O que escrevi, está escrito". Jesus foi acusado de pretender ser um messias, rei dos judeus. Mas já no processo João rebate esta acusação: o reino de Jesus não é deste mundo (Jo 18,33-38; cf. Mc 15,2 e paralelos)].<br /></span></div><p></p><p align="center" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><img src="http://www.itf.org.br/cruzsalvacao.jpg" width="250" height="288" /></span></p><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2. Os insultos e os dois bandidos</span></b></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos e Mateus dividem os que insultam Jesus na cruz em três grupos: os que passavam perto do Gólgota, os sumos sacerdotes, escribas e anciãos e, finalmente, os dois bandidos crucificados. Em Marcos, os insultos giram em torno do título Messias-Rei. Os passantes retomam a falsa acusação feita contra Jesus de que Jesus prometeu destruir o Templo e desafiam-no a descer da cruz, salvando-se a si mesmo (Mc 14,58; 15,19), já que é tão poderoso; ao dizer isso eles "movem a cabeça", como no Sl 22,8 e em Lm 2,15. De fato, Jesus havia salvado muitas pessoas, curando-as. Mas também havia dito: "Quem quiser salvar sua vida vai perdê-la..." (Mc 8,35). Os escribas e sumos sacerdotes repetem o insulto e acrescentam que, se o "Cristo, rei de Israel", descesse da cruz, até eles haveriam de crer nele (Mc 15,32; Mt 27,42b). Lucas afirma que os soldados, ao oferecerem vinagre a Jesus, diziam: "Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo", lembrando que acima da cabeça de Jesus estava escrito: "Este é o rei dos judeus" (Lc 23,36-38).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Os insultos dirigidos a Jesus na cruz lembram Sb 2,17-20 e Sl 22,7-9. Mesmo desafiado, Jesus nega-se a usar de seu poder para descer da cruz. Já na tentação do deserto (Lc 4,3.9) "Jesus havia feito sua opção definitiva entre demonstrar seu poder e entregar-se totalmente em obediência ao Pai" (Hendrickx: 1986, p. 155).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos e Mateus dizem que também os dois bandidos crucificados participavam dos insultos. Lucas distingue: Apenas um dos criminosos blasfemava, dizendo: "Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós" (Lc 23,39). O outro, porém, o repreendeu, dizendo que, se eles mereceram o castigo, Jesus era inocente e lhe fez um pedido: "Jesus, lembra-te de mim quando vieres como rei". E Jesus respondeu: "Ainda hoje estarás comigo no paraíso". O criminoso pensa, como os judeus em geral, na felicidade futura. Para Jesus, porém, a esperança da salvação futura é uma salvação que já se experimenta </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">hoje</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> (cf. Lc 2,11; 4,21; 19,9). No Antigo e no Novo Testamento, a essência da felicidade é estar com Deus.<br /></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">3. Os sinais precursores da morte de Jesus</span></b></p><p style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos e Mateus citam dois sinais precursores: as trevas e o véu do Templo que se rasga. As trevas teriam coberto sobre toda a terra desde a hora sexta, meio-dia, até a hora nona, três da tarde. Não se trata de procurar uma explicação natural, como um eclipse ou o vento siroco, que pode trazer tanta poeira do deserto a ponto de fazer escurecer o céu. O fenômeno sugere um efeito cósmico da morte de Jesus e faz parte da linguagem escatológica do dia do Senhor e do julgamento divino, por ocasião da vinda do Filho do Homem: "Naqueles dias... o sol escurecerá" (Mc 13,24). Ou como diz Amós: "Acontecerá naquele dia que farei o sol se pôr em pleno meio-dia e escurecerei a terra em um dia de luz" (Am 8,9). Em João a paixão é também entendida como um julgamento divino: "Agora é o julgamento do mundo" (Jo 12,31).</span></p><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">4. Palavras de Jesus e intervenção do soldado</span></b></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Apenas Marcos e Mateus dizem que Jesus, com voz forte gritou: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" O grito de Jesus, citando o Sl 22,1, expressa a radical solidão do sofrimento e morte de Jesus. Não se trata de um grito de desespero de um moribundo, mas inclui também uma expressão radical de entrega a Deus, como se expressa na ação de graças e certeza da proteção divina da parte final do Sl 22,22-31. Neste sentido, alguns pensam que Jesus estivesse rezando o Salmo 22. Talvez para ressaltar o aspecto positivo e confiante Lucas, omite este grito. O grito de Jesus chamou a atenção dos soldados e um deles, entendo mal a expressão "meu Deus" (Eli ou Eloí), disse: "Vede! Ele está chamando Elias". Elias era considerado o precursor do Messias (cf. Ml 3,23; Mc 9,11-13). Foi arrebatado ao céu num carro de fogo (2Rs 2,11-14) e se acreditava que, ao ser invocado, viria resgatar o justo necessitado.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Com Lucas, João omite o grito de abandono do Sl 22,1; em vez disso, mostra que nem todos abandonaram o Mestre: Junto à cruz "estavam de pé, sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena", além do discípulo amado (Jo 19,25-27). João, em vez de um Jesus abandonado pelo Pai, mostra um Jesus preocupado com o possível abandono de sua mãe, após sua morte. Por isso, com as palavras "mulher, aí está o teu filho" e "aí está tua mãe", confia-a aos cuidados do discípulo amado.<br /></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">5. A morte de Jesus e repercussões</span></b></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Depois desta cena, Marcos e Mateus lembram que Jesus deu mais um forte grito e expirou. Em Lucas, que omitiu o Sl 22,1 ("meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?"), antes de expirar, Jesus diz: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito", citando o Sl 31,6. Como nos salmos, Jesus aparece como o justo que sofre, mas se entrega confiante a Deus e é reabilitado. João mostra um Jesus consciente até o fim; por isso, "para cumprir plenamente a Escritura", diz: "Tenho sede". Neste momento, um dos soldados, molha em vinagre a esponja presa numa vara e a aproxima da boca de Jesus. Ao contrário de Mc 15,23 e Mt 27,34, Jesus provou o vinagre: "Depois de provar o vinagre, Jesus disse: 'tudo está consumado'. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito" (Jo 19,28-30).