Franciscanismo

Total de visualizações de página

Pesquisar este blog

quinta-feira, 5 de março de 2009

Sobre a graça de ter fé

Queridos amigos, gostaria de levantar, hoje, a voz para agradecer a Deus a graça de ter fé. Nós cremos porque Deus nos deu a graça de crer nEle. Ninguém chega a fé por um ato de vontade. Um ateu, por exemplo, não pode acordar de manhã cedo, dizendo: “Hoje, vou começar a acreditar, a ter fé em Deus”. Não é assim que, normalmente, começa, na vida das pessoas, a experiência da fé em Deus. O caminho normal para a fé é outro. Em geral, uma pessoa crê porque outras pessoas, de sua convivência, também crêem, assim como há os que deixam de crer porque, ao contacto com pessoas que crêem, se sentem desestimuladas e... descrentes. O testemunho que elas dão é tão negativo que a fé acaba lhes parecendo uma experiência pouco animadora. Costuma-se dizer que a fé é uma chama, tenra e luminosa, que se alimenta ao contacto com a chama da comunidade dos crentes. Por esta razão, é tão importante a celebração da fé nos cultos das Igrejas. Ali, fala-se da fé, canta-se e alimenta-se a fé, ali a fé cresce e se purifica, torna-se mais luminosa e aconchegante.

A fé é, essencialmente, uma experiência: uma experiência de Deus. E é Deus quem no-la concede. No-la concede através de nossos pais, da comunidade dos fiéis, do encontro com uma grande figura que, sem medo, vivenciou a fé. Um mártir, por exemplo, um santo ou uma pessoa que qualquer em quem reconhecemos a força e a beleza da fé.

Poderíamos nos perguntar se é fácil ter fé e crer. A resposta seria: é e... não é. É fácil crer quando nos sentimos bem, quando a vida transcorre normalmente, quando parece que Deus está próximo, cobrindo-nos com suas bênçãos. É fácil crer quando rezamos e cantamos em nossas Igrejas, quando os padres e pastores parecem ser homens de Deus, desapegados das coisas da vida, quando não fazem do dinheiro a principal preocupação de sua pastoral. É fácil crer quando nossa oração parece ser atendida, quando pedimos e recebemos, quando a Palavra de Deus nos enriquece e alimenta. Por outro lado, devemos admitir que, também, não é fácil crer. Não é fácil crer quando as nuvens tenebrosas das dúvidas parecem cobrir nossa vida. Não é fácil crer quando escândalos abalam nossas Igrejas, quando somos cobrados, aparentemente, para além de nossas forças. Não é fácil crer quando a doença bate à nossa porta, quando a morte nos arrebata uma pessoa querida, quando rezamos e Deus parece não responder, fazendo-se surdo, às nossas orações.

O que fazer, então, em tais circunstâncias? Os Mestres Espirituais aconselham, então, duas coisas: 1a.) Não desanimar. Não duvidar de Deus. Não entrar em desespero. 2a.) Continuar rezando como se nada estivesse de trágico acontecendo. É, então, dizem eles, que mais devemos rezar e acreditar. Eles argumentam que Deus não pode abandonar os que nEle crêem, porque Deus é fiel à Sua palavra e promessas. E a palavra de Cristo é clara: “Quem me segue não andará em trevas”, não se perderá. “Eu estarei convosco até o fim”, em todas as situações. “Eu sou o vosso pastor e vos conduzirei a pastagens verdejantes”. Este é o discurso de Deus em nosso Senhor, Jesus Cristo.

De Deus, não podemos duvidar em nenhuma hipótese, por nenhuma razão, porque suas palavras são eternas e seu amor é sem limites. Para que não duvidássemos de seu amor infatigável e inegável, Ele não duvidou em dar a vida de seu próprio Filho. Quem de nós seria capaz de um tal gesto? Deus o foi. Os Mestres da Espiritualidade afirmam que esta é a maior prova do amor de Deus por nós. Podemos sentir-nos abandonados e derrotados, mas Deus não nos abandonará nem seremos derrotados por nada deste mundo, uma vez que Deus, além de amar-nos apaixonadamente, é senhor da vida e da morte.

Querido amigo, nunca duvide de Deus, de seu amor por você e de seu poder! Quando as trevas cobrirem momentaneamente sua vida, quando suas orações parecem cair no vazio e não obterem resposta, continue de joelhos diante de Deus, crendo nEle, inabalavelmente! Deus continua sendo seu Pai e amando-o entranhadamente. Sua mão, possivelmente, o estará, então, conduzindo para o deserto, para falar-lhe mais intimamente ao seu coração. Em Sua divina providência, Ele o estará conduzindo para a Terra Prometida, onde corre leite e mel. Hoje, você poderá estar experimentando a secura da areia em seus lábios. Amanhã, será a aurora de um novo dia, de um lindo novo dia.

Frei Neylor J. Tonin

Nenhum comentário: