Franciscanismo

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Judas, o grande equivocado

Muitos colocam Judas como o grande traidor de Cristo, no entanto, vejo sua traição como um grande equívoco acima de tudo. Judas, como as pesquisas mostram, foi um Zelote, também conhecidos como sicários. Grupo revolucionário fundamentalista que acreditava que o Messias viria liderar o povo Hebreu contra o jugo de Roma. Acreditavam num Messias guerreiro que de arma em punho destruiria os inimigos de Israel iniciando um reinado de paz.
A revolução de Jesus, no entanto, era outra: a revolução do amor! Foi muito difícil para Judas entender e seguir um mestre que curou o servo de um centurião romano, que disse para darmos a César o que é de César e que pregava o perdão das ofensas e o amor aos inimigos. No contexto de opressão em que vivia o povo hebreu, cujo jugo Romano beirava o insustentável, entender tal proposta de vida e de fé, realmente era algo muito difícil para uma pessoa da estirpe de Judas.

A medida que os acontecimentos vão se desenrolando, Yeshoua não corresponde mais a sua expectativa. Judas tem a impressão de ter sido “traído”: o Messias não toma o poder e nem lhe dá poder. A injustiça, a miséria, a violência continuam a reinar no país. Não o reino de Deus que se aproxima, ainda estamos no reino de César...Um homem desiludido é um homem perigoso. Um homem traído só pode tornar-se um traidor.
(Jean-Yves Leloup, Judas e Jesus, Editora Vozes, 2007, página 162)

Sentido-se traído por ter se equivocado sobre a real finalidade do Messias, Judas entregou Jesus. Pensava: “se for ele o Messias, preso, fará sinais que colocará todo o Sinédrio de joelhos e libertará o nosso povo da opressão romana.” Mas Jesus, se deixou prender e aceitou a sua cruz como ninguém. Veio o remorso, a percepção do grande erro cometido.

3.Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido e foi devolver as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos,4.dizendo: “Pequei, entregando à morte um inocente”. Eles responderam: “Que temos nós com isso? O problema é teu”.5.E ele jogou as moedas no Santuário, saiu e foi se enforcar.
(Mateus,27:3-5)

Judas, diante da certeza do erro cometido, buscou refúgio naquele que era o seu maior referencial de fé: O templo. Assim como Pedro, Judas passou pelo remorso de ter traído seu Mestre. Não buscou os onze apóstolos, talvez pela vergonha de encará-los após tamanha traição. No entanto, como um homem de fé, buscou no templo de Jerusalém o seu refúgio, o seu repouso. “O que temos nós com isso? O problema é teu.” Essa foi a resposta que aquele homem atônito e arrependido ouviu dos representantes da fé. Desesperado e se sentido usado, não sabendo a quem recorrer e carcomido pelo remorso, cometeu o desatino de se suicidar.

Muitas vezes, simplesmente acusamos Judas de traidor, sem levar em conta as circunstâncias em que tudo aconteceu. E deixamos de perceber o grande mal que causamos quando deixamos de acolher nossos irmãos e irmãs, preferindo acusar, usar de maledicência e como os membros do sinédrio simplesmente dizer: “O que temos nós com isso? O problema é teu.”

Dom Theófilo Leo HFC (csr)