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A expressão "tenho sede", no contexto do vinagre servido, lembra o lamento do justo sofredor do Sl 69,22: "Puseram veneno no meu alimento, em minha sede deram-me a beber vinagre". A palavra "tudo está consumado" expressa o desejo profundo de Jesus de cumprir a vontade do Pai. A cena de Jesus e a samaritana junto ao poço de Jacó já expressava muito bem este desejo. De fato, embora Jesus tenha pedido água para a samaritana acabou não bebendo água; e, quando os discípulos lhe oferecem pão, Jesus diz: "Meu alimento é completar é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra" (Jo 4,34). Do mesmo modo, na hora da prisão, Jesus manda Pedro recolher a sua espada e diz: "Será que não devo beber o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18,11). Por outro lado, como em Lc 23,46, em João ninguém tira a vida de Jesus. É ele que "entrega" o seu espírito: "O Pai me ama porque dou minha vida para de novo a retomar. Ninguém a tira de mim. Sou eu mesmo que a dou" (Jo 10,17-18).<br /></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">6. Ocorrências após a morte de Jesus</span></b></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos mostra um duplo significado da morte de Jesus. A ruptura do véu (v. 38) tem um significado em relação ao povo judeu e a confissão do oficial romano (v. 39) se relaciona com os gentios. Em Mateus e Marcos o véu do Templo se rompe após a morte de Jesus, enquanto em Lucas, antes da morte. No Templo havia dois véus. Um véu exterior, que separava o Santo do pátio exterior (Ex 26,37; 38,18) e um véu interior, que separava o Santo do Santíssimo</span><b><span style="font-size:85%;"><a href="http://www.itf.org.br/index.php?pg=setepalavras#02"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2</span></a></span></b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> . Em qualquer caso, se os evangelhos sinóticos mencionam a ruptura do véu (interior ou exterior) no contexto do momento da morte de Jesus é porque isso tinha um significado simbólico mais profundo. Poderia significar que, com a morte de Jesus, o serviço do Templo fica abolido e sua destruição está próxima. Outros vêem na ruptura o fim da barreira entre Deus e o homem (cf. Hb 9,1-12.24-28; 10,19-25). Outra possibilidade seria que, com a morte de Jesus, acaba a separação entre judeus e gentios (cf. Ef 2,11-22). Em suma, a morte de Jesus marca o fim da economia do Antigo Testamento e abre o caminho da salvação para todos os povos. <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Segundo Mateus, a ruptura do véu foi acompanhada de outros fenômenos cósmicos: "A terra tremeu e fenderam-se as rochas. Os túmulos se abriram e muitos corpos de santos ressuscitaram. Eles saíram dos túmulos, depois da ressurreição d'Ele, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitos" (27,51b-3). A descrição se inspira no motivo apocalíptico da ressurreição, prevista para a era messiânica (cf. Ez 37,1-14). Na linguagem apocalíptica o terremoto acompanha a descrição de teofanias, ou manifestações divinas, como sinal de uma nova ação salvífica (cf. Jl 2,10; Ag 2,6.21).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Por outro lado, a ruptura de rochas também acompanha a própria ação divina (Is 48,21; Na 1,5-6). Tumbas que se abrem marcam a descrição da ressurreição do povo em Ez 37,12s. "Santos" no Sl 34,9 é sinônimo de fiéis. Os rabinos chamam "santos" os que observam os mandamentos divinos. Em Mt 27,52 talvez se refira a personagens importantes do Antigo Testamento. A ressurreição dos mortos é o ato salvífico escatológico de Deus por excelência. Jerusalém com seu templo era o lugar da presença de Deus. Aqui, a expressão "Cidade Santa" indica a Jerusalém celeste (Hb 11,10.16; 12,22; Ap 21,2.10; 22,19. Enfim, todos estes sinais não devem ser entendidos literalmente, mas são afirmações teológicas para expor o significado da morte de Jesus. "Depois da ressurreição d'Ele", talvez seja um acréscimo para deixar claro que "Cristo ressuscitou dos mortos como o primeiro dos que morreram" (1Cor 15,20) e na sua ressurreição se baseia a fé na ressurreição dos mortos (1Cor 15,12-19).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">À vista destes fenômenos cósmicos, Marcos e Mateus trazem a confissão do centurião romano: "Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus". Marcos põe na boca do centurião aquilo que mais tarde faria parte da confissão cristã a respeito de Jesus. Com esta frase o centurião caracteriza a vida inteira de Jesus, até sua morte, como a de filho de Deus (cf.Mc 1,1 e 15,39). A expressão "filho de Deus" ainda não é o que entendemos por " segunda pessoa da Trindade", definição que foi feita apenas em 325 dC, no Concílio de Nicéia. No Antigo Testamento o povo de Israel era chamado filho de Deus: "Quando Israel era menino, eu o amei e do Egito chamei o meu filho" (Os 11,1). O rei, como representante do povo, era também chamado "filho" de Deus (2Sm 7,12-16). À luz do Sl 2,7, 'filho de Deus" pode ser entendido mais em sentido messiânico. A confissão do centurião, de qualquer forma, vai mais longe que a de Pedro, que reconhece em Jesus apenas o Cristo (Mc 8,29) e afirma o que o sumo sacerdote considerou como blasfêmia (Mc 14,64). Em João, o próprio Jesus, ao discutir com os judeus, diz: "Se a Lei chama deuses àqueles a quem se dirigiu a palavra de Deus - e a Escritura não pode falhar - como podeis dizer que blasfema aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo só porque eu disse: 'Sou Filho de Deus'" (Jo 10,35-36). Marcos quer deixar claro à comunidade cristã que somente quando Jesus é visto como aquele que sofreu, morreu, ressuscitou e há de vir de novo, é que pode ser chamado filho de Deus em sentido próprio (Hendrickx: 1986, p. 130-131).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mateus coloca o reconhecimento de que Jesus era filho de Deus na boca do centurião e dos guardas que com ele estavam. Esta confissão é acompanhada pelo temor diante de uma manifestação divina: "ficaram com muito medo" (27,54: 9,8; 17,6). Em Mateus Jesus é reconhecido como "filho de Deus" já antes pelos discípulos, quando Jesus caminha sobre as águas ao encontro dos discípulos em meio ao mar agitado (Mt 14,33). Em Cesaréia de Filipe, Pedro também confessa que Jesus é "o Cristo, o Filho do Deus vivo" (16,16). E agora, junto à cruz, ao reconhecer que Jesus era filho de Deus, enquanto os chefes do povo o rejeitavam, o centurião romano torna-se um exemplo de profissão de fé para a comunidade cristã de Mateus. Jesus já havia elogiado esta fé num centurião romano que pedia a cura de seu servo: "Em ninguém de Israel encontrei tanta fé" (Mt 8,10-12). <br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Em Lucas o centurião diz: "Realmente, este homem era um justo". Pilatos e o criminoso declararam que Jesus era inocente. O texto de Lucas parece sugerir que o centurião, tendo acompanhado todo o processo diante de Pilatos (23,2-25) e vendo a acontecido, reconhece que Jesus não tinha ambições políticas de que era acusado, mas era um justo. Em Lucas, o centurião reconhece que Jesus era um justo enquanto "glorificava" a Deus. Em outras ocasiões, em Lucas, o "louvor" ou a "glorificação" é a resposta cristã diante de palavras e gestos de Jesus. A glorificação é a resposta de quem crê que Deus interveio de modo decisivo na história da salvação (Lc 1,42.64; 2,20.28; 17,15, etc.). O título "justo" lembra o sofredor que é reabilitado como justo (Sl 31,19). Para Lucas "justo" é um título messiânico (At 3,14-15; 3,14; 7,52; 22,14) e lembra o servo sofredor de Isaías: "O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniqüidades" (Is 53,11). Além das palavras do centurião, Lucas acrescenta que a multidão, testemunha do que aconteceu, volta arrependida, "batendo no peito". Pode ser uma alusão a Zc 12,1.10 onde, diante do "transpassado" que morre, o povo se arrepende e faz lamentação. Pode-se também ver uma antecipação do dom do Espírito e do perdão, conforme At 2,38: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo".<br /></span></div><p style="text-align: justify;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">7. Mulheres e outros que estavam presentes</span></b></p><p style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">No jardim de Getsêmani, quando Jesus é preso, todos os discípulos o abandonam. Um discípulo jovem tentou segui-lo, mas também acaba fugindo (Mc 14,50-51). Pedro, que jurara permanecer fiel, acompanha Jesus, junto com outro discípulo, até a casa do sumo sacerdote, mas acaba negando que conhece o Nazareno. João é o único que fala de um discípulo, o discípulo amado, presente junto à cruz. Marcos e Mateus, com algumas variantes, dizem que as mulheres presentes eram muitas, seguiam Jesus e o serviam desde a Galiléia, e mencionam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, a mãe dos filhos de Zebedeu (Mt) e Salomé (Mc).Lucas não cita nomes, mas, em outro lugar, identifica pelo nome estas mulheres que seguiam e serviam a Jesus desde a Galiléia: Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza e Susana, além de "muitas outras" (cf. Lc 8,2-3).</span></p><table width="99%" border="0" style="text-align: justify;"><tbody><tr><td width="40%"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><img src="http://www.itf.org.br/cruzsalvacao02.jpg" width="224" height="354" /></span></td><td width="60%"><p><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Acrescenta, porém, que estavam junto à cruz "todos os conhecidos de Jesus". Logo, também os onze discípulos estariam presentes, à distância, como testemunhas da morte de Jesus.O vínculo entre o mestre e os discípulos não estaria de todo rompido. De fato, Lucas omite a fuga dos discípulos e lembra que "Pedro o seguia à distância" (Hendrickx: 1986, p. 163-164). João é o único a dizer que "junto à cruz estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena", além do discípulo que Jesus amava (Jo 19,25-26).<br />A presença das mulheres junto à cruz é mencionada em Marcos, Mateus e Lucas porque elas exercem uma função importante no sepultamento e no encontro do túmulo vazio (Mc 15, 47-16,8; Mt 27,61; 28,1-10; Lc 23,55-24,1-11).</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; -webkit-border-horizontal-spacing: 0px; -webkit-border-vertical-spacing: 0px; "></span></span></p><p><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; -webkit-border-horizontal-spacing: 0px; -webkit-border-vertical-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></span></p><p><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; -webkit-border-horizontal-spacing: 0px; -webkit-border-vertical-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></span></p><p><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; -webkit-border-horizontal-spacing: 0px; -webkit-border-vertical-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></span></p><p><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; -webkit-border-horizontal-spacing: 0px; -webkit-border-vertical-spacing: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></span></p><p><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; -webkit-border-horizontal-spacing: 0px; -webkit-border-vertical-spacing: 0px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Conclusão</span></span></p></td></tr></tbody></table><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como vimos acima, Marcos recolheu materiais do relato da paixão, anteriores a ele, e foi o primeiro a organizá-los, dando-lhes alguns acentos teológicos próprios. Mateus e Lucas (e de certa forma João) respeitaram estes dados da tradição oral e acolheram a organização que lhes foi dada por Marcos. Também eles têm seus acentos teológicos próprios.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Marcos tem uma reflexão cristológica própria. Jesus é um inocente, crucificado como Messias, "rei dos judeus" (Mc 15,2.9.12.18.26). Provavelmente, ao falar do silêncio de Jesus e de sua inocência, esteja fazendo uma alusão aos cânticos do Servo Sofredor (Is 53,7.9). Realça o contraste entre Jesus e Barrabás, e a crescente solidão e rejeição de Jesus. No seu relato fica, também, clara a responsabilidade dos judeus (Mc 15,3-14). O julgamento de Jesus diante de Pilatos é um julgamento do rei dos judeus, que silencia enquanto os judeus o acusam (Hendrickx: 1986, p. 92-93).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mateus dá também destaque ao aspecto cristológico, insistindo na fé e no título "filho de Deus" (Mt 27,40.43.54). O relato de Mateus tem uma característica fortemente eclesial (Hendrickx: 1986, p. 149). A morte de Jesus marca o fim da antiga aliança e o começo do novo povo de Deus (Mt 27,51-54). Com Marcos, frisa também ferrenha oposição dos chefes judeus e sua responsabilidade pela morte de Jesus.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Lucas dá um realce ao amor de Jesus pelos pecadores, tanto na cruz como durante seu ministério público, e à firma confiança na proteção do Pai (Hendrickx: 1986, p. 164). Jesus não é alguém abandonado e rejeitado por todos. No caminho da cruz, recebe a solidariedade de Simão Cireneu, é seguido por uma multidão de povo e mulheres, que se compadecem dele e as quais Jesus exorta. Em lugar de "bandidos" que amaldiçoam a Jesus, aparece um "criminoso" arrependido e que recebe a promessa de estar na presença de Deus (Lc 23,39-43). Lucas substitui o grito de abandono de Jesus - "meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Sl 22,2) - pelo de confiança: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito" (Sl 31,6). Lucas não fica no aspecto escatológico dos sinais após a morte de Jesus, mas acentua a relação pessoal de um centurião que declara Jesus como um justo e da multidão que, arrependida, bate no peito (Lc 23,47-48).<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como vimos, cada um dos evangelistas tem o seu modo próprio de contar a paixão. Que eles nos inspirem a meditarmos e vivermos com maior profundidade a paixão e morte de Jesus, nas celebrações da Semana Santa.