Franciscanismo

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Uma Reflexão

OLHOS ATENTOS

Recentemente tive uma experiência significativa no que tange ao carisma que vivo e forma de tê-lo me preenchendo cada vez mais e plenamente: numa Kombi de transporte alternativo aqui do Rio de Janeiro, no aperto e calor da estação mais amada pelos cariocas, me dirigia de Pedra de Guaratiba para Campo Grande. No banco da frente do salão do citado veículo, encontrava-se um homem mulato carregando em seu colo, com todo o carinho e alegria de pai, uma bela menininha de no máximo uns sete meses de vida. Aquela criança, com os olhos arregalados, observava-nos com toda a sinceridade e fragilidade infantis. Uma senhora, sentada desconfortavelmente ao meu lado, ao observar aqueles olhinhos atentos a tudo, num misto de carinho e desencanto disse: Olhem que olhos arregalados! É lindo o olhar de uma criança. Pena que, com o tempo, os nossos olhos vão perdendo o brilho e a sinceridade. Quando a gente fica adulto, tudo vai ficando mais frio, sem brilho e esperança. Todos, escutamos aquela análise triste do comportamento humano, feita por aquela mulher vivida e marcada pela idade e retomamos o nosso silêncio.
Aquele acontecimento aparentemente corriqueiro, me fez pensar profundamente sobre o sentido da fé e do carisma franciscano em tempos de individualismo exacerbado e correria desmedida. Comecei a perceber que a grande tarefa de nós franciscanos é justamente não permitir que os olhos alheios percam o brilho inicial e o calor dos que tem fé. Ser franciscano, não é se digladiar com convicções divergentes, nem tentar impor a bandeira do evangelho sobre terras devastadas por argumentos irrefutáveis. Não! Não é esse o nosso chamado. Somos direcionados aos olhos do outro, para neles reacender a chama da esperança e a alegria de viver. Queremos levar Jesus aos corações, mas não com verdades impostas. Queremos impregnar o mundo e as pessoas com a luz que brilha dos olhos de Cristo, que faz do olhar humano, um olhar atento, movendo mãos ao serviço e gerando lábios que sorriem esperançosos. Queremos ser a luz do mundo, mas o nosso viés não é o da razão absoluta que de absoluta nada tem. Queremos ser a luz dos olhos para o mundo, pois nos olhos do outro encontramos Jesus solicitando o nosso acolhimento e atenção. Queremos celebrar a Santa Eucaristia, não como um rito rotineiro e sem encanto. Queremos ver os responsos do povo. Não estranhe, pois é isso mesmo! Não mais nos contentamos em ouvir tais responsos e sim queremos vê-los, pois a voz que fala, muitas vezes mascara o brilho que desnuda a alma. Queremos, no “abraço da paz”, abraçar e aquecer o coração que se colocar diante de nós, fitando os seus olhos e sabendo o seu nome.
Minha bela e inesquecível criança, que vi naquele dia quente do Rio de janeiro, te prometo que não ficarei indiferente aos teus olhos e tudo farei para que eles não percam o seu brilho inicial. O brilho daqueles que são e sabem que são filhos muito amados de Deus.

Frei Sidney, CJ, OASF

Paz e Bem!

Rio, em 22 de janeiro de 2009

Um comentário:

Negri disse...

Frei Sidney gostaria de mais informaçõs sobre a ordem e como participar.
Meu e-1/2 é matheus.negri@hotail.com
fico no aguardo
Matheus