<br /></span></div><p></p><p></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Bibliografia:</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">BURNIER, Martinho Penido. Perscrutando as Escrituras, fasc. IX: </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Paixão e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo (III)</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Círculos Bíblicos. Petrópolis: Ed. Vozes, 1971, 203 p.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">GOURGUES, M.</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Jesus diante de sua paixão e morte.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Cadernos Bíblicos, 24. São Paulo: Paulinas, 1985, 80 p.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">HENDRICKX, Herman.</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Los relatos de la pasión</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">. Madrid: Ediciones Paulinas, 1986, 228 p.<br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">KONINGS, Johan. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Sinopse dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da "fonte Q</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">". Bíblica Loyola, 45. São Paulo: Ed. Loyola, 2005.<br /></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><b><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Notas de Rodapé</span></i></b></p><p style="text-align: justify;"><span><b><span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1</span></span></b></span><span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">-</span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><a name="01"></a></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na análise dos textos de Marcos, Mateus e Lucas seguimos, de modo geral, a exposição de Herman Hendrickx. Los relatos de la pasión. Estúdio sobre los evangelios sinópticos. Madrid: Ediciones Paulinas, 1986.</span></i></p><p style="text-align: justify;"><span><b><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">2-</span></b></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><a name="02"></a> </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"Santo" era o espaço no tabernáculo (Ex 26,23) e no templo de Salomão (1Rs 6,3.5.17.33) que dava acesso ao "Santo dos Santos". No "Santo" ficava o altar dos perfumes, a mesa dos pães apresentados e dez candelabros (um candelabro de sete braços no templo de Herodes). No "Santo dos Santos" estava a arca da aliança até a destruição do Templo em 587 aC. Somente o sumo sacerdote, uma vez por ano, no Dia da Expiação, podia entrar no "Santo dos Santos" (Lv 16,2; Hb 9,7-10). No templo de Herodes dois véus separavam o "Santo" do "Santo dos Santos".</span></i></p><p style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0); font-style: italic;"><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal; font-weight: bold; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">Ludovico Garmus</span></span><br /></span></p></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-4738716054986922932009-03-05T21:35:00.000-03:002009-03-05T21:36:44.651-03:00Um pouco de espiritualidade<span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 102, 102); font-family: 'times new roman'; "><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Status quaestionis: Tanto quanto a Psicologia, também a Espiritualidade, como ciência e florescimento da vida, pensa no ser humano como destinatário privilegiado e possível casa da felicidade. Seu quartinho especial chama-se coração. <br />Grandes Mestres Espirituais sempre se fizeram sensíveis a essa profunda aspiração do cora-ção humano: ser feliz. Esmeraram-se em refletir sobre ela, em definir-lhe a natureza, denunciando possíveis engodos, que chamaram de tentações, e propondo comportamentos pertinentes, que chamaram de virtudes, à sua realização.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na Espiritualidade concentra-se o que de melhor conhecemos da sabedoria humana. De Jesus, seu mais ínclito expoente, diz-se que foi a encarnação e revelação da sabedoria de Deus. Nele se deram as mãos duas realidades, a saber: o paraíso perdido, que ele reabriu com seu sangue, e as promessas do Reino dos Céus, que ele anunciou com palavras e con-firmou com milagres.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Se, em Jesus, a vida espiritual conheceu sua mais excelente expressão, não deixou, igualmente, de brilhar em grandes e conhecidos homens ou mulheres que criaram escolas de espiritualidade e em pessoas simples e anônimas que foram e são, indiscutivelmente, mestras da arte de viver espiritualmente.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É escusado admitir que há muitas Espiritualidades, além da cristã. Todas elas, enquanto humanas, são legitimamente sadias e caminhos a serem seguidos e perseguidos com denodo e segurança.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como pessoas, estamos abertos, na admiração, a todas experiências espirituais. Não é pre-ciso ser cristão para dizer que se deve rezar sem neuroses, morrer sem desespero e não cul-par Deus pelo que nos acontece. Não é também preciso ser cristão para saber o quanto é bom perdoar, corrigir o que está errado e não idolatrar o diabo.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como cristãos, encareceremos, com alegria, a importância de alimentar os sentimentos de Cristo, almejando o ideal duma santidade sem rabugices e refletindo sobre os dolorosos e beatificantes caminhos de crer na Palavra de Deus, sem parcimônia e de olhos fechados.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não dá para ter espiritualidade cristã sem ter em Cristo o mestre de nosso itinerário espiritual, sem ter fé em suas palavras ou nos destinos humanos a quem ele serviu e exaltou, sem fazer ascese por amor a ele e ao seu Reino. Quando alguém, conscientemente, se entrega ao itinerário do crescimento espiritual, mudam-se seus horizontes e aprofundam-se seus compromissos com o que lhe é superior.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A verdadeira Espiritualidade, assim como a boa Psicologia, tem, no fundo, um discurso que aponta para o paraíso perdido e apresenta propostas e caminhos de felicidade. Uma Espiritualidade que não conhecesse o endereço da Casa da Felicidade, mas teimasse em entristecer as pessoas, seria falsa.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Estou convencido que a pior estupidez humana é a da guerra que mata a vida e que o supremo bem da vida é a paz. É isto o que prega a Espiritualidade dos grandes mestres: que vivamos em paz, que nos amemos como irmãos e que, em paz, honremos o santo nome de Deus. Sem paz não dá para ajoelhar-se numa igreja nem fazer a festa da vida. Hoje, como sempre, os sonhos do amor procuram o endereço da casa da Paz. E só com paz no coração é possível ter espiritualidade e ser espiritual.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">1. Ter espiritualidade e ser espiritual<br />As Igrejas, em geral, falam muito da Espiritualidade e todas as religiões oferecem a seus seguidores um itinerário de vida espiritual. Bastaria lembrar Buda, Confúcio, Moisés, Maomé, Jesus, para lembrar que há muitas Espiritualidades e muitos modos de ser espiritu-al, pensando, entendendo e vivendo a vida. Todos propõem o mesmo ideal: chegar a uma plenitude. Os caminhos, no entanto, são bastante diversos.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O grande teólogo e místico franciscano, São Boaventura, escreveu, no século XIII, um be-líssimo livro sobre a experiência de Deus, intitulado Itinerarium Mentis in Deum (Itinerário da Mente para Deus). A Editora VOZES publicou, na coleção "Herança Espiritual da Humanidade", alguns excelentes estudos que seriam de grande proveito para os interessados em Espiritualidade: Budismo, de Dennis Gira, Islamismo, de Jacques Jomier, Espiritualidade Cristã, de Jesús Espeja e Peregrinos Russos e Andarilhos Místicos, de Mi-chel Evdokimov. Aliás, uma das conseqüências da agitada e estressante vida moderna parece ser a do reflorescimento de uma vida espiritual mais intensa.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Mas antes de olhar para os livros, talvez seja útil à pessoa contemplar e entender seu próprio mistério ou complexidade, formada de corpo e espírito. Pesada por ser corpo e com raízes para não perder a identidade, ela é também leve e rica por ter espírito e asas para insuspeitados vôos, que a fazem sofrida e altaneira diante das pulsões instintivas do bicho que vive dentro dela.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Um e outro, corpo e espírito, somos nós. Não somos só corpo nem só espírito. Somos os dois somados, interligados, interdependentes, fusionados e amalgamados, em permanente comunhão e conflito, no qual o corpo se faz sempre mais exigente e nunca satisfeito e o espírito luta para não soçobrar no desafio de compor com o irmão corpo, sem desequilíbrios, esta difícil unidade.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A espiritualidade tem tudo a ver com esta complexa convivência entre corpo e espírito que, quando não consegue ser integrada, nos torna complicados. A pessoa humana não é um corpo desespiritualizado nem um espírito desencarnado. O modo como trabalhamos esta dualidade, rica e trágica, complexa e difícil de ser integrada, é que, finalmente, definirá nossa espiritualidade.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ser simplesmente gente já é uma experiência espiritual. Os anjos também são espirituais, mas de outro jeito. O nosso jeito é humano, com corpo e alma, com matéria e espírito, com definições problemáticas e sentimentos desencontrados, com tempo que se esvai e eternida-de que nos assusta. A espiritualidade, por isso, que tem no espírito seu princípio de qualifi-cação, expressa-se eloqüentemente no corpo e somos espirituais na totalidade do nosso ser, por dentro e por fora, no corpo e no espírito, com um e outro.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A força espiritual de uma pessoa se mede pelo grau de intensidade com que faz algo ou como vive os ideais e suas relações. Quanto mais a pessoa se entrega, de corpo e alma, a alguma coisa, ação ou pessoa, mais espiritual ela o é. É muito espiritual, por conseguinte, quem é muito intenso e pouco espiritual quem é melancolicamente superficial.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Alguém pode ser muito espiritual quando trabalha, faz esporte, convive em família ou vai a uma igreja. Pode também ser minimamente espiritual quando reza, come ou faz amor. Bem entendido, um ato sexual pode ser mais espiritual do que a participação em uma procissão, quando o primeiro é feito com corpo e alma e a segunda, só com o corpo e sem alma. Que não haja dúvidas: a caraterística principal da espiritualidade é a intensidade com que se faz o bem, pouco importando que bem, materialmente, se faça.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ressaltemos, no entanto, que não basta apenas intensidade desregrada de aplicação, que um animal e um bandido também podem ter. Faz-se necessário também retidão justa de inten-ção, que ocorre quando o espírito comanda e coordena o processo de busca do bem deseja-do. Não se pode, por isso, dizer que um animal, na caça de sua presa, ou um malvivente, em suas ações criminosas, sejam espirituais. Para o animal, faltar-lhe-ia espírito; para o bandi-do, correção de intenção e integração de suas forças. O primeiro é só animal em estado puro e instinto, enquanto o segundo é pouco espírito e muito animal em estado desintegrado e desumano.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A vida, em suas múltiplas facetas, será sempre a fonte primária para a espiritualidade. A inspiração poderá vir da paz e da alegria, da vida e da morte, do trabalho e da dor, da artes e dos esportes, da cidadania e do poder, do amor e do lazer, da terra, da natureza e de Deus.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Por sermos gente, todos somos espirituais, ou temos espiritualidade. Santos ou bandidos, piedosos seres eclesiais ou pecadores penitentes ou reincidentes, ninguém deixa de ser espi-ritual. Uns são mais, outros menos, uns de uma forma, outros de outra, mas espiritualidade todos têm porque todos são seres humanos. Na verdade, a experiência nos diz que uns são mais gente do que outros. É pois segundo este mais ou menos que somos mais ou menos espirituais.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Para ser profundamente espiritual não é preciso ser religioso. Bom seria que pessoas de confissão religiosa fossem também luminosamente espirituais, mas não é isto o que sempre se vê na prática. É bastante freqüente a confusão que se faz entre Espiritualidade e Religião. Diz-se, por exemplo, que determinada pessoa é muito espiritual porque tem muita religião. Pode ser um equívoco. Dentro das Igrejas cultiva-se uma religião que não transforma, sem mais, pessoas religiosas em seres espirituais. Não será, por isso, injustiça afirmar que, nas Igrejas, muitas vezes, temos pessoas com muita religião e pouca espiritualidade e, fora de-las, pessoas sem nenhuma religião, mas com muita espiritualidade.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Para os cristãos, a fonte, o caminho de vida, o critério e o alimento da espiritualidade são o Cristo da ressurreição e a história de Jesus. Quem segue esta espiritualidade deveria ser uma expressão intensa de Cristo, ecoando seus sentimentos e caráter. Ele é a cor da paixão dos cristãos pela vida, pelos pobres, doentes e pecadores, pelos perdidos e marginalizados, pelos que não têm pai e mãe, pelos que vivem separados pelos muros das mais várias se-gregações. A cor de Cristo é a da misericórdia e do perdão, da compaixão e da ternura, da consagração a Deus e da ousadia da santidade. É também a cor que abraça a ovelhinha transviada, a cor da beleza arrependida da pecadora pública, a cor da simplicidade cativante da vida, a cor da graça de ter irmãos, a cor da alegria de comer, de pescar e de viver. Tudo isto, somado à sua determinação pelo Reino de Deus, é a cor da verdadeira espiritualidade cristã.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Com vergonha, podemos confessar que estamos longe disso, mas sem esquecer que a espi-ritualidade é um processo longo e doloroso e, mais do que um dado, é um caminho de espi-ritualização. Não somos espiritualmente redondos, acabados. Muito lentamente, vamos nos fazendo mais espirituais e cristãos, na medida em que vamos nos tornando mais plenamente humanos à luz de Cristo e em seu seguimento.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">"A glória de Deus, afirmou Santo Irineu (+202), é a pessoa plenamente viva". Ninguém se sente assim, mas podemos chegar lá. O que não podemos é abdicar da tarefa de fazer flo-rescer, de modo harmonioso, a graça da vida ou o nosso jeito humano de ser.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; color: rgb(0, 0, 0); text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">Frei Neylor J. Tonin</span><br /></p></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-90454812490336103632009-03-05T21:31:00.001-03:002009-03-05T21:34:17.892-03:00Sobre a graça de ter fé<span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 102, 102); font-family: 'times new roman'; "><h3 style="text-align: justify; font-family: 'Trebuchet MS'; font-size: 16px; "><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial; font-size: 12px; font-weight: normal; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Queridos amigos, gostaria de levantar, hoje, a voz para agradecer a Deus a graça de ter fé. Nós cremos porque Deus nos deu a graça de crer nEle. Ninguém chega a fé por um ato de vontade. Um ateu, por exemplo, não pode acordar de manhã cedo, dizendo: “Hoje, vou começar a acreditar, a ter fé em Deus”. Não é assim que, normalmente, começa, na vida das pessoas, a experiência da fé em Deus. O caminho normal para a fé é outro. Em geral, uma pessoa crê porque outras pessoas, de sua convivência, também crêem, assim como há os que deixam de crer porque, ao contacto com pessoas que crêem, se sentem desestimuladas e... descrentes. O testemunho que elas dão é tão negativo que a fé acaba lhes parecendo uma experiência pouco animadora. Costuma-se dizer que a fé é uma chama, tenra e luminosa, que se alimenta ao contacto com a chama da comunidade dos crentes. Por esta razão, é tão importante a celebração da fé nos cultos das Igrejas. Ali, fala-se da fé, canta-se e alimenta-se a fé, ali a fé cresce e se purifica, torna-se mais luminosa e aconchegante.</span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><br /></span></h3><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A fé é, essencialmente, uma experiência: uma experiência de Deus. E é Deus quem no-la concede. No-la concede através de nossos pais, da comunidade dos fiéis, do encontro com uma grande figura que, sem medo, vivenciou a fé. Um mártir, por exemplo, um santo ou uma pessoa que qualquer em quem reconhecemos a força e a beleza da fé.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Poderíamos nos perguntar se é fácil ter fé e crer. A resposta seria: é e... não é. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É fácil crer</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> quando nos sentimos bem, quando a vida transcorre normalmente, quando parece que Deus está próximo, cobrindo-nos com suas bênçãos. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É fácil crer</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> quando rezamos e cantamos em nossas Igrejas, quando os padres e pastores parecem ser homens de Deus, desapegados das coisas da vida, quando não fazem do dinheiro a principal preocupação de sua pastoral. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">É fácil crer</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> quando nossa oração parece ser atendida, quando pedimos e recebemos, quando a Palavra de Deus nos enriquece e alimenta. Por outro lado, devemos admitir que, também, não é fácil crer. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não é fácil crer</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> quando as nuvens tenebrosas das dúvidas parecem cobrir nossa vida. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não é fácil crer</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> quando escândalos abalam nossas Igrejas, quando somos cobrados, aparentemente, para além de nossas forças. </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Não é fácil crer</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> quando a doença bate à nossa porta, quando a morte nos arrebata uma pessoa querida, quando rezamos e Deus parece não responder, fazendo-se surdo, às nossas orações.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O que fazer, então, em tais circunstâncias? Os Mestres Espirituais aconselham, então, duas coisas: 1a.) Não desanimar. Não duvidar de Deus. Não entrar em desespero. 2a.) Continuar rezando como se nada estivesse de trágico acontecendo. É, então, dizem eles, que mais devemos rezar e acreditar. Eles argumentam que Deus não pode abandonar os que nEle crêem, porque Deus é fiel à Sua palavra e promessas. E a palavra de Cristo é clara: “Quem me segue não andará em trevas”, não se perderá. “Eu estarei convosco até o fim”, em todas as situações. “Eu sou o vosso pastor e vos conduzirei a pastagens verdejantes”. Este é o discurso de Deus em nosso Senhor, Jesus Cristo.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">De Deus, não podemos duvidar em nenhuma hipótese, por nenhuma razão, porque suas palavras são eternas e seu amor é sem limites. Para que não duvidássemos de seu amor infatigável e inegável, Ele não duvidou em dar a vida de seu próprio Filho. Quem de nós seria capaz de um tal gesto? Deus o foi. Os Mestres da Espiritualidade afirmam que esta é a maior prova do amor de Deus por nós. Podemos sentir-nos abandonados e derrotados, mas Deus não nos abandonará nem seremos derrotados por nada deste mundo, uma vez que Deus, além de amar-nos apaixonadamente, é senhor da vida e da morte.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Querido amigo, nunca duvide de Deus, de seu amor por você e de seu poder! Quando as trevas cobrirem momentaneamente sua vida, quando suas orações parecem cair no vazio e não obterem resposta, continue de joelhos diante de Deus, crendo nEle, inabalavelmente! Deus continua sendo seu Pai e amando-o entranhadamente. Sua mão, possivelmente, o estará, então, conduzindo para o deserto, para falar-lhe mais intimamente ao seu coração. Em Sua divina providência, Ele o estará conduzindo para a Terra Prometida, onde corre leite e mel. Hoje, você poderá estar experimentando a secura da areia em seus lábios. Amanhã, será a aurora de um novo dia, de um lindo novo dia.</span></p><p style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; text-align: justify; text-indent: 25px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'times new roman'; font-size: 11px; font-style: italic; font-weight: bold; line-height: normal; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">Frei Neylor J. Tonin</span></span><br /></span></p></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-86795512741131554282009-02-22T15:36:00.000-03:002009-02-22T15:38:26.348-03:00Circular 2009 - Pedro Casaldáliga<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; color: rgb(0, 0, 255); font-family: Verdana; font-size: 18px; "><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">O cardeal Carlo Maria Martini, jesuíta, biblista, arcebispo que foi de Milão e colega meu de Parkinson, é um eclesiástico de diálogo, de acolhida, de renovação a fundo, tanto na Igreja como na Sociedade. Em seu livro de confidências e confissões </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Colóquios noturnos em Jerusalém</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, declara: «Antes eu tinha sonhos acerca da Igreja. Sonhava com uma Igreja que percorre seu caminho na pobreza e na humildade, que não depende dos poderes deste mundo; na qual se extirpasse de raiz a desconfiança; que desse espaço às pessoas que pensem com mais amplidão; que desse ânimos, especialmente, àqueles que se sentem pequenos o pecadores. Sonhava com uma Igreja jovem. Hoje não tenho mais esses sonhos». Esta afirmação categórica de Martini não é, não pode ser, uma declaração de fracasso, de decepção eclesial, de renúncia à utopia. Martini continua sonhando nada menos que com o Reino, que é a utopia das utopias, um sonho do próprio Deus.</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ele e milhões de pessoas na Igreja sonhamos com a «outra Igreja possível», ao serviço do «outro Mundo possível». E o cardeal Martini é uma boa testemunha e um bom guia nesse caminho alternativo; o tem demonstrado.</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Tanto na Igreja (na Igreja de Jesus que são várias Igrejas) como na Sociedade (que são vários povos, várias culturas, vários processos históricos) hoje mais do que nunca devemos radicalizar na procura da justiça e da paz, da dignidade humana e da igualdade na alteridade, do verdadeiro progresso dentro da ecologia profunda. E, como diz Bobbio, «é preciso instalar a liberdade no coração mesmo da igualdade»; hoje com uma visão e uma ação estritamente mundiais. É a outra globalização, a que reivindicam nossos pensadores, nossos militantes, nossos mártires, nossos famintos...</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">A grande crise econômica atual é uma crise global de Humanidade que não se resolverá com nenhum tipo de capitalismo, porque não é possível um capitalismo humano; o capitalismo continua a ser homicida, ecocida, suicida. Não há modo de servir simultaneamente ao deus dos bancos e ao Deus da Vida, conjugar a prepotência e a usura com a convivência fraterna. A questão axial é: Trata-se de salvar o Sistema ou se trata de salvar à Humanidade? A grandes crises, grandes oportunidades. No idioma chinês a palavra </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">crise</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">se desdobra em dois sentidos: crise como</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">perigo, </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">crise como </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">oportunidade.</span></i></span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Na campanha eleitoral dos EUA se arvorou repetidamente «o sonho de Luther King», querendo atualizar esse sonho; e, por ocasião dos 50 anos da convocatória do Vaticano II, tem-se recordado, com saudade, o</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre.</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio, 40 Padres Conciliares celebraram a Eucaristia nas catacumbas romanas de Domitila, e firmaram o</span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pacto das Catacumbas. </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos celebrando neste ano, era um dos principais animadores do grupo profético. O </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pacto </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">em seus 13 pontos insiste na pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos, sem privilégios e sem ostentações mundanas; insiste na colegialidade e na corresponsabilidade da Igreja como Povo de Deus e na abertura ao mundo e na acolhida fraterna.</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Hoje, nós, na convulsa conjuntura atual, professamos a vigência de muitos sonhos, sociais, políticos, eclesiais, aos quais de jeito nenhum modo podemos renunciar. Seguimos rechaçando o capitalismo neoliberal, o neoimperialismo do dinheiro e das armas, uma economia de mercado e de consumismo que sepulta na pobreza e na fome a uma grande maioria da Humanidade. E seguiremos rechaçando toda discriminação por motivos de gênero, de cultura, de raça. Exigimos a transformação substancial dos organismos mundiais (a ONU, o FMI, o Banco Mundial, a OMC...). Comprometemo-nos a vivermos uma «ecologia profunda e integral», propiciando uma política agrária-agrícola alternativa à política depredadora do latifúndio, da monocultura, do agrotóxico. Participaremos nas transformações sociais, políticas e econômicas, para uma democracia de «alta intensidade».</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Como Igreja queremos viver, à luz do Evangelho, a paixão obsessiva de Jesus, o Reino. Queremos ser Igreja da opção pelos pobres, comunidade ecumênica e macroecumênica também. O Deus em quem acreditamos, o Abbá de Jesus, não pode ser de jeito nenhum causa de fundamentalismos, de exclusões, de inclusões absorventes, de orgulho proselitista. Chega de fazermos do </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">nosso </span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Deus o único Deus verdadeiro. «Meu Deus, me deixa ver a Deus?». Com todo respeito pela opinião do Papa Bento XVI, o diálogo interreligioso não somente é possível, é necessário. Faremos da corresponsabilidade eclesial a expressão legítima de uma fé adulta. Exigiremos, corrigindo séculos de descriminação, a plena igualdade da mulher na vida e nos ministérios da Igreja. Estimularemos a liberdade e o serviço reconhecido de nossos teólogos e teólogas. A Igreja será uma rede de comunidades orantes, servidoras, proféticas, testemunhas da Boa Nova: uma Boa Nova de vida, de liberdade, de comunhão feliz. Uma Boa Nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternura, samaritana à beira de todos os caminhos da Humanidade. Seguiremos fazendo que se viva na prática eclesial a advertência de Jesus: «Não será assim entre vocês» (Mt 21,26). Seja a autoridade serviço. O Vaticano deixará de ser Estado e o Papa não será mais chefe de Estado. A Cúria terá de ser profundamente reformada e as Igrejas locais cultivarão a inculturação do Evangelho e a ministerialidade compartilhada. A Igreja se comprometerá, sem medo, sem evasões, com as grandes causas de justiça e da paz, dos direitos humanos e da igualdade reconhecida de todos os povos. Será profecia de anuncio, de denúncia, de consolação. A política vivida por todos os cristãos e cristãs será aquela «expressão mais alta do amor fraterno» (Pio XI).</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Nós nos negamos a renunciar a estes sonhos mesmo quando possam parecer quimera. «Ainda cantamos, ainda sonhamos». Nós nos atemos à palavra de Jesus: «Fogo vim trazer à Terra; e que mais posso querer senão que arda» (Lc 12,49). Com humildade e coragem, no seguimento de Jesus, tentaremos viver estes sonhos no dia a dia de nossas vidas. Seguirá havendo crises e a Humanidade, com suas religiões e suas Igrejas, seguirá sendo santa e pecadora. Mas não faltarão as campanhas universais de solidariedade, os Foros Sociais, as Vias Campesinas, os movimentos populares, as conquistas dos Sem Terra, os pactos ecológicos, os caminhos alternativos da Nossa América, as Comunidades Eclesiais de Base, os processos de reconciliação entre o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Shalom</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> e o </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Salam</span></i><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">, as vitórias indígenas e afro y, em todo o caso, mais uma vez e sempre, «eu me atenho ao dito: a Esperança».</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span style="font-family:Calibri;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Cada um e cada uma a quem possa chegar esta circular fraterna, em comunhão de fé religiosa ou de paixão humana, receba um abraço do tamanho destes sonhos. Os velhos ainda temos visões, diz a Bíblia (Jl 3,1). Li nestes dias esta definição: «A velhice é uma espécie de postguerra»; não precisamente de claudicação. O Parkinson é apenas um percalço do caminho e seguimos Reino adentro.</span></span></span></p><p align="justify" bg style="text-indent: 36pt; color:#ffffff;"><span style="font-size: 10.5pt; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"><span style="font-family:Calibri;"></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></p><span style="color:#000080;"><p align="right" bgcolor="#ffffff" style="text-align: left; "></p><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0); font-family: Calibri; font-size: 14px; ">Pedro Casaldáliga</span><br /></div><span style="font-size: 10.5pt; "><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0); font-family: Calibri; ">Circular 2009</span><br /></div></span><p></p></span></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8805841193371986095.post-55593489060445793582009-02-20T11:18:00.002-03:002009-02-20T11:23:56.665-03:00Saudades de Deus<span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; -webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; font-family:Arial;font-size:13px;"><div style="text-align: justify;display: block; "><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; "><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">Rev. Frei Yuri, CJ, OASF</span> <span style="font-size:130%;"></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"> <span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Ontem, ouvi uma bela música que me chamou a atenção. Ela dizia de alguém que sentia saudades de Deus, fazendo uma alusão ao texto de Agostinho de Hipona, do livro </span><em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Confissões.</span></em><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> A música era suave como o sentimento que me tomou ao escutá-la. Sentir saudades de Deus á algo profundo demais pra gente não se emocionar ao pensar sobre isso.</span></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Sentimos saudades de quem está longe de nós. Ou porque nós fomos para outro lugar ou porque a outra pessoa é quem saiu de perto de nós. Quem tem saudades de Deus, com certeza, foi quem se distanciou do Pai. Deus não se afasta de nós, mas está sempre a esperar que abramos a porta de nossas almas feridas ou intempestivas. No Apocalipse 3,19, O Senhor garante que está à porta e, ainda por cima, bate. É opção nossa abrir ou não as portas para Ele entrar. Deus nos deixa ser livres para escolher sentir alegria, tristeza, solidão ou saudade. Ele é Justo o suficiente para deixar que o ser humano escolha sair de Sua presença. Porém, o Pai não desiste e espera à porta.</span></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> Já senti saudades de Deus na minha vida algumas vezes e não sabia que se tratava desse sentimento. As pessoas dão tantos nomes que a gente acredita: depressão, síndrome de alguma coisa, virose e até maldição. Acredito que tudo se resumiria em ausência de Deus no coração e na vida. No dia em que eu passei a perceber que minha única felicidade plena só estava no Senhor, minha vida mudou. Sinto ainda saudades de Deus, mas não é uma saudade de ausência, mas é uma vontade de Infinito imensa.</span></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> É um desejo que me toma e me faz querer sempre me ocupar das coisas do senhor, pregando a Palavra ou estando com o povo. O povo manifesta Deus pra gente. Sinta isso!</span></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> A música, citando Agostinho, dizia: "Tarde te amei, oh Beleza tão antiga e tão nova...".E nós? Quão tarde teremos que esperar para amar a Deus e ver sua beleza de forma tão sincera? Precisamos sentir saudades de Deus sim! Mesmo estando sempre com Ele! Saudades d´Ele todos os dias, em todos os momentos de nossa existência. Saudade de viver na presença d´Ele, sentindo suas Mãos Santas em nossos ombros cansados...</span></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Desejo sucesso a todos!</span></span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);"> </span></span></div><div style="text-align: justify;display: block; "><span><span style="font-size:130%;"><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(102, 0, 0);">Pax et bonum!</span></span></span></div></span></div></span>Holly Celtic Churchhttp://www.blogger.com/profile/02450632786101209019noreply@blogger.com0